Deficiente visual, sanfoneira toca forró em Campina Grande
- Lenildo Ferreira
- Direto de Campina Grande
A noite da última segunda-feira (4), foi de público pequeno e sem atrações no palco principal do São João de Campina Grande. Portanto, o show ficou por conta dos trios de forró e da animação das palhoças. No salão de um destes bares, cerca de uma dezena de casais arrastou o pé ao som da zabumba, do triângulo e da sanfona do Trio Guerreiros do Forró.
Alguns nem perceberam, mas, sobre o pequeno palco, o trio que marcou o ritmo da dança tinha uma particularidade que o diferenciava dos demais que se apresentaram na quarta noite do Maior São João do Mundo. Aliás, não apenas uma, mas duas particularidades: O zabumbeiro e a sanfoneira são deficientes visuais.
O homem da zabumba não é de muita conversa, bem ao contrário da sanfoneira Marinélia, 37 anos. Ela, que nasceu cega, aprendeu a tocar sanfona de ouvido há vinte anos e há sete faz apresentações com trios de forró. "Peguei uma sanfona e comecei devagar. Sinceramente, não tive o menor problema para aprender", contou.A sanfoneira esbanjou simpatia e revelou que a paixão pela música só encontra concorrência no jornalismo. "Somos colegas. Também sou jornalista", avisou Marinélia à reportagem do Terra.
A paixão pela notícia ela aperfeiçoou nas salas de aula da Universidade Estadual da Paraíba. Já o amor pela sanfona, instrumento considerado difícil de se dominar, veio através da prática autodidata. "Sempre gostei de música, porque é comum o deficiente visual ter inclinação para a música. Sempre admirei Luiz Gonzaga, Três do Nordeste e achei que o forró estava em mim. Hoje, graças a Deus, tenho certeza disso", disse a instrumentista.