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Sem "Galo", Olinda abre Carnaval com agremiações antigas

23 fev 2017 - 23h03
(atualizado às 23h04)
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Foto: Marlon Costa / Futura Press

A tradição e a variedade do Carnaval olindense desfilaram nas ruas históricas, hoje (23), na abertura oficial do festejo. Pela primeira vez as agremiações mais antigas da cidade se reuniram em um único cortejo. O Galo da Madrugada, do Recife, também faria uma participação especial, mas um problema com os horários combinados com o grupo acabou por comprometer a aparição do bloco.

A primeira agremiação a desfilar foi a Troça Carnavalesca Mista Cariri Olindense, de 96 anos de idade, com a sua chave da cidade de Olinda. "Cariri já tem na sua origem a chave gigante que foi construída em 1921 por um funileiro que foi um dos fundadores, com a intenção justamente de abrir o carnaval às 4h da manhã", conta Josué Venceslau, diretor de honra do Cariri. Tradicionalmente ela é passada à troça pelo Homem da Meia Noite às 4h da manhã de domingo.

A sequência foi uma amostra da variedade de manifestações culturais de Pernambuco e de Olinda. Três papangus divertiam as pessoas fazendo graça e posando para fotos; os passistas do Cariri deram lugar aos dançarinos de frevo da Pitombeira dos Quatro Cantos, muitos adolescentes e crianças. As orquestras entoavam as canções clássicas do gênero enquanto o público arriscava um passo na calçada.

Foto: Marlon Costa / Futura Press

O estandarte da Troça Carnavalesca Ceroula de Olinda dançou em meio a homens fantasiados com grandes costas de penas e brilho, seguidos do centenário Maracatu Leão Coroado com a sua calunga coroada e do Maracatu de Baque Solto Piaba de Ouro, com seus caboclos de lança chacoalhando pelas ruas estreitas de paralelepípedo.

Turistas

Durante a tarde a festa era aproveitada sobretudo pelos moradores de Olinda, já que a cidade só enche de turistas carnavalescos a partir de sábado, mas alguns já começaram a festa mais cedo. A universitária Caroline Rodrigues Paié, 26 anos, moradora da cidade de São Paulo, curtiu um dia de Carnaval no ano passado e ficou com vontade de voltar.

"Estou aqui desde o dia 31 de janeiro, há mais de 20 dias", brinca. "Gosto que tudo é feito pelo povo. E o povo de todas as idades, as classes sociais participam, constroem as fantasias, a música, a cultura popular. Tudo isso é único".

Foto: Marlon Costa / Futura Press

Dar ao povo que faz o Carnaval a chance de abrir os festejos pelas ruas do sítio histórico foi uma questão importante para Clóvis Ferreira Barbosa, presidente da Escola de Samba Preto Velho. "Achei maravilhoso. Para quem faz carnaval sempre é bom participar da abertura. Não tinha como ser diferente. Junta o samba com o maracatu, afoxé, frevo, dá uma mistura bem massa da cultura olindense".

A festa continua noite adentro. O cortejo começou no Largo do Amparo e termina em frente à prefeitura de Olinda. Alceu Valença faz um show para encerrar a abertura. A previsão para o início do espetáculo é 22h30.

Galo não estreou

O primeiro ano de cortejo foi também de decepção para o Galo da Madrugada. Uma parte das agremiações começou a desfilar no horário divulgado, enquanto outras sairiam mais tarde do local da concentração. No caso do Galo, de acordo com o presidente do bloco, Rômulo Menezes, a prefeitura pediu que os integrantes chegassem às 16h, mas depois de duas horas de espera foram comunicados que a orquestra que os acompanharia só estaria presente às 20h.

Foto: Aldo Carneiro / Futura Press

Visivelmente nervoso, ele liderava o grupo pelo trajeto do cortejo sem nenhuma música. O trânsito também não foi fechado, o que fazia os integrantes terem que dividir espaço com carros e motos, já à noite. "Vamos passar lá (na sede da prefeitura, ponto final do cortejo), saudar o pessoal e ir embora. O Galo nunca foi tão maltratado. Uma coisa vergonhosa", disse o presidente.

A Agência Brasil tentou entrar em contato com a prefeitura de Olinda, mas até a publicação desta reportagem não houve resposta.

Agência Brasil Agência Brasil
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