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Descoberta em Pompeia joga luz sobre alimentação de escravos na Roma Antiga

Cativos podiam comer até melhor que trabalhadores livres

5 dez 2025 - 14h04
(atualizado às 14h26)
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Uma nova descoberta no sítio arqueológico de Pompeia, no sul da Itália, jogou luz sobre a alimentação dos escravos na antiga cidade romana, devastada por uma erupção do vulcão Vesúvio há quase 2 mil anos.

Escavações em uma casa na zona conhecida como Civita Giuliana, situada a 700 metros dos muros de Pompeia, revelaram a existência de ânforas com favas e um grande cesto de frutas, incluindo peras e maçãs, alimentos ricos em proteínas e vitaminas.

O achado reforça uma hipótese já presente em fontes antigas, que indica que os trabalhadores escravizados podiam se alimentar até melhor que seus congêneres livres, uma vez que eram considerados importantes instrumentos de produção pelos romanos. Dessa forma, precisavam ser mantidos em boa saúde.

As ânforas e o cesto foram encontrados em um dos cômodos do primeiro andar dos aposentos dos criados da casa, cujas escavações começaram em 2017. O alimento "extra" era um suplemento valioso para homens, mulheres e crianças que viviam em pequenas celas de 16 metros quadrados, cada uma com capacidade para até três camas.

Como os escravos eram considerados "ferramentas de produção", os romanos se certificavam de complementar sua dieta à base de grãos com alimentos ricos em vitaminas, como frutas, ou em proteínas, como favas, para manter seu valor, que podia chegar a vários milhares de sestércios, a moeda utilizada na época.

Local de onde ânforas e cesto foram encontrados

O depósito no primeiro andar provavelmente tinha um duplo propósito: proteger os alimentos contra ratos e garantir o racionamento e, consequentemente, o controle da quantidade que cada pessoa podia comer, também com base na sua função, sexo e idade.

O fato que chama atenção é que era possível que os escravos das mansões em Pompeia fossem mais bem alimentados do que muitos cidadãos formalmente livres, cujas famílias não tinham o mínimo necessário para sobreviver e que, por isso, eram obrigados a pedir esmolas às figuras eminentes da cidade.

"É em casos como este que o absurdo do antigo sistema escravagista se torna evidente", disse Gabriel Zuchtriegel, diretor do Parque Arqueológico de Pompeia e coautor do estudo sobre a Civita Giuliana.

"Os seres humanos eram tratados como ferramentas, como máquinas, mas a humanidade não pode ser apagada tão facilmente. Assim, a fronteira entre escravidão e liberdade estava constantemente perto de se desfazer. Respiramos o mesmo ar, comemos as mesmas coisas", acrescentou.

Segundo Zuchtriegel, isso explica por que autores da época, como Sêneca e São Paulo, pensavam que, em última análise, "somos todos escravos em um sentido ou outro, mas também podemos ser todos livres, ao menos em nossas almas".

Coberta por lava e cinzas em uma erupção do Vesúvio no ano 79 e redescoberta no século 18, Pompeia é hoje uma das principais atrações turísticas da Itália, atraindo viajantes curiosos para ver de perto os moldes de corpos de vítimas da tragédia e descobrir mais sobre a vida na Roma Antiga.

Ansa - Brasil
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