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'Brazilian Aesthetic': a cara da favelas brasileiras ditam a moda

Marquinha de biquíni de fita, chinelos brancos, camisa de time, cabelo na régua e outros símbolos de favelas representam a estética nacional

7 dez 2022 - 05h00
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Foto: Reprodução

Elementos que compõe o imaginário social do que é tipicamente periférico e que na maioria das vezes são estigmatizados, vem se tornando um tipo de movimento de moda e nas redes socais, que permeia as elites nacionais e é amplamente divulgado no exterior.  Mas o estilo vileiro, mandrake, chavoso, hip-hop e o mais recente: “BrasilCore” sempre tiveram significados diferentes para dentro da favela e para fora das comunidades.

Thiagson, funkeiro, professor de música, doutorando pela USP, compositor e escritor, explica o significado da palavra estética e como ela é vivida nas favelas do Brasil.

“A palavra "estética" significa “sensação”, por isso existe a palavra "anestesia". Uma substância usada para não sentir a sensação da dor, a estesia da dor. Estesia é sensação, estesia é de onde veio a palavra "estética". Esta palavra é a principal no mundo das artes. Ou seja, percebemos a Arte através das sensações. Falar em estética periférica significa falar em como as periferias sentem a arte.” Explica o professor.

O jovem Henrique Santos, morador da Vila Nova Tiradentes, em Curitiba se identifica com o estilo periférico e se considera muito “chave no estilo”. E entende que o estilo de roupas que ele usa causa diferentes sensações conforme os locais frequentados por ele.

“Chavoso vem de chave, para nós da vila, alguém com estilo “chavoso” é aquele que vem para resolver problemas mesmo, para se divertir, agora para os playboys é chave de cadeia, porque para eles tudo que vem da periferia é problema mesmo. ” Afirma Henrique.

O jovem ainda afirma que não são só roupas ou ouvir um estilo musical, é uma atitude vida e uma maneira de ocupar o mundo.

De acordo professor Thiagson  Artes Periféricas são fortes, intensas e chamativas, porque as periferias sintam o mundo de um jeito forte, intenso e gritante. Ainda segundo o professor a estética periférica é muito composta pela “estética do vilão”.

“Vilão significa, na origem, morador de vila. Ou seja, enaltecer o vilão significa enaltecer os moradores de vila (que em muitos lugares é o mesmo que morador de favela). Só quem vive a experiência do vilão sabe que o vilão não é alguém que nasceu "do mal", mas alguém que o nosso mundo corrupto e injusto tornou do mal. Enaltecer o vilão é, de uma certa forma, denunciar as injustiças e mostrar que o mundo como ele beneficia muita gente, mas, por outro lado, tritura muito mais pessoas. Por isso, a estética periférica é cheia de Coringas, Palhaços do Mal, Irmãos Metralha, Pica-Pau” explica Thiagson.

Resinificar a favela e conquistar a auto estima:

Rafael Freire, Educador infantil, fotógrafo profissional especializado em pele negra surpreende nas redes socais pela forma como ele retrata as favelas brasileiras. Nas páginas do instagram @rafaelfreire e @aflordafavela, o fotografo mostra seu trabalho a partir do pertencimento a favela e surpreende seu público com a estética de suas fotos.

Morador da comunidade "aglomerado da serra" em Belo Horizonte, Rafael t venceu uma profunda depressão somada a uma guerra entre facções em sua comunidade por meio da fotografia. Como educador infantil em uma escola da comunidade, ele pediu aos alunos que falassem sobre o que viam e como se sentiam ao morar na comunidade e se surpreendeu com uma poesia sobre a falta de flores da favela, motivado pelo olhar das crianças começou seu projeto de plantar flores na favela e fotografar sua própria comunidade.

“Antes de plantar flores, eu não enxergava beleza na favela, eu não conseguia enxergar beleza em mim” diz Rafael.

As fotos de Rafael viralizam nas redes socais e frequentemente surgem comentários como:

 “ Suas fotos e sua técnica são incríveis, mas pare de fotografar favela”.

“Favela não é motivo de orgulho”

“Porque você só fotografa favelas?”

“Como você consegue deixar a favela bonita?”

Ao se deparar com esses comentários, o fotografo responde “eu queria fotografar o que se parece comigo, por isso fotografo dentro da favela” diz Rafael.

Além do olhar sensível aos moradores, cenários e composição da fotografia, todas as legendas trazem o encantamento, resistência e ressignificação de estereótipos associados a favela.

O objetivo do Favela, a Flor que se Aglomera é resgatar a autoestima e mostrar a potência das pessoas da comunidade, fazendo ensaios fotográficos gratuitos para jovens sem condição financeira poderem mostrar suas habilidades.

ANF
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