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Após o carnaval, cientistas encontraram microplástico em ostras e mariscos em SC

De acordo com pesquisadores, os resultados mostram que a Política Nacional de Resíduos Sólidos não está sendo eficiente

7 jun 2023 - 12h07
(atualizado às 12h12)
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Micropásticos e glitter são encontrados em ostras e mariscos no litoral de Santa Catarina
Micropásticos e glitter são encontrados em ostras e mariscos no litoral de Santa Catarina
Foto: Reprodução g1 /IFSC/

Pesquisadores do laboratório do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), em Itajaí, identificaram um material inusitado em ostras e mariscos que chegaram à costa da região duas semanas após o Carnaval de 2023: eles encontraram microplásticos e glitter no aparelho digestivo dos animais..

A análise foi publicada na revista científica Proceedings Science.

Quando chegam ao Laboratório Oficial de Análise de Resíduos e Contaminantes em Recursos Pesqueiros (Laqua), no Câmpus Itajaí, os moluscos são abertos por estudantes e é feita a retirada de todo o trato digestivo dos animais.

Normalmente a escolha pela análise do sistema digestivo se dá porque é onde ficam os fragmentos do que é efetivamente ingerido pelo molusco. O material é colocado em solução alcalina por 48 horas e, após esse período, passa por um processo de filtragem em que ficam apenas os microplásticos.

Esses resíduos têm cerca de cinquenta micrômetros e não podem ser vistos a olho nu, por isso precisam ser analisados no microscópio.

Analisando os materiais

A pesquisa está sendo coordenada pelo professor Thiago Pereira Alves e conta com estudantes do curso técnico integrado em Recursos Pesqueiros do Câmpus Itajaí. A proposta do grupo é analisar amostras de cultivo de moluscos bivalves das regiões Penha e Bombinhas e realizar, pelo menos, uma análise em cada uma das estações do ano. 

Ao olhar os microplásticos no microscópio após o carnaval, a equipe de pesquisa percebeu que havia diferentes colorações dentro dos animais, que pode significar materiais de origens diferentes.

"Por exemplo, um que encontramos com um tom de verde remete ao plástico de garrafa PET e outro que parecia trançado lembrava os resíduos de uma corda de pesca ou da maricultura”, disse em um comunicado Mariana Pereira, estudante e voluntária do projeto.

Segundo a estudante do curso técnico em Recursos Pesqueiros Letícia Furtado,  todas as amostras que receberam continham microplásticos.

"Já encontramos sete microplásticos em uma amostra de ostra e 13 em uma de um mexilhão", comenta.

Os pesquisadores explicam que os dois animais são filtradores e acabam ingerindo o microplástico devido ao comportamento similar que esses resíduos têm do fitoplâcton, que é o alimento natural deles.

"Para se ter uma ideia em uma amostra que chegou logo após o carnaval, nós identificamos inclusive a presença de glitter, dá para ver no microscópio os pontos de brilho”, disse Letícia.

Mais esforços

Para o professor Pereira Alves, “eses resultados mostram que a Política Nacional de Resíduos Sólidos não está sendo eficiente, que aquilo que não está sendo devidamente tratado vai parar no oceano".

Não é novidade, no entanto, que os humanos consomem plástico. Mas de acordo com o especialista, "agora nós temos que avançar para tentar entender quais são as consequências disso”.

Fonte: Redação Byte
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