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WikiLeaks e Islândia querem criar o paraíso da informação

19 ago 2010 - 10h51
(atualizado às 12h26)
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A Islândia, país devastado pelo colpaso econômico que revelou esquemas de conivência e corrupção nas mais altas esferas, quer se transformar em um santuário da liberdade de informação para jornalistas do mundo inteiro com a Icelandic Modern Media Iniciative (IMMI).

Site oferece, em islandês e inglês, informações sobre a iniciativa
Site oferece, em islandês e inglês, informações sobre a iniciativa
Foto: Reprodução

O projeto, desenvolvido com a ajuda do criador da WikiLeaks, Julian Assange, surge num momento em que cresce no mundo o número de governos que se valem de todo tipo de recurso para amordaçar a imprensa e evitar que informações comprometedoras sejam divulgadas.

No dia 16 de junho, o parlamento islandês votou por unanimidade a criação da IMMI, em uma resolução que visa a proteger jornalistas investigativos e suas fontes. "Estudamos as melhores leis elaboradas no mundo e as combinamos para criar um 'paraíso da transparência'", explicou à AFP a deputada Brigitta Jonsdottir, uma das idealizadoras da iniciativa.

A parlamentar, 43 anos, se apresenta como uma "anarquista" que entrou para a política para aproveitar as oportunidades de mudança surgidas com a dupla crise, econômica e de confiança, que se instalou na Islândia em 2008. Ela afirma ter ficado consternada com as tentativas de censura em seu país, frequentemente apontado como um modelo.

O exemplo mais marcante aconteceu em agosto de 2009, quando, por intimação judicial, a rede de televisão pública RUV se viu obrigada a cancelar a transmissão de uma reportagem sobre os empréstimos secretos do banco Kaupthing, uma das instituições financeiras que contribuíram para deixar a ilha à beira da falência.

Em vez da matéria, o canal exibiu imagens do WikiLeaks, que publicou os documentos em questão, sensibilizando a opinião pública sobre os limites da liberdade de informação no país. "A liberdade de informação e a liberdade de expressão são os pilares da democracia. Sem eles, não há uma verdadeira democracia", estimou Jonsdottir.

Alegando principalmente a luta contra o terrorismo, "todos os países elaboraram novas leis que complicam o trabalho dos jornalistas e dos autores de livros investigativos", destacou.

Como futuro santuário da transparência, a Islândia planeja reforçar a proteção das fontes, ajudar pessoas que denunciam malversações e combater o "turismo da difamação", que consiste em processar jornalistas em jurisdições estrangeiras.

Todas as disposições foram inspiradas em legislações de países como Estados Unidos, Suécia e Bélgica, por exemplo. "Constatamos que (essas proteções) são realmente necessárias", afirmou por sua vez Julian Assange, fundador do WikiLeaks, site especializado na publicação de documentos confidenciais - como os milhares de arquivos confidenciais sobre a guerra no Afeganistão divulgados no mês passado.

"Nossa experiência nos países em desenvolvimento e na maioria dos países desenvolvidos mostra que a imprensa é regularmente censurada por procedimentos judiciais abusivos", indicou.

A intenção é que a IMMI vá além das fronteiras islandesas. "Em países onde são oprimidos, como a China ou o Sri Lanka, os jornalistas podem peder a vida", disse Jonsdottir. "Mas pelo menos podemos garantir que seus artigos não serão suprimidos", uma vez armazenados em servidores islandeses. A salvo da censura. O site da IMMI é www.immi.is/

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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