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iTunes faz 10 anos e luta para se manter líder em música digital

28 abr 2013 - 08h15
(atualizado às 08h15)
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<p>Loja virtual de músicas digitais foi criada em 2003 com 200 mil faixas e hoje tem milhões de canções</p>
Loja virtual de músicas digitais foi criada em 2003 com 200 mil faixas e hoje tem milhões de canções
Foto: Divulgação

Há exatos 10 anos, a Apple lançou nos Estados Unidos o iTunes, loja online de músicas que permitia o download de faixas individuais direto da internet. Naquele momento, a indústria fonográfica se recuperava dos estragos causados pelo Napster, recém-fechado, que permitia piratear músicas ao baixá-las gratuitamente sem pagamento de direitos autorais.

A loja de músicas da Apple representou mais que uma solução para a pirataria, no entanto: ela mudou a forma como se entende o consumo de música e o acesso ao entretenimento. Hoje, o iTunes não só é a maior varejista de música na web, como também domina o mercado de vídeo digital, capturando 67% do mercado de venda de programas de TV e 65% do de filmes, de acordo com o grupo NPD. O aplicativo do iTunes é o mais rentável e a expansão para a venda de livros e revistas, somada à presença em 119 países, ajudaram o produto a atingir uma renda de US$ 2,4 bilhões no primeiro trimestre de 2013.

Uma década de história

O iTunes foi lançado em 2003 nos Estados Unidos, dois anos depois da estreia do iPod, o tocador de mídia digital da Apple. Inicialmente apenas disponível para usuários de computadores Mac, da Maçã, tinha 200 mil faixas disponíveis - hoje são dezenas de milhões de canções.

Steve Jobs, então CEO da Apple, estipulou preço máximo das faixas em US$ 0,99
Steve Jobs, então CEO da Apple, estipulou preço máximo das faixas em US$ 0,99
Foto: Getty Images

Steve Jobs, cofundador e então CEO da Apple, ouviu muitas reclamações quando decidiu que o preço máximo das músicas seria US$ 0,99 - hoje, ele chega a US$ 1,29.

"No caso das gravadoras, acreditávamos - e conseguimos convencê-los de - que tínhamos uma proposta de negócio que seria melhor para eles a longo prazo, e demos a eles a oportunidade de competir com a pirataria", relembra o vice-presidente sênior de Serviços e Softwares para Internet da Apple, Eddy Cue. "Nossa mensagem para eles era de que a única forma de combater a pirataria não era com processos judiciais ou anúncios na TV ou enfim, mas oferecer o que estava disponível de modo pirata e as pessoas iriam realmente pagar se eles o fizessem", continua o executivo.

"Eles revolucionaram o mercado do varejo ao criar uma plataforma realmente interativa e muito amigável para o usuário, e conseguiram fazer isso mantendo uma excelente experiência musical com uma tecnologia considerada muito difícil", avalia à AP o chefe da Big Machine Records, Scott Borchetta, cujo selo está nos trabalhos de Taylor Swift e Tim McGraw, por exemplo.

"Para mim, tem sido uma das maiores ferramentas da indústria da música nos últimos 10 anos, mas você vai ouvir das gravadoras que Steve Jobs arruinou o segmento", comenta afirma à AP o cofundador da ATO Records, Michael McDonald, selo de nomes como John Mayer e Ray LaMontagne. "Apesar de ter impactado as vendas de discos, acredito que (o iTunes) se tornou um verdadeiro barômetro do que é bom e do que é popular", continua.

Para a atriz e cantora Jennifer Lopez, o iTunes "mudou a indústria da música completamente" porque "deu à pessoa o poder, em vez de (deixar) o poder às gravadoras, de alguma forma". "Acho que tem prós e contras, para os artistas. Eu sou uma artista, vejo isso do ponto de vista do artista. Mas estamos em uma nova era. É como todo o resto. Temos que aceitar", comenta.

Brasil

Demorou mais de oito anos para que o iTunes chegasse ao Brasil, desde o lançamento mps EUA e 2003 até dezembro de 2011, quando a loja online inaugurou em português, vendendo faixas de nomes de sucesso no País.

"Ainda é um período muito curto para uma análise determinante sobre o impacto que a plataforma irá exercer no mercado brasileiro de consumo de música a longo prazo", avalia Marcos Maynard, presidente da Maynard Music, de conteúdo digital, em entrevista ao Terra. Ele pondera que as características que fizeram do iTunes o líder do segmento nos Estados Unidos não são as mesmas do mercado brasileiro.

Tocador de música digital Apple iPod dominava o segmento em 2003, quando loja virtual iTunes foi lançada
Tocador de música digital Apple iPod dominava o segmento em 2003, quando loja virtual iTunes foi lançada
Foto: Getty Images

Maynard aponta três pontos cruciais: o renome da Apple, que dominava o segmento de players de música com o iPod em 2003; a banda larga barata e de amplo alcance, que permite fazer o download fácil das músicas; e o valor de US$ 0,99, que além de simbólico por ser 'menos de US$ 1', representa pouco comparado ao gasto médio do americano. "No Brasil, em contrapartida, todos esses pontos se tornam inibidores diante pelas características do mercado local", diz.

"A Apple ainda tem uma fatia irrelevante diante de todo o cenário de usuários de players digitais no País, onde o iPhone, por exemplo, representa apenas 0,4% do mercado de smartphones e o iOS tem 1% dentre os sistemas operacionais", aponta. O acesso à internet no Brasil também está bem aquém do americano, apesar do crescimento vertiginoso dos últimos anos. "Por fim, o valor cobrado pelas faixas aqui, apesar de baixo, não representa o mesmo atrativo de se situar na faixa dos centavos (menos de R$1), o que inconscientemente gera um fator diferente ao consumidor", conclui.

Sobre a entrada de novos concorrentes, como a Amazon, no segmento de venda de músicas digitais, Maynard explica a liderança do iTunes, que se mantém, não pelas qualidades dos serviço, mas pela paixão dos usuários da Apple pelos produtos de Cupertino. "Todos os usuários do iTunes não migraram para o serviço de músicas digitais que ele oferece porque quiseram, de uma hora para a outra, tornar-se consumidores de música digital, mas sim porque estas pessoas tinham um player da Apple em que o iTunes é a plataforma de conteúdos de música e vídeo para o dispositivo em questão".

E esse fator, na opinião do executivo, seria um dos principais a impedir a Apple de ter maior penetração no Brasil. "O iTunes, apesar de se mostrar até o momento uma plataforma de música que funciona, a meu ver não pode ainda ser considerada uma solução de fácil usabilidade a ponto de atrair e embarcar todos as pessoas. Não é uma plataforma fácil para quem não está familiarizado com os dispositivos da Apple, o que no Brasil é uma pequena minoria diante de todo o cenário de pessoas que possuem um player digital com potencial de se tornarem futuros consumidores de música digital", pondera. No Brasil, para Maynard, esses consumidores ainda estão divididos entres os que têm aparelhos Apple e compram músicas no iTunes e os que fazem downloads ilegais para ouvir as canções em quaisquer outros dispositivos digitais.

Quanto aos artistas, o presidente da Maynard Music acredita que a plataforma da Maçã representa não só uma fonte de renda, mas também "uma ferramenta de marketing para a divulgação de seus trabalhos". "O fascínio que a marca Apple exerce sobre os consumidores, inclusive sobre os artistas e produtores, que em grande maioria são admiradores da Apple como consumidores de tecnologia, acaba inclusive gerando inconscientemente um sentimento de "prestígio" no fato de se ter o conteúdo presente no iTunes", opina.

Próxima década

Mesmo com o sucesso do modelo de negócio e a liderança do mercado na primeira década de existência, o iTunes da Apple encara hoje a questão de como se manter à frente da concorrência nos próximos dez anos.

Amazon é uma das rivais da Apple com loje de músicas e filmes digitais
Amazon é uma das rivais da Apple com loje de músicas e filmes digitais
Foto: AFP

Serviços de assinatura de streaming de músicas, como Spotify e Rdio, e de filmes, como Netflix, Amazon e Hulu, estão tomando um espaço que antes era exclusivo da loja de Cupertino. As velocidades cada vez mais altas de conexão possibilitam ouvir e ver conteúdos da nuvem com dispositivos móveis, e os tocadores de MP3 e MP4 disputam mercado com smartphones e tablets.

Para continuar a batalha no novo cenário, há rumores de que a Apple estaria preparando uma versão própria de um serviço de streaming. "Conseguimos agregar e crescer e fazer muitas coisas para fazer o produto (iTunes) ainda muito melhor. O que vai fazê-lo continuar a ser ótimo pelos próximos dez anos é que as pessoas querem acesso e querem uma parte maior do todo que está disponível hoje", afirmou o executivo.

Cue completou que os usuários ainda prefeririam o modelo do iTunes, em vez da proposta de assinatura dos serviços de streaming. "(Uma assinatura premium) custa US$ 10 por mês, o que dá US$ 120 por ano, e a maior parte dos consumidores médios de música não gasta tudo isso", aponta. "Quando você compra a propriedade, é seu, e no modelo de assinatura, a mensalidade nunca termina, se você quer continuar ouvindo, precisa continuar pagando US$ 10 ou mais pelo resto da vida", argumenta.

Com informações da AP.

Fonte: Terra
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