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Eventos no Brasil reúnem multidão de candidatos a 'unicórnio'

Empresas nascentes buscam dicas em eventos que capitalizam em cima do sonho de criar um negócio de US$ 1 bilhão

28 nov 2018 - 05h11
(atualizado às 10h38)
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Por trás do surgimento dos primeiros "unicórnios" brasileiros, há uma legião de startups que sonha, um dia, chegar a valer US$ 1 bilhão. Em um segmento em que os casos de sucesso são raros e que deixa a maioria das empresas pelo caminho, um contato certeiro pode ser a diferença entre o fracasso e o olimpo. É por isso que, até o fim do ano, milhares de empreendedores vão se acotovelar em uma série de eventos que capitaliza em cima dos sonhos dos candidatos a unicórnio.

Apenas a Conferência Anual de Startups e Empreendedorismo (Case) espera receber 7 mil pessoas, entre empreendedores e investidores, em São Paulo, entre amanhã e sexta-feira. É um grande contingente, já que existem cerca de 7 mil startups mapeadas em todo o País pela própria Associação Brasileira de Startups (ABStartups), mesma organização que criou a Case.

Para participar do evento é necessário desembolsar, no mínimo, R$ 800 em um ingresso válido para os dois dias. "Oferecemos ao empreendedor uma opção para ele encurtar o período de aprendizado. Damos a ele opções de networking, conhecimento técnico e acesso a investidores em um só lugar", explica Amure Pinho, presidente da ABStartups, resumindo a atratividade do evento. Ainda este ano haverá eventos organizados pela StartSe e Anjos do Brasil.

Estar no lugar correto e encontrar as pessoas certas é fundamental no universo das startups. O cientista da computação Daniel Cukier, que estudou ecossistemas de startups para sua tese de pós-doutorado, identificou que eventos como a Case têm papel fundamental no desenvolvimento das empresas de tecnologia. "Vale lembrar que há eventos de diversos valores e tamanhos. E que o empreendedor não precisa necessariamente gastar dinheiro para participar de uma comunidade que é importante para ele", ressalta Cukier.

Investimento. Na dúvida, quem está dando os primeiros passos acredita que o investimento vale a pena. É o caso da fintech NetCrédito, que está no mercado há dois meses, mas já esteve presente em seis eventos - pagando ingresso em todos. Para Marcus Quintella, presidente da NetCrédito, os encontros fornecem o contato necessário para que a companhia apresente seu produto. Ele conta que costuma ir aos eventos em busca de parcerias e que consegue fechar negócios. "A estratégia é não pensar só no presente. Quem não é parceiro ou cliente hoje pode se tornar amanhã. Já vale o contato."

Quem já passou por essa fase frisa que a empresa de Quintella está no caminho certo. A startup mineira Solides, que oferece soluções de recursos humanos, participa de eventos há oito anos e está longe de pensar em abandonar a rotina.

Alessandro Garcia, presidente da Solides, diz que atualmente os executivos da empresa já alçam voos fora do Brasil. "Estamos em uma fase de conhecer investidor em eventos internacionais, com o objetivo de captar mais dinheiro. Apesar disso, não deixamos de comparecer a eventos nacionais. É por aqui que encontramos clientes e ficamos perto do mercado", diz.

Experiência. Os eventos não são apenas para quem está começando ou precisa de dinheiro. Figura conhecida no mercado e um dos unicórnios brasileiros, o Nubank continua a frequentar conferências para startups de tecnologia. Segundo a empresa, a presença nos eventos - dessa vez como palestrante - é uma forma da a companhia continuar próxima das novidades do mercado e de compartilhar experiências.

Essa troca de informações entre novatos e veteranos, segundo os especialistas, é uma característica do setor de tecnologia. "É preciso que os empreendedores conheçam a história de quem já venceu os desafios que eles estão vivendo hoje. É uma mão dupla indispensável para que todo o mercado cresça mais rápido", diz Caio Ramalho, coordenador da FGVnest.

Alerta. O entusiasmo, porém, pode trazer um problema para os desavisados. Chamado de "empreendedorismo de palco", os eventos e palestras organizados por empreendedores sem experiência podem ser um gasto para uma empresa de poucos recursos que não tem um retorno garantido.

Thaís Aquino, sócia da StartSe, que também é conhecida pelos grandes eventos, afirma que um pouco de cautela e dedicação pode evitar problemas. "Empreendedores precisam pesquisar se o evento trará algum retorno para ele. Depois disso, devem definir a estratégia que pretendem atingir: se a meta é conquistar conhecimento, investidores ou clientes". / COLABOROU GIOVANNA WOLF

Estadão
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