Diante da escassez de mão de obra, o Japão tomou uma medida inédita: salários iguais para as mulheres
Pagar o mesmo salário para homens e mulheres e oferecer melhores condições para conciliar a vida familiar são estratégia para atrair mão de obra feminina
O Japão enfrenta um desafio sem precedentes. Por um lado, a escassez de mão de obra forçou as empresas a repensarem suas políticas trabalhistas se quiserem aproveitar o período de prosperidade econômica que se desenha no futuro. Por outro lado, sua baixa taxa de natalidade agrava o problema da escassez de mão de obra, já que seria necessário abrir mão (ao menos temporariamente) da metade feminina de sua força de trabalho. Um verdadeiro dilema.
A complicada situação demográfica obrigou as empresas japonesas a considerar uma medida inédita nas últimas duas décadas: igualar os salários entre homens e mulheres.
Dois objetivos de uma vez
Enquanto nos EUA as ordens presidenciais estão tendendo a eliminar políticas de diversidade, equidade e inclusão (DEI), o Japão optou por seguir o caminho oposto e igualar os salários entre homens e mulheres para atrair talentos femininos e incentivar suas carreiras profissionais.
Além do ponto de vista prático de atrair uma mão de obra qualificada que está em falta, essa mudança também responde a outros motivos econômicos. O Japão está concentrando boa parte dos investimentos com critérios ambientais, sociais e de governança (ESG) que estão saindo dos EUA após a chegada de Trump à Casa Branca. Por esses motivos, empresas financeiras japonesas, como a seguradora Nippon Life Insurance e o banco MUFG, começaram a eliminar as políticas salariais que perpetuavam a disparidade salarial.
Décadas de discriminação salarial
Nos últimos vinte anos, as...
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