Cobra devora víbora na África: entenda como isso acontece
Segundo bióloga, a anatomia de alguns répteis é essencial para que capturem presas maiores
Um momento extraordinário na natureza foi capturado pelo engenheiro e entusiasta de vida selvagem, Klaus Bohmer, durante um safári no Parque Transfronteiriço Kgalagadi, na África do Sul, no final de setembro.
O registro raro de uma serpente devorando uma víbora (da família Viperidae) em plena estrada, enquanto a presa ainda lutava pela sobrevivência, foi compartilhado pelo Latest Sightings.
Segundo Bohmer, ele estava retornando ao acampamento no final da tarde, percorrendo as estradas empoeiradas do parque, quando seus olhos se fixaram em algo que, sem dúvida, teria passado despercebido: duas cobras.
"Suas cores se mesclavam perfeitamente com a tonalidade da estrada, tornando altamente improvável que tivéssemos notado por conta própria", contou.
Habilidade de engolir presas grandes
O registro de uma sepente devorando animais maiores, além de raro, requer muitas questões de anatomia e particularidades para ocorrer. De acordo com a bióloga Luana Michelle, essa habilidade de engolir presas grandes depende do tamanho da espécie.
"Cobras pequenas, como a "cobra-do-milho" (Pantherophis guttatus), costumam comer roedores. Mas há serpentes maiores, como uma sucuri-verde (Eunectes murinus), que podem engolir até um boi", afirmou.
Diversas espécies, como serpentes e lagartos, apresentam cabeças com alta flexibilidade. Segundo Luana, isso significa que grande parte da estrutura craniana desses répteis não se torna rígida, permitindo movimentos entre diferentes partes da cabeça.
No caso das cobras, essa condição possibilita que elas movam a boca como se fosse uma dobradiça, ampliando a abertura durante o processo de alimentação.
Além disso, explica Luana, o osso chamado de quadrado, que faz a ligação entre a mandíbula e a maxila, também tem a capacidade de mover-se com liberdade.
Outro ponto importante para a captura é a capacidade de digestão, que conta com muitos sucos gástricos pontentes. A bióloga explica que é isso que possibilita a cobra digerir músculo, pele e ossos de suas presas.