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James Webb também serve para estudar meteoroides no Sistema Solar

O telescópio espacial James Webb já foi impactado por mais de 20 meteoroides, que são difíceis de observar por serem muito pequenos

7 fev 2023 - 14h58
(atualizado às 18h10)
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O telescópio James Webb vem ajudando os cientistas a observar objetos distantes e, ao mesmo tempo, também vem identificando micrometeoroides, pequenos pedaços de rochas espaciais que viajam pelo Sistema Solar. Desde seu lançamento, o Webb já sofreu impactos de mais de 20 meteoroides; destes, apenas um causou um dano perceptível em um dos espelhos do telescópio.

Lançado em dezembro de 2021, o James Webb foi enviado rumo ao Ponto de Lagrange 2 (L2), a cerca de 1,5 milhão de quilômetros da Terra. Ali, ele mantém os segmentos hexaognais de seu espelho primário voltados para o espaço, e os engenheiros monitoram a situação da superfície dele para ajudar os cientistas a entenderem os dados. "Conseguimos monitorá-los com um nível de detalhes que ninguém jamais alcançou", disse Lee Feinberg, gerente do elemento óptico do Webb.

Ironicamente, os impactos dos micrometeoroides são os dados menos esperados pela equipe do observatório que, no momento, está realizando ajustes operacionais para reduzir a frequência deles. "[O Webb] é essencialmente um detector de fluxo de meteoroides, mas não intencionalmente", disse Margaret Campbell-Brown, física de meteoros.

Foto: Northrop Grumman/NASA / Canaltech

Uma breve preocupação surgiu na equipe do telescópio em maio do ano passado, quando os cientistas identificaram sinais de um impacto de um micrometeoroide relativamente grande no espelho do telescópio. Já em dezembro, eles concluíram que dificilmente o telescópio encontrará algum objeto tão grande mais que uma vez por ano — por enquanto, o telescópio vem detectando de um a dois impactos menores a cada mês.

Como o Webb pode operar por pelo menos duas décadas, os membros do telescópio mantêm a cautela e vêm adaptando a estratégia de observação para limitar o tempo em que ele estará vulnerável a impactos mais intensos. "Queremos que as fotos da Nebulosa Carina continuem tão lindas daqui a 20 anos como são agora", acrescentou Feinberg.

Impactos de micrometeoroides no James Webb

Apesar da preocupação com o ocorrido em maio, os engenheiros do telescópio já sabiam que os impactos acabariam acontecendo em algum momento. Por isso, os membros da missão simularam os impactos de micrometeoroides durante o desenvolvimento do telescópio. Entretanto, eles não têm recursos para acelerar pequenas partículas à velocidade com que elas viajam pelo Sistema Solar, de modo que os experimentos não representam a força dos impactos reais.

Hoje, os cientistas determinaram que quase 10% dos micrometeoroides têm relação com os asteroides que causam chuvas de meteoros específicas, enquanto os outros 90% são "viajantes solitários", que seguem pelo Sistema Solar em órbitas aleatórias. Para a equipe do Webb, grande parte dos micrometeoroides detectados pelo observatório vêm deste grupo.

Agora, os cientistas decidiram limitar o tempo em que o espelho do telescópio fica voltado para frente, ou seja, quando está mais exposto aos impactos mais intensos. E, ao que tudo indica, eles vêm conseguindo boas estimativas dos micrometeoroides que "visitam" o observatório no Ponto de Lagrange L2.

"Você nunca pode dizer 'tenho certeza do que está acontecendo ali', mas você está usando a Terra e cada impacto que aconteceu na nave no passado para confirmar seus modelos teóricos e numéricos, e usar aquilo como uma base para prever o que está acontecendo no restante do Sistema Solar", finalizou Auriane Egal, conselheira científica do Planetário Rio Tinto Alcan, no Canadá.

Fonte: Space.com

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