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Bomba de Hiroshima pode ensinar sobre formação do Sistema Solar

Análises dos vidros formados após a explosão da bomba atômica sobre Hiroshima, no Japão, indicam alguma relação com meteoritos primitivos do Sistema Solar

1 mar 2024 - 08h00
(atualizado às 13h42)
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Em 1945, os Estados Unidos detonaram bombas atômicas sobre as cidades de Hiroshima e Nagasaki, no Japão, e seus efeitos continuam rendendo estudos. Em uma nova análise, pesquisadores liderados por Nathan Asset, da Universidade da Cidade de Paris, investigaram os chamados vidros de Hiroshima e descobriram uma possível relação entre eles e a formação do Sistema Solar, há 4,5 bilhões de anos. 

Foto: Gerd Altmann/Pixabay / Canaltech

Para entender o que são tais vidros, vale recordar o momento da explosão da bomba atômica sobre Hiroshima. Além de ter matado 140 mil pessoas e aniquilado prédios e outras construções, a explosão deixou detritos parecidos com esferas de vidro. Tais esferas foram encontradas na praia de Motoujina, uma pequena ilha na baía de Hiroshima. 

À esquerda, a nuvem formada após a explosão da bomba atômica sobre Hiroshima, e à direita, em Nagasaki (Imagem: Domínio público)
À esquerda, a nuvem formada após a explosão da bomba atômica sobre Hiroshima, e à direita, em Nagasaki (Imagem: Domínio público)
Foto: Canaltech

Os cientistas acreditam que elas são feitas do concreto e aço das construções da cidade. O calor da explosão foi tanto que estes materiais caíram de volta para a Terra como esferas de vidro, e depois esfriaram. Para o novo estudo, a equipe analisou amostras das praias da baía de Hiroshima coletadas em 2015. 

Eles trabalharam com 94 amostras dos vidros, distribuídos em quatro grupos diferentes. Depois, concluíram que os vidros surgiram da condensação no interior da bola de fogo da explosão nuclear. Segundo os autores, a composição química e isotópica deles indica semelhanças com os meteoritos do tipo condrito. Trata-se de um tipo primitivo de rocha espacial, feita a partir do gás e poeira presentes durante a formação do Sistema Solar.

Portanto, os pesquisadores sugerem que "a formação dos vidros de Hiroshima por condensação implica que eles podem ser um análogo aos primeiros condensados no Sistema Solar", Tais condensados (ou sólidos) são inclusões de cálcio ricas em alumínio (ou apenas CAIs), com alta quantidade de isótopos de oxigênio-16, que é a forma mais leve do elemento. 

Vidros de Hiroshima vistos por microscópio (Imagem: Reprodução/Asset et al., EPSL, 2024)
Vidros de Hiroshima vistos por microscópio (Imagem: Reprodução/Asset et al., EPSL, 2024)
Foto: Canaltech

Para eles, os isótopos podem ter sido produzidos pela luz ultravioleta atravessando a nebulosa solar, nome da nuvem de gás e poeira a partir da qual os primeiros condritos do nosso sistema se formaram. Outra possibilidade é que tenham sido produzidos por mecanismos específicos depois que o material vaporizado se condensou em líquido, sendo solidificado depois. 

Os autores reconhecem que as pressões, temperaturas e misturas gasosas da explosão são diferentes daquelas do disco de acreção solar, onde os primeiros condritos se formaram. "Apesar de todas essas diferenças, as similaridades entre os vidros de Hiroshima e os CAIs podem indicar um processo similar, como reações químicas ocorrendo durante a condensação, para explicar o enriquecimento similar de O-16", concluíram.

O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Earth and Planetary Science Letters.

Fonte: Earth and Planetary Science Letters; Via: Phys.org

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