O Estádio do Pacaembu se transformou no cenário ideal de celebração do streetwear, no encerramento desta edição que marca os 30 anos da SPFW. Sob os holofotes que normalmente iluminam jogadores, a Piet, marca do estilista Pedro Andrade (35), apresentou não uma coleção, mas um manifesto sobre o novo luxo esportivo brasileiro, para mais de 4000 espectadores nas arquibancadas.
A coleção operou como um time bem treinado: camisas com grafismos que acenam para os tradicionais escudos de clubes, calções de futebol readaptados como peças de lifestyle e agasalhos com brasões bordados que prestam um verdadeiro tributo a um dos esportes mais democráticos e queridos do mundo.
Os jeans de aspecto destroyed com sobreposições de bermudas dialogavam com tênis de performance, enquanto óculos esportivos ganham status fashionista. Meiões coloridos, bonés e coletes reforçam o contexto futebolístico, mas vêm equilibrados com uma atenção à sofisticação despretensiosa adicionada por bolsas de couro com design minimalista e peças de pegada mais polida.
Os cantores Marcelo D2 (57) e Nave Beatz forneceram a trilha perfeita para esta fusão entre passarela e arquibancada. Cada look foi pensado não só para torcer, mas para performar. Bolsos amplos, costuras expostas, sobreposições criativas que atuam como camadas a serem trabalhadas de acordo com o tempo, zíperes e botões trazem os códigos utilitários que se encaixam no tema de referência da Piet.
A coleção e o trabalho de styling traduzem a paixão esportiva que se alinha com os códigos de moda global da atualidade. Não à toa, a marca é um fenômeno nacional com projeções otimistas de expansão internacional. Mais que um desfile, a apresentação da Piet foi um ritual de celebração do futebol como cultura popular e do streetwear como linguagem e bandeira de pertencimento.