CEO da Vulcabras confirma a abertura de lojas da Under Armour no Brasil

Pedro Bartelle também falou das inovações de Olympikus e Mizuno e sobre os desafios da indústria calçadista nacional

27 mai 2024 - 11h10
(atualizado às 13h11)
Time Under Armour com o tênis nacional Dagger nos pés
Time Under Armour com o tênis nacional Dagger nos pés
Foto: Under Armour/Estadão / Estadão

A Vulcabras tem tido resultados expressivos de crescimento no Brasil desde 2021, quando consolidou sua transformação para ser uma Sportech 100% nacional, movimento que começou em 2020. Fundado em 1952, o Grupo tem mais de 70 anos e redemocratizou os tênis esportivos no País com a Olympikus, marca proprietária da Vulcabras, e agora expande esses horizontes com suas duas marcas importadas licenciadas, Mizuno e Under Armour.

A Vulcabras esteve presente com seus lançamentos das três marcas na segunda edição da BFShow, a feira do calçado brasileiro, organizada em São Paulo pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados). Foi por lá que pude entrevistar Pedro Bartelle, CEO da Vulcabras desde 2015, e que capitaneou a empresa até ela se tornar referência em tecnologia, inovação e sustentabilidade no Brasil. Nesta entrevista o executivo conta a trajetória até aqui e nos novos rumos do Grupo.

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Pedro Bartelle, CEO da Vulcabras
Foto: Vulcabras/Estadão / Estadão

Sneakerverso: Em que momento de projetos de expansão e plano de crescimento as marcas estão? Quais são os objetivos das três?

Pedro Bartelle: Só pra contextualizar um pouquinho, a Vulcabras é uma empresa que tem mais de 70 anos e ela tomou uma decisão recente, nos últimos cinco anos, de que ela iria se especializar somente em calçados esportivos, porque antigamente ela tinha um setor de calçados femininos, que era a Azaleia e a Dijean. Ainda somos donos destas marcas, mas licenciamos para concentrar toda a produção, todo o foco de desenvolvimento e ações de marketing no segmento esportivo. Isso fez com que a Vulcabras mudasse realmente de patamar. Ela ganhou muito em tamanho e conseguiu fazer muitos investimentos, porque o resultado financeiro alavancou isso. A empresa foi, no ano passado, a mais rentável do setor e continua crescendo nesse primeiro trimestre. Então estamos colhendo ano a ano os frutos desta decisão certa de focar no esportivo.

Sneakerverso: Essa decisão foi tomada em que ano?

Pedro Bartelle: Ela foi tomada em 2020. E a gente conseguiu complementar ela em 2021. Então, em 2021, nós só trabalhávamos com calçados esportivos.

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Corre Supra, o super tênis de corrida nacional da Olympikus
Foto: Olympikus/Estadão / Estadão

Sneakerverso: O que isso significou em investimentos?

Pedro Bartelle: A gente investiu muito no nosso parque fabril e muito no nosso desenvolvimento de produto para poder produzir qualquer tecnologia esportiva no Brasil e também criar produtos para competir a nível internacional. Então, rapidamente, a Olympikus passou a ter uma coleção de calçados de alta performance para corrida, como o Corre Supra. E aí, voltando um passo atrás, a Olympikus sempre foi uma democratizadora do esporte no Brasil e a gente se desafiou, depois de fazer todos esses investimentos e ter aqui o Centro de Desenvolvimento e fábricas a nível mundial, a fazer uma coleção para democratizar a alta performance. Resultado disso: a linha de running da Olympikus foi primeiro lugar no Strava (aplicativo de corrida), no Brasil, no ano passado. E na Maratona Internacional de São Paulo, o Shoe Count, que é a contagem dos tênis dos finishers, os que completam a prova, deu mais Olympikus do que qualquer outra marca. Então é um número que vem nos impressionando. E a Olympikus vai continuar investindo nesse caminho. A Mizuno é a mais recente marca de running que a gente tem. A gente já completou três anos e conseguiu dobrar de tamanho desde que ela chegou na Vulcabras.

Sneakerverso: Por que esse número da Mizuno mudou tanto?

Pedro Bartelle: Porque a Vulcabras investiu muito para ter todos esses recursos. Quando uma marca que estava sendo administrada no Brasil por outra empresa, que não é especialista como a Vulcabras, nesses recursos esportivos, chega na Vulcabras, ela consegue aproveitar esses recursos, criar modelos mais vencedores, melhorar a qualidade dos produtos e fazer esses custos-benefícios que a gente faz muito bem.

Mizuno Wave Rider Beta Kosei Pack
Foto: Mizuno/Estadão / Estadão

Sneakerverso: E a Mizuno começa a ganhar força no mundo sneakerhead também, algo que eu não via...

Pedro Bartelle: Ótimo escutar isso de você, porque esse é um plano nosso. Primeiro, nesses últimos três anos, a gente começou a reconquistar o corredor, porque a Mizuno tem quase 120 anos. É uma marca japonesa de muitos anos. E ela é especialista em baseball e running no mundo. Baseball a gente não joga aqui em larga escala. Mas por ter tanta tradição e tantos anos, ela começou a reeditar os seus retrôs e transformar isso em moda. Então, essa moda japonesa que a gente vem trazendo tem se tornado cult. E a gente tem visto já em discussões mesmo, é bom escutar de você, que isso já vem sendo conversado, porque a coleção é fantástica. E além dos produtos que eles estão desenvolvendo internacionalmente, nós já começamos a produzir três modelos no Brasil. Para conseguir dar acesso, custo-benefício e melhorar os produtos. E essa linha vai crescer para dez modelos rapidamente na nossa avaliação.

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Sneakerverso: Tem previsão de lançamento?

Pedro Bartelle: A cada semestre a gente lança um novo. Agora para o segundo semestre nós vamos ter muita coisa. Hoje a gente está com três modelos, nós vamos ter sete modelos no segundo semestre. Fora os importados que vêm para complementar toda essa linha, são 25, 30 modelos no total. Então vai ter uma coleção bem relevante. Logicamente a gente está fazendo esse trabalho de posicionar, de colocar nos pontos de venda certo. A Mizuno vem se tornando um objeto de desejo.

Sneakerverso: Terá loja própria?

Pedro Bartelle: Da Mizuno, não. Da Olympikus também não, mas da Under Armour sim. A Under Armour é uma marca americana, jovem, que tradicionalmente nasceu no vestuário. Não sei se você sabe a história, conto rapidinho, mas o fundador, que hoje é presidente da empresa, Kevin Plank, era um jogador de futebol americano, suava muito, e ele via que a camisa de algodão deixava ele mais pesado para jogar. Então ele começou a fazer, com os tecidos tecnológicos, uma camisa para ele. Deu certo, fez para os amigos, começou uma empresa e virou a potência que é hoje. Mas até hoje na Under Armour 80% das vendas dela no mundo são roupas. Só 20% é calçado. Muito diferente da maioria das marcas que existem no mundo. Mas nós, no Brasil, pela tradição que a gente tem, pelas fábricas que a gente tem, e o conhecimento, podemos fazer muita coisa para a marca. Infelizmente hoje o Brasil é o quinto maior produtor de calçados do mundo, já foi o terceiro, só perdia para a própria China e Índia, mas a Ásia tem custos complicados.

Sneakerverso: Mas a questão é só custo, não é expertise?

Pedro Bartelle: Com certeza sim. Mão de obra, maquinário, sistemas, a gente tem tudo. E de fato você vê a gente, tanto na Olympikus quanto na Mizuno, desenvolvendo calçados, e na própria Under Armour agora, uma linha completa feita no Brasil. Calçados de basquete, calçados de cross-training, os próprios de running, quer dizer, uma gama grande de produtos que competem nos cenários internacionais. E a gente tem uma estatística que com essa coleção de Under Armour que a gente tem feito, como o Buzzer, a gente já começa a credenciar a Under Armour a competir pela liderança do basquete no Brasil. Então essa fábricação, esse centro de desenvolvimento e a força da marca tem nos trazido isso.

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Under Armour tem produção nacional de roupas e tênis
Foto: Under Armour/Estadão / Estadão

Sneakerverso: E por que faz sentido abrir lojas da Under Armour?

Pedro Bartelle: Porque no Brasil, tradicionalmente, a grande venda de sapatos, calçados em geral, é feita em sapatarias, casas familiares, tradicionais. Tem muitas lojas especialistas em esporte? Tem. Mas a maior parte é vendida em sapatarias. E as sapatarias, tradicionalmente, não vendem roupa. E muitas lojas especializadas em esporte no Brasil, como a World Tennis, por exemplo, não vendem roupa. E a Under Armour tem essa especificidade de ter mais roupa do que tênis, e é muita roupa. Então a gente vai começar pelas lojas da Under Armour, lojas conceito. A gente já tem outlets da Under Armour, são cinco, mas lojas do tamanho que a Under Armour merece ainda não. Vamos abrir uma cadeia de lojas da Under Armour no Brasil para poder não só aumentar as vendas do vestuário, mas também para poder expor a marca com toda a sua proposta. Para mostrar a proposta toda da marca, o que tem de produtos, de qualidade, tudo.

Sneakerverso: Tem alguma previsão já de lançamento da primeira loja?

Pedro Bartelle: Nós estamos em negociação com pessoas para trazer, para montar essa estrutura. Mas, paralelamente, nós estamos em negociação com empresas que são especialistas em varejo. A Vulcabras não é especialista em varejo, apesar de ter 11 lojas hoje. Ela não é uma especialista em varejo. Ela é uma especialista em gestão de marca e produção de calçados. Então a gente vai montar uma estrutura para nos tornar especialistas ou comprar uma solução pronta. Isso ainda está em negociação. E eu faço um exemplo aqui que é interessante de comentar. Nós também não éramos especialistas em e-commerce. Mas nós montamos uma estrutura. Hoje o nosso e-commerce já está em 12% do nosso faturamento. E a gente ganhou até um prêmio ano passado como o melhor e-commerce de calçados do Brasil, o e-commerce da Mizuno. Então, assim, não quero pegar meu pessoal especialista em gestão de marca e produção para aprender varejo. Que é um bicho completamente diferente. Então nós estamos trazendo a solução pronta. Acredito que esse ano a gente já vai ver lojas.

Sneakerverso: São Paulo?

Pedro Bartelle: São Paulo, mas principalmente em todas as capitais do Brasil. Em todas as capitais do Brasil. Essa é a ideia.

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Sneakerverso: Esse movimento que vocês fizeram com a Under Armour no basquete é mais ou menos o que vocês fizeram na corrida com a Olympikus, de democratizar o acesso ao tênis de basquete, que geralmente é mais caro e importado. Foi mais ou menos essa a visão que vocês tiveram?

Pedro Bartelle: Sim, a gente tem uma leitura do mercado brasileiro, que é o seguinte: o mercado brasileiro ainda consome poucos calçados esportivos. Meio par por habitante. Isso quer dizer que se compra um par a cada dois anos, estatisticamente. Mas isso quer dizer que muitos brasileiros não têm tênis. Nunca tiveram acesso a comprar um tênis. Então, entendendo tudo isso, a gente sabe que o brasileiro que compra tênis, ele precisa de um tênis multifuncional. Então, se ele é um amante do basquete, ele precisa de um tênis para jogar basquete, mas ele precisa de um tênis versátil, que a gente às vezes chama de coringa. Então, esse tênis sai das quadras e vai para o cotidiano dele também. Ou seja, o tênis não pode ter o arquétipo do calçado de basquete puro, não pode ser específico só no que diz respeito à cosmética, ao design dele, para uma prática esportiva.

Sneakerverso: Tenho visto que isso é uma tendência mundial...

Pedro Bartelle: É uma tendência muito grande a nível mundial. Antigamente, a gente via os jovens usando um sapato para ir em um aniversário. Hoje, poucos jovens têm um sapato no seu guarda-roupa. Usam o tênis. E no trabalho também. A gente costuma usar esse exemplo. A Faria Lima era terno e gravata. Hoje, a Faria Lima é tênis e colete. O tênis precisa ser mais versátil.

Sneakerverso: É uma tendência de moda ou de uso?

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Pedro Bartelle: Tem uma tendência de moda, mas de uma moda confortável. A pandemia agravou muito isso, da busca das pessoas pelo conforto e deixar um pouco esses padrões de lado. A pandemia evidenciou esse lado do conforto. As pessoas acabaram valorizando mais isso. Mas, principalmente, a saúde. Porque essa é outra estatística importante. Antes da pandemia, só 23% da população brasileira fazia atividade física. Era muito pouco. Pós-pandemia, subiu para 30%. Ainda é pouco, mas cresceu bastante. Então, as pessoas na pandemia se deram conta que se estivessem melhor fisicamente, poderiam atravessar melhor por uma dificuldade como a Covid, por exemplo. Por isso, a gente especializou a empresa no esportivo. E a gente vê que vai crescer. Quer dizer, quanto mais informação, mais pessoas praticarão atividade física. E quanto mais as pessoas quiserem ir para o lado do conforto, da praticidade e da própria performance, o tênis vai fazer diferença. Eu, por exemplo, vinha muito para as feiras de sapato. E eu chegava no final do dia com dor nas costas. Hoje a gente vem de tênis, termina, amanhã a gente está ótimo de novo.

"Produção nacional exportaria muito mais com custos reais de produção"

Sneakerverso: Queria voltar contigo sobre a produção nacional. Quais são os maiores desafios de hoje na produção nacional de tênis? É custo? É logística? O que é?

Pedro Bartelle: Inclusive, eu sempre agradeço essa pergunta, porque eu sou conselheiro da Abicalçados. Nasci no calçado, então sou um grande defensor da indústria nacional. O Brasil tem todos os sistemas, todos os maquinários, tanto para criar quanto para produzir qualquer tecnologia a nível mundial. E a mão de obra brasileira é ótima e especializada. A nossa associação Abicalçados prova que o Brasil é mais produtivo do que a Ásia. Mas quando nós vamos falar de custos, e esses custos são injustos, os custos asiáticos são muito menores. Além de uma infinidade de custos financeiros subsidiados que a gente nem consegue entender, por causa dessa caixa preta que está lá, o que pega num setor que é o quinto maior empregador da indústria de transformação, que é o setor calçadista, é a mão de obra. Eu, para não errar, hoje em dia estou falando que o custo da mão de obra asiática é um terço do custo da nossa, porque é menos ainda. Mas, minimamente, eles pagam três vezes menos do que nós. 40% do custo do calçado, em média, é mão de obra. Aí já terminou a competitividade.

Sneakerverso: Mas, Pedro, como é que vocês têm fábricas exitosas no Brasil com essa diferença de custo?

Pedro Bartelle: Nós temos um imposto de importação que protege um pouquinho, e conseguimos ser mais ágeis. A gente tem uma indústria rápida que consegue repor o nosso cliente mensalmente. Quando o nosso concorrente se abastece da Ásia, ele precisa comprar com seis meses de antecedência. Ele tem que usar a bola de cristal e dizer qual vai vender mais, qual vai vender menos. Então, o produto que vende pouco tem liquidação, o mundo funciona assim, e o produto que vende muito não tem a reposição. No nosso caso, tem. E a gente consegue potencializar a venda. E há também os produtos mais de entrada, os produtos de melhor custo-benefício, que têm menos mão de obra. Então, esse produto, a gente tem um pouco mais de competitividade no Brasil hoje. Mas, sem dúvida nenhuma, se essa indústria tivesse o mesmo custo da indústria asiática, nós teríamos uma exportação infinitamente maior.

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Sneakerverso: E há saída para isso?

Pedro Bartelle: A gente tem, por meio da Abicalçados, tentado sensibilizar governo atrás de governo, não importa qual que seja, que analise bem isso e traga a competitividade. Porque, de fato, há duas décadas atrás, o Brasil era o terceiro maior produtor de calçados do mundo e era um especialista muito mais do que a Ásia. E a Ásia, pelos seus custos, foi tomando esse lugar. E nós mesmos somos um pouco culpados porque nós exportamos muitos técnicos para a Ásia para ensinar a fazer sapato lá. A gente não pode desempregar no Brasil. E o que está errado? É o custo brasileiro? Não. O errado está lá. É o custo lá. Porque aqui a gente tem as dificuldades todas, é um país em crescimento, não é um país rico, o Brasil. Apesar de que eu acho que o Brasil é o país mais rico do mundo, a gente que não sabe, a gente não sabe aproveitar nossa riqueza. Mas é um país que protege, respeita as leis, coisa que os asiáticos não. Então, se a gente pudesse ter condições igualitárias, nós, além de ter um mercado nacional muito mais gerador de emprego, abastecido pelas empresas brasileiras, conseguiríamos exportar muito mais do que a gente exporta hoje.

Linha Under Armour Project Rock
Foto: Under Armour/Estadão / Estadão

Sneakerverso: Eu queria falar agora especificamente de Project Rock, que é uma linha que eu gosto muito, eu sei que você também é fã. Eu queria que você falasse dos planos para essa linha especificamente aqui no Brasil.

Pedro Bartelle: Todo esse projeto desenvolvido pela Under Armour Internacional, eu particularmente considero, junto com o Curry, com essa turma, ativos importantíssimos para a divulgação da marca, porque eu vejo que esses assets, esses patrimônios que eles têm, não são contratações exclusivas. Ah, contratou para fazer publicidade. Não. Eles se envolvem mesmo. Quando a gente vê um artista tão conhecido se envolvendo e ajudando, inclusive, no desenvolvimento do produto, é muito legal. É uma licença da marca que a Under Armour desenvolve, que tem um custo mais elevado, mas tem um padrão de qualidade superior. O nosso plano, como Vulcabras, como propósito de democratizar o esporte no Brasil, é trazer a produção para o Brasil também. Então, a gente está em vias de trazer um pouco mais da coleção dele para ser feita no Brasil, tanto por nós como produtores de calçado, quanto por parceiros que a gente produz roupas. Trazer um pouco mais desse vestuário. Ainda é, eu diria, até embrionário no Brasil. Mas o The Rock é um personagem de uma imagem muito boa. Seria muito bom se ele pudesse não só promover a marca, mas trazer uma imagem para a juventude, de uma pessoa muito correta, como ele é, um grande artista, uma grande pessoa.

Sneakerverso: Por último, eu queria saber se você acha importante falar algo como grupo que ainda não falamos?

Pedro Bartelle: Olha, nós não falamos muito sobre as dificuldades lá do Rio Grande do Sul. Nós somos uma empresa que tem várias sedes. Então, a gente é uma empresa brasileira, mais do que qualquer coisa. A Vulcabras nasceu em Jundiaí, Azaleia nasceu em Parobé, as fábricas estão no Nordeste. Então, é uma empresa brasileira. Mas a nossa base de desenvolvimento é no Rio Grande do Sul, ela fica em Parobé, dos nossos 18 mil colaboradores, mil, estão lá no Rio Grande do Sul. Felizmente, a gente não foi diretamente afetado, mas 25% da produção de calçados do Brasil é feita no Rio Grande do Sul e muitas indústrias foram afetadas.

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A gente está, como associação, ajudando a resgatar essa indústria todas. O Rio Grande do Sul vai se levantar com rapidez. Nossa indústria calçadista vai, mas os comércios vão demorar muito mais, porque esses foram muito afetados e muitos estão embaixo da água. Mas é uma mobilização muito grande que a gente tem feito, tem divulgado por meio da Abicalçados para, principalmente, para reconstruir as casas dos funcionários que foram atingidos diretamente por essa enchente. A gente estima que é em torno de 5 mil. Só nós temos 35 famílias que foram atingidas. Essas, a Vulcabras rapidamente auxiliou e está repondo todas as coisas para que elas possam ter uma tranquilidade de reconstruir suas casas.

Mas só um recado se me permite, dentro da entrevista, que é a gente está vendo uma mobilização no Rio Grande do Sul impressionante, que nos preocupa que ela não continue, porque ela precisa permanecer por muitos meses, porque a parte inicial que deu para fazer de salvamento, de auxílio, de doações e de abrigar essas pessoas, inicialmente foi feito. Mas agora a reconstrução do Estado, que é a reconstrução de uma parte importante do Brasil, vai precisar de uma ajuda de todos os Estados. É preciso não para de ajudar!

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