Major Ronald monitorou redes sociais de Marielle e definiu data e local do ataque, diz PGR

PGR diz que major foi responsável por comunicar a presença de Marielle na Casa das Pretas em 14 de março de 2018

10 mai 2024 - 12h29
(atualizado às 12h56)
A vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes, assassinados há seis anos, serão lembrados na Câmara dos Deputados.
A vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes, assassinados há seis anos, serão lembrados na Câmara dos Deputados.
Foto: Divulgação/CMRJ / Estadão

O major Ronald Paulo Alves Pereira, acusado no caso do atentado contra Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes, declarou à Procuradoria-Geral da República (PGR) que recebeu a incumbência de escolher a data e o local do ataque, bem como de obter informações sobre a rotina da parlamentar por meio do monitoramento das redes sociais. 

De acordo com o relatório da Polícia Federal (PF), obtido pelo Terra e que resultou nas prisões dos irmãos Brazão e do delegado Rivaldo Barbosa, os investigadores mencionam que o major foi responsável por comunicar a presença de Marielle na Casa das Pretas em 14 de março de 2018, dia de seu assassinato, no bairro do Estácio, na região central do Rio de Janeiro, onde "encontrou a oportunidade para a execução do homicídio."  Ele teria feito uma ligação para Edmilson da Silva de Oliveira, conhecido como Macalé, apontado como intermediário do crime e morto em 2021. 

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Após obter a informação, o Major Ronald telefonou para Macalé na manhã do dia do atentado comunicando a informação. De acordo com a PGR, em seguida, o intermediário ligou para Lessa para repassar a informação recebida.

O local escolhido para o atentado, a Casa das Pretas na Rua dos Inválidos, foi deliberadamente distante do trajeto de chegada ou saída da Câmara de Vereadores, conforme exigido pelo delegado e ex-chefe de Polícia Civil, Rivaldo Barbosa, para evitar uma conotação política do crime, como afirmou a Polícia Federal.

"Em relação a Rivaldo Barbosa, Ronnie Lessa declarou que aceitou a empreitada homicida, pois os irmãos Brazão expressamente afirmaram que o então chefe da Divisão de Homicídios da PCERJ teria contribuído para preparação do crime, colaborando ativamente na construção do plano de execução e assegurando que não haveria atuação repressiva por parte da Polícia Civil. Ronnie pontuou que Rivaldo exigiu que o M.F. da S. não fosse executada em trajeto de deslocamento de ou para a Câmara Municipal do Rio de Janeiro, pois tal fato destacaria a conotação política do homicídio, levando pressão às forças policiais para uma resposta eficiente", diz a PF em relatório. 

Quem é major Ronald 

Preso durante a Operação Intocáveis em 2019, ele foi apontado como responsável pela logística do grupo de assassinos conhecido como Escritório do Crime, garantindo que os assassinatos ocorressem sem deixar vestígios.

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Segundo Ronnie Lessa, em depoimento à PF, o major Ronald atuava como "empreiteiro de construções irregulares" em Rio das Pedras. Ronald foi condenado em outubro de 2021 por participação em organização criminosa nas comunidades de Rio das Pedras e Muzema. Ele é considerado um dos líderes do grupo, ele recebeu uma sentença de 17 anos e seis meses de prisão.

Ronald também é acusado de participação no caso conhecido como Chacina da Via Show, na Baixada Fluminense, em 2003. Em dezembro daquele ano, quatro jovens foram assassinados na saída de uma festa. Renan Medina Paulino, 13 anos, Rafael Medina Paulino, 18 anos, Bruno Muniz Paulino, 20 anos, e Geraldo Sant'Anna, 21 anos, teriam se envolvido em uma briga na casa noturna e foram sequestrados por PMs encarregados da segurança do local.

A PF prendeu Robson Calixto da Fonseca, o Peixe, e o policial militar Ronald Paulo Alves Pereira, conhecido como major Ronald, sob acusações de envolvimento nas mortes da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Ambos foram presos na quinta-feira, 9, e têm vínculos com as milícias da Zona Oeste do Rio.

De acordo com a PF, Peixe tinha como função arrecadar valores no bairros da Taquara, enquanto Ronald foi apontado como "empreiteiro de construções irregulares" em Rio das Pedras.

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Robson Calixto também foi citado no relatório da PF. No documento, os investigadores mencionam Calixto como intermediário na encomenda da morte de Marielle e Anderson. Em 2018, ele foi citado em notícias encaminhadas ao Disque-Denúncia como um "miliciano" e apontado como responsável por arrecadar os lucros do grupo paramilitar na área da Taquara. O documento também diz que Calixto tem ligação com Chiquinho e Domingos Brazão.

Como assessor de Domingos Brazão na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Peixe continuou a trabalhar com Domingos mesmo após o ex-parlamentar se tornar conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio (TCE-RJ). Além disso, colaborou com uma contribuição de R$ 300 na campanha para vereador de Chiquinho Brazão em 2016. A PF afirma que esse valor foi exatamente o montante recebido por Peixe como pagamento por serviços prestados.

Fonte: Redação Terra
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