Lula criticou tarifas de Trump, defendeu a soberania do Brasil e afirmou que negociações serão baseadas no diálogo, rejeitando interferências externas e responsabilizando Bolsonaro pelas medidas prejudiciais.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a falar sobre as negociações com os Estados Unidos após a imposição de tarifas de 50% sobre as exportações brasileiras e declarou nesta quinta-feira, 17, que não será 'um gringo' que dará ordens a ele, em referência ao presidente Donald Trump.
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A declaração de Lula se deu na abertura do 60º Congresso da União Nacional dos Estudantes (Conune), sediado em Goiânia (GO). Durante o discurso, o petista abordou o tema da soberania nacional e se colocou como um 'negociador': "Tenho certeza de que o presidente americano jamais negociou 10% do que eu negociei na minha vida".
"O multilaterismo permitiu que os Estados pudessem viver mais ou menos em harmonia, com respeito à soberania de cada Estado. Nada é conseguido na marra, mas tudo é conseguido com uma boa conversa e com uma boa disputa de conhecimento", afirmou.
Lula, então, falou sobre a relação diplomática entre Brasil e Estados Unidos e voltou a falar sobre o superávit estadunidense no comércio entre os países. Também abordou a questão política no anúncio de Trump sobre as novas tarifas de 50%, em que o republicano saiu em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
"O Brasil tem 201 anos de relações diplomáticas com os EUA, não são 200 dias. O Brasil tem um déficit comercial, de serviço e comércio, de US$ 410 bilhões em 15 anos. É por isso que a gente não aceita a ideia do presidente mandar uma carta dizendo que 'se não libertar o Bolsonaro, nós vamos taxar em 50%'. afirmou Lula, que continuou:
"Nós não aceitamos que ninguém, de nenhum país fora do Brasil, se meta nos nossos problemas internos. (...) Não é um gringo que vai dar ordem para este presidente da República", afirmou.
Lula também citou os esforços do governo brasileiro às negociações com os Estados Unidos, coordenadas pelo vice-presidente Geraldo Alckmin e pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e as comparou ao jogo de truco.
"Quando o cara truca, a gente tem que escolher: eu corro ou grito 'seis' na orelha dele. Eu estou jogando. O Brasil gosta de negociação", disse o petista.
Por fim, o presidente apontou Jair Bolsonaro e seu filho, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), como responsáveis pela taxação de Trump e os citou como 'traidores'.
“Eles agora têm que ser tratados por nós como os traidores da história desse país. Ele que tenha vergonha, se esconda da sua covardia e deixe esse país em paz porque eles não tiveram nenhuma preocupação com os prejuízos que essa taxação vai trazer ao povo brasileiro, que vai trazer a indústria, a agricultura, aos serviços, ao salário do povo, nenhuma preocupação”, declarou.