O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, afirmou nesta sexta-feir que pediu ajuda a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) para que intercedessem junto ao presidente da Corte, Joaquim Barbosa, a fim de que ele autorizasse o tratamento médico ao deputado federal José Genoino (PT-SP).
O parlamentar, que também foi presidente do PT, está preso desde o fim de semana passada no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, onde passou mal. Em julho, ele foi submetido a uma cirurgia no coração. Genoino é um dos condenados na Ação Penal 470, o processo do mensalão.
Ontem, o ministro Joaquim Barbosa decidiu que Genoino poderá cumprir a pena em regime domiciliar ou hospitalar até que ele seja submetido a uma perícia médica. "Felizmente, prevaleceu o bom senso e, desde ontem, o Genoino está podendo ser cuidado como precisa ser. Agora, esperamos, depois do exame da junta médica, que o Supremo determine aquilo que for conveniente. Não vou expressar qual é a conveniência, mas, ao que tudo indica, que ele tenha possibilidade da prisão domiciliar para ser cuidado", disse o ministro, que esteve na inauguração do polo de reciclagem de Gramacho, antigo lixão de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.
Carvalho, que é amigo da família de Genoino, enfatizou que o estado de saúde do parlamentar é delicado e que a doença que ele tem pode levá-lo à morte. "Nós não podemos brincar com a vida. Ainda mais com a vida de uma pessoa que deu sua vida pelo País. Quem conhece Genoino sabe disso. Ele é uma referência de ética para nós", defendeu.
Ele não quis comentar a fuga do ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzzolato para a Itália, alegando que não tinha proximidade com o executivo. "Prefiro não falar do caso", disse.
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A prisão de condenados por envolvimento no mensalão deu origem a vários memes desde sábado. Entre os 11 primeiros a serem presos, estão João Paulo Cunha (esq.), José Genoino, José Dirceu e Delúbio Soares (dir.)
Foto: Twitter
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Internautas "criam" lata de Coca-Cola Zero sobre o mensalão
Foto: Twitter
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Reação ao gesto feito por José Genoino ao se entregar
Foto: Facebook
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José Genoino e José Dirceu fizeram o mesmo gesto de levantar o braço, e viraram alvo de memes
Foto: Twitter
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Montagem mostra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sendo preso
Foto: Twitter
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Mensagem critica a postura de José Genoino
Foto: Twitter
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Neste meme, José Dirceu pede "sem violência" antes de ir para a prisão
Foto: Twitter
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Detentos "esperam" por José Dirceu na prisão
Foto: Twitter
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O gesto do braço levantado, desta vez com algemas penduradas
Foto: Twitter
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Genoino "voa" pelo espaço neste meme
Foto: Twitter
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O deputado José Genoino é alvo de piadas após fazer um gesto antes de ser preso
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Genoino "vencendo" uma luta
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José Genoino no cartaz do filme 'Avengers'
Foto: Twitter
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Genoino voando com o Super-Homem
Foto: Twitter
O mensalão do PT
Em 2007, o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento no suposto esquema denunciado em 2005 pelo então deputado federal Roberto Jefferson (PTB) e que ficou conhecido como mensalão. Segundo ele, parlamentares da base aliada recebiam pagamentos periódicos para votar de acordo com os interesses do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Após o escândalo, o deputado federal José Dirceu deixou o cargo de chefe da Casa Civil e retornou à Câmara. Acabou sendo cassado pelos colegas e perdeu o direito de concorrer a cargos públicos até 2015.
No relatório da denúncia, a Procuradoria-Geral da República apontou como operadores do núcleo central do esquema José Dirceu, o ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares e o ex- secretário-geral Silvio Pereira. Todos foram denunciados por formação de quadrilha. Dirceu, Genoino e Delúbio responderam ainda por corrupção ativa.
Em 2008, Sílvio Pereira assinou acordo com a Procuradoria-Geral da República para não ser mais processado no inquérito sobre o caso. Com isso, ele teria que fazer 750 horas de serviço comunitário em até três anos e deixou de ser um dos 40 réus. José Janene, ex-deputado doPP, morreu em 2010 e também deixou de figurar na denúncia.
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O relator apontou também que o núcleo publicitário-financeiro do suposto esquema era composto pelo empresário Marcos Valério e seus sócios (Ramon Cardoso, Cristiano Paz e Rogério Tolentino), além das funcionárias da agência SMP&B Simone Vasconcelos e Geiza Dias. Eles responderam por pelo menos três crimes: formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro. A então presidente do Banco Rural, Kátia Rabello, e os diretores José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório foram denunciados por formação de quadrilha, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. O publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, respondem a ações penais por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O ex-ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) Luiz Gushiken é processado por peculato. O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato foi denunciado por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
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16 de novembro - Avião da PF com condenados do mensalão chega ao aeroporto de Brasília. Na foto, José Genoino (de camisa rosa) é conduzido por policiais federais
Foto: Pedro França
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16 de novembro - Agente da PF impede que Marcos Valério siga antes de outros condenados no julgamento do mensalão ao chegarem ao IML, em Belo Horizonte. A atitude do agente, que possibilitou a chegada de jornalistas à van onde estava Valério, irritou o operador do esquema de corrupção, que chamou o policial de "incompetente"
Foto: Wesley Rodrigues/Hoje em Dia
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16 de novembro - Avião decola de São Paulo com José Dirceu e José Genoino de Congonhas em direção a Minas Gerais. O destino final dos dois condenados no julgamento do mensalão será Brasília
Foto: Vagner Magalhães
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16 de novembro - Uma aeronave da Polícia Federal, um jato da Embraer com capacidade para 50 pessoas, decolou às 14h27 de São Paulo
Foto: Vagner Magalhães
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16 de novembro - Em Minas Gerais, onde embarcarão outros sete condenados no julgamento do Mensalão, para então voltar para Brasília
Foto: Vagner Magalhães
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16 de novembro - O avião saiu da capital federal na manhã deste sábado
Foto: Vagner Magalhães
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16 de novembro - O avião pousou em São Paulo vindo da capital federal por volta das 13h, permanecendo por volta de uma hora e meia ao lado da pista principal para reabastecer
Foto: Vagner Magalhães
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16 de novembro - José Dirceu e José Genoino já embarcaram no avião da Polícia Federal, que pousou na pista de Congonhas no começo da tarde deste sábado
Foto: Vagner Magalhães
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16 de novembro - O ex-presidente do Partido dos Trabalhadores (PT) José Genoino e o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, deixam o prédio da Polícia Federal em um Corolla escoltado, rumo ao aeroporto de Congonhas, em São Paulo (SP), neste sábado para serem levados a Brasília
Foto: Alex Falcão
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15 de novembro - José Dirceu (ex-ministro-chefe da Casa Civil, considerado chefe da quadrilha do mensalão) foi condenado a 10 anos e 10 meses de prisão em regime inicial fechado
Foto: Bruno Santos
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15 de novembro - Como questionou o crime de quadrilha, cumpre inicialmente pena de sete anos e 11 meses, por crime de corrupção ativa, o que dá direito ao regime semiaberto, quando o preso trabalha de dia e dorme em cadeia específica. Para configurar regime fechado, o tempo de prisão precisa superar oito anos
Foto: Bruno Santos
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15 de novembro - O ex-presidente do PT José Genoino chega à Superintendência da PF
Foto: Bruno Santos
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15 de novembro - Genoino chegou à sede da PF em um carro preto e parou para ser fotografado. Ele entrou no prédio com o semblante fechado, mas com o braço esquerdo levantado
Foto: Bruno Santos
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15 de novembro - A família protestou contra a imprensa na chegada do ex-presidente do PT
Foto: Bruno Santos
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15 de novembro - Rioco Kayano, mulher de Genoino, é vista na Superintendência da PF
Foto: Bruno Santos
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15 de novembro - O advogado Luiz Fernando Pacheco acompanha Genoino
Foto: Bruno Santos
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15 de novembro - Homem protesta durante chegada de envolvidos no esquema do Mensalão, na sede da Polícia Federal em Brasília (DF)
Foto: Beto Nociti
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15 de novembro - Jacinto Lamas (ex-tesoureiro do PL) chega à da Polícia Federal em Brasília (DF). Ele foi condenado a cinco anos de prisão em regime semiaberto
Foto: Beto Nociti
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15 de novembro - Condenada a 12 anos, sete meses e 20 dias de prisão em regime fechado, Simone Vasconcelos (ex-funcionária de Marcos Valério), se entrega à Polícia Federal em Belo Horizonte (MG)
Foto: Douglas Magno/O Tempo
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15 de novembro - O ex-deputado do PTB Romeu Queiroz também se entregou em Belo Horizonte. Ele foi condenado a seis anos e seis meses de prisão em regime inicial semiaberto e não apresentou embargos infringentes
Foto: Douglas Magno/O Tempo
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15 de novembro - Em São Paulo, manifestantes protestam contra a prisão dos envolvidos no Mensalão
Foto: Bruno Santos
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15 de novembro - Kátia Rabello (ex-presidente do Banco Rural) se entrega à PF em Belo Horizonte. Ela teve a pena reduzida de 16 anos e oito meses de prisão para 14 anos e cinco meses, mas continua em regime fechado
Foto: Douglas Magno/O Tempo
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15 de novembro - Marcos Valério (empresário, considerado o operador do mensalão), se entrega na Polícia Federal em Belo Horizonte. Ele foi condenado a a 40 anos, quatro meses e seis dias de prisão, além de multa de R$ 3,062 milhões. Apresentou embargos infringentes para o crime de quadrilha, o que reduziria em dois anos e 11 meses a pena total. O desconto não é suficiente para livrar o réu do regime fechado
Foto: Alberto Wu
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15 de novembro - Ramon Hollerbach na PF de Belo Horizonte. O Ex-sócio de Valério foi condenado a 29 anos, sete meses e 20 dias de prisão em regime fechado, mas entrou com embargos infringentes para questionar todos os crimes, mesmo sem ter os votos favoráveis necessários para parte deles
Foto: Alberto Wu
O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) respondeu processo porpeculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia incluía ainda parlamentares do PP, PR(ex-PL), PTB e PMDB. Entre eles o próprio delator, Roberto Jefferson. Em julho de 2011, a Procuradoria-Geral da República, nas alegações finais do processo, pediu que o STF condenasse 36 dos 38 réus restantes. Ficaram de fora o ex-ministro da Comunicação Social Luiz Gushiken e o irmão do ex-tesoureiro do Partido Liberal (PL) Jacinto Lamas, Antônio Lamas, ambos por falta de provas.
A ação penal começou a ser julgada em 2 de agosto de 2012. A primeira decisão tomada pelos ministros foi anular o processo contra o ex-empresário argentino Carlos Alberto Quaglia, acusado de utilizar a corretora Natimar para lavar dinheiro do mensalão. Durante três anos, o Supremo notificou os advogados errados de Quaglia e, por isso, o defensor público que representou o réu pediu a nulidade por cerceamento de defesa. Agora, ele vai responder na Justiça Federal de Santa Catarina, Estado onde mora. Assim, restaram 37 réus no processo.