Bolsonaro errou o nome de Javier Milei em um pedido de asilo político encontrado pela Polícia Federal, que integrou o relatório final que o indicia, junto ao filho Eduardo, por crimes contra o Estado Democrático de Direito.
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) escreveu errado o nome do presidente da Argentina, Javier Milei, no texto do pedido de asilo encontrado pela Polícia Federal. O documento consta no relatório final da PF que resultou no indiciamento de Bolsonaro e do filho, Eduardo, pelos crimes de coação no curso do processo e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito por meio da restrição ao exercício dos poderes constitucionais.
Receba as principais notícias direto no WhatsApp! Inscreva-se no canal do Terra
Em vez de colocar Javier Gerardo Milei, o nome completo do presidente argentino, uma imagem do pedido de asilo mostra que foi escrito "Miliei". Veja:
Segundo as investigações, o pedido de asilo, nomeado "Carta JAIR MESSIAS BOLSONARO.docx", contém 33 páginas e foi salvo no celular do ex-presidente no dia 10 de fevereiro do ano passado, às 18h28. O criador e último autor do documento remete a Fernanda Bolsonaro, apontada pela PF como a esposa de Flávio Bolsonaro.
O documento é feito em primeira pessoa e faz um pedido de asilo político, em regime de urgência, a Milei, aliado de Bolsonaro, sob justificativa de que estaria sofrendo perseguição política no Brasil. "De início, devo dizer que sou, em meu país de origem, perseguido por motivos e delitos essencialmente políticos. No âmbito de tal perseguição, recentemente, fui alvo de diversas medidas cautelares", diz um trecho.
O pedido foi salvo dois dias após a deflagração da Operação Tempus Veritatis, que apurou a tentativa de golpe de Estado depois das eleições de 2022, cujo um dos principais alvos foi o ex-presidente.
"Embora se trate de um único documento em formato editável, sem data e assinatura, seu teor revela que o réu, desde a deflagração da operação Tempus Veritatis, planejou atos para fugir do país, com o objetivo de impedir a aplicação de lei penal", afirma a PF.
No relatório, os investigadores relembram que cerca de dois meses antes da última edição do documento, em 5 de dezembro de 2023, Bolsonaro informou ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes que iria viajar para a Argentina entre os dias 7 e 11 do mesmo mês.
"Os elementos informativos encontrados indicam, portanto, que o ex-presidente Jair Bolsonaro tinha em sua posse documento que viabilizaria sua evasão do Brasil em direção à República Argentina, notadamente após a deflagração de investigação pela Polícia Federal com a identificação de materialidade e autoridade delitiva quanto aos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito por organização criminosa", diz a PF.
Com a conclusão da investigação, o relatório final foi encaminhado ao STF que, por sua vez, pediu manifestação à Procuradoria-Geral da República.