Curada de câncer raro, americana celebra realizações no ciclismo

Campeã paralímpica na Rio-2016, Jamie Whitmore se renovou como atleta após batalhar contra um sarcoma e lutar pela vida. De volta à cidade, ela leva três bronzes no Mundial

25 mar 2018 - 08h13

A americana Jamie Whitmore está prestes a "comemorar" os dez anos de sua primeira cirurgia contra um câncer, na próxima quarta-feira. É assim que a ciclista, uma das atrações do Mundial Paralímipico do Rio, que termina neste domingo, no Velódromo do Parque Olímpico, brinca com o fato, após lutar pela vida e se renovar como esportista de alto rendimento.

Maior vencedora da história do circuito de triatlo X Terra nos Estados Unidos, com 37 vitórias, seis títulos nacionais e um Mundial, Jamie cresceu com a ideia de que seria bem-sucedida nos esportes. Aos cinco anos, começou a nadar. Depois, praticou softball e vôlei, antes de descobriu a paixão pelo ciclismo MTB e de pista, que pratica hoje.

Em 2008, ela foi diagnosticada com um sarcoma no nervo ciático, após se queixar de dores na perna esquerda. É um tipo raro de tumor, maligno, que compromete os tecidos conjuntivos entre a pele e os órgãos internos. Foi assim que perdeu a maior parte dos movimentos na região e se tornou atleta paralímpica. Na Rio-2016, levou um ouro na estrada e uma prata na pista, e realizou o sonho de ir aos Jogos.

- Acho que foi mais fácil retornar do câncer do que voltar a competir após ser campeã no Rio (risos) - contou Whitmore, ao LANCE!, antes de explicar a frase curiosa.

- Retornar da doença foi o que me moveu a conseguir ter a oportunidade de chegar ao topo. Já o ano de 2017 foi uma luta. Tive alguns problemas pessoais e me separei.

Se virar a página da doença foi missão cumprida, o processo de recuperação reservou muitas lutas. Jamie não entendia como uma campeã mundial saudável poderia viver um pesadelo como aquele.

- Era um tumor agressivo. Foi assustador. Meses após a primeira operação, removeram a segunda parte. Mas minhas funções não mudaram muito. Eu quase morri.

Jamie Whitmore faturou três medalhas de bronze no Mundial do Rio de Janeiro Marco Antonio Teixeira/MPIX/CPB
Jamie Whitmore faturou três medalhas de bronze no Mundial do Rio de Janeiro Marco Antonio Teixeira/MPIX/CPB
Foto: Lance!

No Mundial, Jamie subiu no pódio em todas as provas que disputou. Ela levou o bronze na perseguição individual 3km C3, no contrarrelógio 500m C3 e no scratch 10km C1-3. Agora, a ciclista foca em nos Jogos de 2020.

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- Em 2018, estou buscando um novo caminho para ir a Tóquio.

Lado atleta falou mais alto que o detetive

Jamie Whitmore é um dos muitos exemplos de sucesso do modelo americano de esporte e educação. Em 1998, ela completou os estudos em Criminologia pela California State University e chegou a cogitar trabalhar como investigadora. Mas o lado esportista, que já cultivava desde a infância, falou mais alto.

Aos 25 anos, Jamie percebeu que teria sucesso no ciclismo, ao conquistar resultados expressivos na pista e no mountain bike. E as competições de triatlo se tornaram o foco, sobretudo no circuito do X Terra.

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- Cheguei a fazer algumas entrevistas para ser investigadora e detetive. Mas deixei para depois. Quem sabe um dia eu retome? - contou a ciclista, que tem como hobby assistir a séries de televisão com os filhos gêmeos, Christian e Ryder, que nasceram um ano após a última das três cirurgias.

- Assisto a muitas séries policiais e de ação. Minha favorita é "The Blacklist". Sou muito intrigada por desvendar situações, entender crimes e roubos. Hoje, seria mais difícil para mim ser uma detetive, mas vamos ver. Sou feliz como atleta e palestrante motivacional - afirmou a americana, que ainda tem na lista de programas preferidos "Gotham" e "Hart of Dixie".

BATE-BOLA

Jamie Whitmore Ciclista, ao

LANCE!

'Está no sangue ser competitiva. Eu não me imagino sem fazer esporte'

Você pedala há anos, mas agora está focada de vez na pista?

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O ciclismo de pista não é tão diferente do mountain bike, mas, sim, é diferente. Ficar somente nesta modalidade tem sido muito animador, pois não tenho de me preocupar com a chuva ou em comprometer minha bicicleta. Mas pratico MTB, pois adoro pedalar, e coordeno uma equipe da modalidade. Estou muito feliz por ter uma segunda chance de competir como profissional no ciclismo.

Como se renovou como atleta?

Não consigo imaginar minha vida sem atividade física. Ser competitiva está em meu sangue. Minha categoria tem se tornado mais forte a cada ano, o que me motiva. As rivais me inspiram a ser mais rápida e encontrar meios de me sobressair, pois não sou uma jovenzinha. Farei 42 anos em maio.

Você teve seus filhos após a doença. Como foi a experiência?

Hoje, meu desafio é ser uma atleta bem sucedida, sem ser egoísta. Em casa, sou mãe. Não tem a Jamie medalhista paralímpica. Mas eles me motivam.

QUEM É ELA

Nome

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Jamie Whitmore

Nascimento

4/5/1976, em Mount Aukum (EUA)

Altura

1,69m

Peso

52kg

Conquistas

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Duas medalhas na Paralimpíada Rio-2016 (ouro na estrada classe C1-3 e prata na perseguição individual de 3.000m); seis títulos mundiais (estrada e pista), 37 vitórias, seis títulos americanos e um mundial no X Terra; eleita pela ESPY Award a melhor atleta paralímpica de 2014.

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