A operação de busca e apreensão em sua casa, na zona sul do Rio, e a retenção de seus passaportes pela Polícia Federal, por suspeitas de envolvimento num esquema de compra de votos para escolha do Rio como sede olímpica em 2016, deixaram o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Arthur Nuzman, em situação delicada e constrangedora. Não há nada, por enquanto, que confirme sua participação no esquema de corrupção. Mas o dirigente acaba de se igualar ao grupo do qual sempre fez questão de se distanciar – seus colegas da CBF.
Há vários anos, Nuzman se orgulhava internamente de não ver o COB e seus dirigentes no centro de escândalos de corrupção ou nem sequer investigados por supostos desvios. Fazia comentários reservados sobre isso toda vez que a cúpula da CBF surgia no noticiário com acusações de cometer atos ilícitos.
Seus auxiliares mais próximos também repetiam exaustivamente que a trajetória de Nuzman não tinha nada que ver, por exemplo, com a de Ricardo Teixeira, que dirigiu a CBF de 1989 a 2012, já foi investigado por três CPIs e está indiciado pela Justiça dos EUA desde 2015.
Baseavam-se, em parte, na biografia de Nuzman como esportista, um ex-atleta olímpico de vôlei e que fez carreira do outro lado da quadra como presidente da Confederação Brasileira de Voleibol no período em que as Seleções masculina e feminina ganharam notoriedade com títulos importantes.
Ao longo dos últimos anos, Nuzman chegou a repetir algumas vezes em conversas com jornalistas que o COB, apesar de receber dinheiro público, jamais havia se tornado alvo de uma investigação da Polícia Federal ou do Ministério Público. Fazia isso com alguma discrição, e sempre como contraponto à exposição da CBF em imbróglios com a justiça.
Ao mesmo tempo, Ricardo Teixeira e seus assessores apresentavam versões contrárias e afirmavam que em algum momento a corda ia arrebentar nas mãos dos dirigentes do COB. Como investigado, Nuzman agora integra o time de Teixeira e Marco Polo Del Nero, outro indiciado pela Justiça dos Estados Unidos sob acusação de receber propina em contratos de competições de futebol.