Há um consenso de que a disciplina é uma virtude. Mas quando esse termo se aplica ao futebol e é acrescida de alguns excessos, manifestados por manias, ordens e regras que extrapolam, a figura do disciplinador acaba como malvista. Esse registro tem como alvo o técnico Paulo Sousa, agora o comandante de um Flamengo repleto de medalhões.
Impedir o uso de celular durante o café da manhã e o almoço pode soar como uma medida educativa para crianças e jovens adolescentes. Pensar que Gabigol, Diego Ribas, Filipe Luís e Arrascaeta, entre outros, vão acatar com naturalidade essa parte da cartilha do treinador português, quando estiverem no centro de treinamento, beira a ingenuidade.
Não se trata de dar força a uma teoria da conspiração, que poderia sugerir já uma antipatia do grupo com o novo técnico. Mas a história do futebol está farta de casos assim e é bom que Paulo Sousa comece a ganhar, e bem, a maioria dos jogos do Flamengo nesse início de temporada. Se entrar água no navio, a tendência é que cada um busque o bote salva-vidas e deixe a embarcação à deriva.
Mas não é só com as restrições ao celular que Paulo Sousa pretende dar um novo rumo ao time. Os treinos da manhã, que antes começavam às 10 horas, agora, passaram para as 8 horas. Isso significa que muitos jogadores vão ter de sair bem cedo de casa, antes mesmo das 7hs. Basta uma adaptação, sim. Mas basta também que a equipe não se aprume para que a nau portuguesa afunde.