Alvo de xingamentos e ameaças na internet e presencialmente, William Bonner foi obrigado a se isolar do mundo.
Certa vez, tomava um café numa padaria do Rio quando uma mulher exaltada passou a criticá-lo em voz alta, chamando a atenção de todos.
“Não só me insultava, como fazia a 1 metro e meio de distância do meu rosto. E eu não posso reagir. Apenas dizia: 'Não faça isso, não faça'. E as pessoas ao redor num constrangimento”, relembrou no ‘Conversa com Bial’ em 2020.
“E eu me sentia culpado por isso. Todos à volta só queriam tomar um café da manhã. Não queria tornar o dia de ninguém ruim.”
Odiado por extremistas da esquerda e da direita, ele se viu impedido de exercer o direito de ir e vir livremente. “A polarização chegou a um ponto em que minha presença em determinados locais públicos era motivadora de tensões.”
A vida social do âncora se restringiu a encontros com parentes e amigos próximos. “Eu recebo muitos convites, mas qual é o meu temor. Se eu for ao teatro e houver um, porque basta um, num teatro, num avião, num aeroporto. Basta um levantar a voz e fazer uma graça com o celular filmando, eu arruíno o show, arruíno a peça de teatro e estrago a viagem de todo mundo”.
Aliás, viagens pelo Brasil se tornaram quase proibidas. Desistiu inclusive dos voos da ponte-aérea a fim de evitar possíveis manifestações políticas de passageiros.
Para visitar os pais dele, William Bonemer e Maria Luiza, quando estavam doentes (ambos já faleceram), o jornalista fazia frequentes bate-voltas de carro entre Rio e São Paulo, dirigindo quase 1.000 km nos dois trechos.
A partir de 4 de novembro, quando não estará mais na bancada do ‘JN’, ele vai ter uma rotina mais tranquila ao lado da mulher, a ceramista Natasha Dantas, e dos cães do casal.