Starlink é a única que atende exigências em licitação do Exército, diz jornal

Jornal revela que a Starlink, companhia do bilionário Elon Musk, é a única capaz de cumprir exigências em licitação do Exército na Amazônia

19 mai 2024 - 23h39
(atualizado em 20/5/2024 às 20h27)

Uma licitação do Exército no valor de R$ 5,1 milhões para compra de internet via satélite na Amazônia tem pré-requisitos que só podem ser atendidos pela Starlink, a companhia do bilionário Elon Musk. É o que revela uma reportagem do jornal Folha de S.Paulo publicada neste domingo (19).

Foto: Divulgação/Starlink/CC-2.0 / Canaltech

Segundo o edital divulgado pelo Comando Militar da Amazônia, do Exército Brasileiro, para enviar uma proposta à licitação a empresa deve atender aos seguintes requisitos:

Publicidade
  • Satélite de baixa órbita;
  • Velocidade de download mínima de 80 megabits por segundo (Mbps);
  • Velocidade de upload mínima de 20 Mbps;
  • Latência inferior a 100 milissegundos.

De acordo com a publicação, sete empresas que atuam no país poderiam cumprir o pré-requisito de satélite de baixa órbita, porém apenas a empresa do bilionário sul-africano ou companhias que atuam aqui revendendo serviços da Startlink atenderiam os demais parâmetros.

A empresa Hughes Telecomunicações do Brasil, fornecedora de internet via satélite no país, informou o Exército sobre atender requisitos de velocidade, mas com latência superior (280 milissegundos), mas a Força teria negado a solicitação da rival da Starlink na disputa.

Receptor da Starlink posicionado; empresa é a única capaz de atender exigências do Exército em licitação para compra de internet via satélite na Amazônia, diz reportagem do jornal Folha de S.Paulo (Imagem: Evgeny Opanasenko/Unsplash)
Foto: Canaltech

Edital amarrado, diz concorrente

Para o sócio da Marques Tecnologia, companhia que participou da disputa, Rogério Claudionor Marques, o edital está "amarrado" e apenas companhias que trabalham com a tecnologia da Starlink teriam como atender àquelas condições.

"Do jeito que eles amarraram [o edital da licitação], não tem como. Nem as empresas que são detentoras de satélites no Brasil. Naquelas especificações, se não mudar, eu só vejo Starlink", comentou à Folha de S.Paulo.

Publicidade

Para o diretor-executivo do Instituto de Tecnologia e Sociedade Fabro Steibel, a diferença na latência entre os serviços é irrelevante dependendo da finalidade da conexão.

"Para o dia a dia de uma empresa ou de um órgão público, a diferença da latência de 100 para 200 [milissegundos] faz pouca ou nenhuma diferença. Faz muita diferença se você é um gamer ou opera na Bolsa de Valores", explicou.

Steibel afirmou ainda que o edital desrespeita regras de proporcionalidade. "O que me parece é que as exigências estão desrespeitando as regras de proporcionalidade. O quanto você pede tem que ser proporcional ao tanto que você precisa. O Estado precisa justificar por que está restringindo a concorrência", disse o especialista à Folha de S.Paulo.

O que diz o Exército

Em nota, o Exército afirmou que o edital foi elaborado com base em pesquisas de mercado e nas necessidades operacionais da Força. O Canaltech entrou em contato com o Exército Brasileiro e com o Comando Militar da Amazônia a fim de obter mais informações sobre o tema e atualizará esta matéria em caso de resposta.

Publicidade

Fonte: Folha de S.Paulo

Trending no Canaltech:

É fã de ciência e tecnologia? Acompanhe as notícias do Byte!
Ativar notificações