Uma empresa de Petrópolis, município da Região Serrana do Rio de Janeiro, clama para si este papel, utilizando como trunfo maior um certificado de eficiência energética concedido pelo Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel), da Eletrobrás, em 1997, assinado também pelo então ministro de Minas e Energia, Raymundo Brito. A Duralux, microempresa dos engenheiros Joel Franco Sacilotti e Marco Antônio de Carvalho Sacilotti, produziu, há oito anos, um dimmer eletrônico homônimo, de patente 100% nacional que, segundo seus inventores, "gradua a luminosidade da lâmpada; aumenta sua vida útil para até 80 mil horas; proporciona economia de energia em mais da metade do consumo da lâmpada e tem custo muito menor do que as fluorescentes (R$ 3,90 a unidade para o lote de mil)".
Joel Sacilotti disse ao Economia.Net que mesmo tendo conferido um certificado de eficiência, "o governo nunca teve interesse em investir no produto e tem feito uma campanha, através do Procel, para difamar a qualidade do dimmer, dando privilégios à lâmpada importada".
"O que falta ao país é o sentimento de brasilidade e confiança em seus próprios produtos. Não sei quem, mas alguém está tirando vantagens com a importação destas lâmpadas fluorescentes", sugere Joel Sacilotti.
O engenheiro Elvo Burini confirmou que o Procel, depois de conceder o prêmio para o Duralux, enviou um produto de características semelhantes à USP, para que fosse avaliado.
"Não sei confirmar se era o Duralux, mas realmente reprovamos o dimmer porque ele produzia uma tensão inferior à normal na lâmpada incandescente, aumentando a vida últil dela, em detrimento da eficiâcia da produção de luz. Outro fator que levou ao laudo negativo foi a utilização do iodo como composto químico, sem garantias de segurança para o usuário", afirmou.
Joel Sacilotti se defendeu dizendo que nunca soube de laudo algum da USP e que o seu produto já fora testado pelo Ministério do Exército e pela Cemig que, inclusive, recomendam a utilização do Duralux. "Como o Procel concede um certificado de eficiência e depois divulga que um laudo de outra instituição reprovou o produto? O organismo está, então, dizendo que é incompentente. Existem outros interesses por trás disso tudo", salienta, sem dizer quais são.
O Procel disse, através de sua assessoria de imprensa, que não tem interesse em comentar este assunto.
A distribuição das lâmpadas fluorescentes vai custar R$ 140 milhões, com o custo indo para as concessionárias, que pagarão a conta com recursos do recolhimento obrigatório de 1% da receita, destinado anualmente por elas a programas de eficiência energética.
As lâmpadas eficientes ainda não são fabricadas no Brasil. A unidade de 11 watts tem luminosidade equivalente a uma comum de 60 watts. A incandescente custa R$ 0,80 e dura mil horas. Já a eficiente dura oito mil horas e custa R$ 13,90.
A lâmpada eficiente de 23 watts, que equivale a uma incandescente de 120 watts, dura 15 mil horas, tem um ano de garantia e custa cerca de R$ 37. Para entrar no Brasil, as eficientes são taxadas pelo Imposto de Importação, com alíquota entre 15% e 20%.