O racionamento de energia elétrica colocado em prática pelo governo, involuntariamente acabou trazendo reflexos positivos para a segurança pública. A proibição de operação de caixas eletrônicos entre 22h e 6h é apontada pela polícia como principal responsável pela queda de 46,19% nos casos de seqüestro-relâmpago em São Paulo no mês de junho, se comparado ao mesmo período do ano passado.Segundo o delegado Valter Sérgio de Abreu, da 3º Delegacia de Departamento de Investigações Sobre Crimes Patrimoniais(Depatri), especializado em seqüestros-relâmpagos, este tipo de crime já vinha sofrendo redução mensal média de 15% desde janeiro de 2001. "Passamos a utilizar patrulhamento ostensivo, com policiais e carros à paisana, e o limite para saque imposto pelos bancos também colaborou", explicou o delegado. Segundo suas estatísticas, 52% dos seqüestros-relâmpagos acontecem entre 18h e 0h. "O fechamento dos caixas às 22h atinge em cheio a um dos horários onde este crime mais acontece", disse Abreu.
De acordo com o delegado, 64% das vítimas deste tipo de seqüestro são homens, na maioria das vezes entre 25 e 35 anos. Em 72% das ocorrências, a vítima foi abordada enquanto estava ao volante de um veículo. A polícia considera que as pessoas precisam se acostumar a só carregar o cartão do banco em caso de necessidade. "Tem gente indo até a padaria com cartão. É um risco, porque o ladrão pode inicialmente querer roubar apenas o carro, mas se encontrar um cartão de banco, acaba decidindo seqüestrar também", explicou Abreu.
Neste ano, a polícia prendeu 102 pessoas especializadas em seqüestros-relâmpagos. Para o delegado, a redução nos casos poderia duplicar se a população colaborasse mais com a polícia. "Montamos um álbum de fotos digitalizado para auxiliar no reconhecimento do criminoso. Mas, infelizmente, 99,32% das vítimas dizem ser incapazes de reconhecer o ladrão", lamentou. O telefone para denúncias é 6221-7011, ramais 277 e 278.