A Petrobras tem unidades espalhadas em quase todo o país --incluindo plataformas, refinarias, gasodutos, sedes administrativas, postos de distribuição e terminais-- que juntas consomem 700 megawatts, contra uma produção própria de 150 megawatts.

O plano de economia de energia será apresentado na próxima semana ao governo e tem como princípio fundamental manter a produção da empresa nos atuais níveis, de 1,3 milhão de barris diários para abastecer um mercado de consumo de 1,7 milhão de barris diários, em números de abril. "Só faltava agora termos uma falta de óleo também", disse Gomez, referindo-se à escassez de energia que fez o Brasil mergulhar na pior crise energética da sua história, devido à falta de chuvas e investimentos.

Gomez explica que o plano da Petrobras para garantir a manutenção da sua produção leva em conta a reativação do uso de geradores, já instalados nas refinarias, que vão acrescentar mais 70 megawatts ao sistema da Petrobras. Além disso, está sendo passado um "pente fino'' nas instalações industriais, mudando, onde possível, o uso da energia elétrica por gás natural.

"Os compressores que usavam motores vão passar para gás natural, assim como as caldeiras e a exploração de campos em terra, todo o processo industrial será engajado no esforço de economia de energia'', informa Gomes.

Nas plataformas marítimas já existe um programa de conservação de energia, assim como nos terminais que recebem o produto retirado dos campos, o que torna a economia adicional muito difícil de ser feita. "Os terminais não tem alternativa de racionamento, por isso queremos que a Petrobras seja tratada como um todo, de forma que as unidades que podem economizar mais ajudem a equilibrar o consumo dos terminais'', disse Gomez.

O plano de racionamento do governo, anunciado em 22 de maio, impõe uma redução de 20 por cento da energia das indústrias com consumo médio de energia --ou não eletrointensivas-- como é o caso da Petrobras. Por ser estatal, além dos 20 por cento a empresa precisa cortar mais 10 por cento sobre esta redução, o que soma uma economia total de 22 por cento por mês até novembro, quando está previsto o fim do plano de racionamento.

Se acatado pelo governo, o tratamento diferenciado para a Petrobras não deverá desencadear uma sucessão de pedidos de exceção à Câmara de Gestão da Crise de Energia Elétrica, avalia a analista do BES Securities, Monica Araújo. "A Petrobras presta um serviço que é tão importante --como o abastecimento de água, que ficou fora do racionamento-- imagina se a gente tiver que começar a racionar combustível também, seria o caos'', avalia a analista.

Ela prevê que o governo deverá acatar o pedido porque a produção da Petrobras não pode ser prejudicada, com risco de prejuízo para as próprias contas do país. "O governo tende a conceder isso para a empresa, pois não pode deixar ocorrer uma redução da produção'', avalia a analista.