Crise faz Ipea reduzir projeção de crescimento do Brasil
Quarta, 30 de maio de 2001, 18h14
O plano de racionamento de energia elétrica fez com que o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) reduzisse sua projeção de crescimento para a economia brasileira em 2001 já revisada de 4,0 % para 3,0 %. O instituto, ligado ao Ministério de Planejamento, Orçamento e Gestão, disse na quarta-feira que, embora ainda seja prematuro avaliar o real impacto do racionamento, é possível estimar que a crise de energia deverá reduzir a demanda de forma significativa. ``Estamos estimando ainda com muitas incertezas porque ainda há duvidas quanto à maneira como o racionamento vai ser implementado'', disse Eustáquio Reis, economista do instituto.
A previsão inicial do Ipea era de crescimento de 4,3 por cento, mas a estimativa tinha sido alterada depois que os números oficiais do primeiro trimestre, mostrando uma expansão de 3,77 por cento, foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O Ipea foi o último a engrossar a fila de bancos privados e consultorias que revisaram para baixo suas estimativas de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) diante da crise energética. Pesquisa da Reuters, conduzida na segunda-feira e terça-feira com 21 economistas, mostrou que as expectativas de crescimento agora variam de 1,5 por cento a 3,3 por cento, abaixo dos 4,0 por cento inicialmente previstos. De acordo com a pesquisa, divulgada nesta quarta-feira, o PIB deverá crescer na média 2,79 %.
Em 2000, a economia brasileira cresceu 4,46 por cento. O plano de racionamento, que entra em vigor em 1 de junho, tem como objetivo reduzir o consumo de energia em 20 por cento em média para evitar que o país entre em colapso por causa da escassez de energia elétrica.
Pelos novos cálculos do Ipea, os investimentos deverão crescer 4,8 por cento este ano, em vez dos 6,5 por cento originalmente estimados, enquanto a taxa de desemprego deverá subir de 6,3 por cento para 6,8 por cento.
Quanto à inflação, a taxa medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), monitorado pelo instituto, deverá fechar o ano em 6,0 por cento e não mais os projetados 4,8 por cento, informou o Ipea.