A crise energética do Brasil pode reduzir o poder aquisitivo da maior economia latino-americana e prejudicar as vendas de alimentos agrícolas argentinos ao país, conforme assinalou o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) da Organização dos Estados Americanos. ``A crise contribuiria para aprofundar a tendência de instabilidade monetária observada nos últimos meses que já obrigou o Banco Central (brasileiro) a tomar medidas anti-inflacionárias, como aumentos na taxa de juros, o que seria refletido em uma diminuição das compras de produtos naturais argentinos'', ressaltou o IICA.
No contexto de crise energética, o governo brasileiro busca cortar o consumo elétrico nos próximos seis meses, o que geraria uma desaceleração da economia do Brasil que, segundo o Banco Santander Central Hispano, cresceria este ano 2,2 por cento e não 4,1 por cento, como estimado anteriormente.
De acordo com o organismo, a crise energética poderia desvalorizar o real frente ao dólar, o que afetaria a capacidade de compra de alimentos agrícolas argentinos.
Segundo um relatório emitido na segunda-feira pela Fundación Capital de Argentina, as exportações ao Brasil caíram 8,0 por cento em março, em relação ao ano passado e os setores mais afetados foram a indústria de laticínios, o algodão, as hortaliças e legumes, os azeites e o açúcar.
Do total exportado pela Argentina em 2000, que foi de 26,25 bilhões de dólares, 7,02 bilhões corresponderam a vendas ao mercado brasileiro, com quem a Argentina obteve um superávit de 583 milhões de dólares.