As deficiências no sistema de transmissão e o baixo nível dos reservatórios podem levar a região Nordeste a aumentar as cotas de racionamento, adotando limites de cortes maiores que no Sudeste e Centro-Oeste.
Os estados do Nordeste, atualmente, só têm condições de receber até 1,3 mil MW das regiões Norte e Sudeste. Deste total, 1 mil MW vem da usina de Tucuruí (PA), sendo que a média de consumo no Nordeste é de 6 mil MW. A capacidade de transmissão para o Nordeste poderia ser acrescida em 1,7 mil MW com a entrega da duplicação do linhão Imperatriz (MA)/Samambaia (DF), mas o prazo de entrega da obra é abril de 2003. O linhão, com 1.278 quilômetros de extensão, faz parte das obras prioritárias estabelecidas pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) para evitar o racionamento em 2002 e poderá ser antecipada.
Além das novas linhas, a região Nordeste terá que torcer por um bom período chuvoso. O nível de chuvas registrado até agora é de 41% do esperado, bem abaixo dos 73% estimados pelo ONS. O mês abril deste ano foi considerado o mais seco dos últimos 70 anos. A mesma previsão foi feita, pelo ONS, para o mês de maio. Para abastecer o reservatório do rio São Francisco, responsável por 99% do fornecimento de energia no Nordeste, é preciso que as chuvas aconteçam na usina de Três Marias (MG) e no trecho da fronteira entre Minas e Bahia. Os reservatórios do Nordeste estavam, até ontem, com apenas 28,1% da capacidade e, para garantir o fornecimento em 2002, tem que chegar ao final do ano com o nível mínimo de 5%.