A maioria das empresas calçadistas de Franca já aderiu ao programa de economia de energia elétrica, apagando luzes e remanejando as escalas de produção para evitar o uso de máquinas em horários de pico. Segundo o presidente do Sindicato das Indústrias Calçadistas, Élcio Jacometi, ainda não foi possível fazer um cálculo para estimar qual será a economia que as empresas farão, "mas com certeza haverá redução de consumo sem prejudicar a produção e sem dispensar funcionários. O setor não terá prejuízos".
Uma projeção do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aponta um crescimento de 7,5% nas exportações de calçados de Franca, impulsionada pela desvalorização cambial. "Todos nós sabemos que o Brasil joga muita energia fora.
Essa é a hora de mostrar que é possível manter um ritmo de vida e de trabalho economizando, evitando desperdícios", diz Jacometi, que também é diretor da indústria Jacometi e deverá assumir a presidência da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) em julho.
A Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL), responsável pela distribuição de energia no município, espera que a partir de junho o setor faça uma economia de pelo menos 20% de energia. Franca é o maior pólo exportador de calçados masculinos do Brasil. No ano passado, as exportações atingiram cerca de US$ 80 milhões.
As empresas Curtume Tropical e Calçados Free Way já conseguiram uma redução de aproximadamente 12% no consumo nas últimas semanas, apenas com o remanejamento nos horários de produção e com o apagar de algumas luzes. "Nossa crise energética é mais grave do que imaginamos. Pode haver apagão sim. Precisamos economizar bem mais que 20%", diz o proprietário das duas empresas, Wayner Machado Silva.
Ele está instalando dois geradores no Curtume Tropical e outros oito no Calçados Free Way. O investimento total é de mais de R$ 500 mil. Silva também tem projeto para construir uma nova unidade produtiva em sua fazenda, no município de Franca.
Estudos encomendados por ele mostram que é possível utilizar os recursos hídricos da fazenda para gerar energia própria. O projeto para a construção de uma pequena hidrelétrica prevê parcerias com seus vizinhos.