Rio - O ex-presidente do conselho deliberativo do Vasco Antônio Gomes da Costa prestou depoimento nesta quarta-feira na CPI do Senado, que investiga supostas irregularidades no futebol brasileiro. Ele confirmou que o atual presidente do clube, deputado Eurico Miranda (PPB-RJ), extrapolava as suas funções quando era vice-presidente de futebol.
Antônio disse que Eurico ultrapassou sua competência estatutária ao assinar cheques do clube. Mas o poder que o deputado tem no clube ficou visível quando Antônio disse que o conselho deliberativo decidiu e registrou em ata, de 1 de junho de 1998, que Eurico não seria obrigado a devolver aos cofres do clube a parte da renda de um jogo entre Vasco e Fluminense. Eurico afirmou ter sido roubado ao deixar o Maracanã com este dinheiro.
Como todos os outros dirigentes do Vasco que prestaram depoimento, Antônio garantiu que desconhece a existência de uma conta bancária do clube no exterior. O senador Álvaro Dias (PSDB-PR), presidente da CPI, garante que a Comissão vai fazer de tudo para identificar esta conta, a fim de descobrir os beneficiários do depósito de R$ 12,5 milhões realizados pelo Vasco no exterior. Esse dinheiro poderia ter alguma ligação com a Vasco da Gama Licenciamentos. Antônio disse que cópia do contrato de parceria com essa empresa nunca foi entregue ao conselho deliberativo, mas que Eurico nunca se negou a dar informações sobre o assunto.
Mas se Eurico nunca sonegou informações, Antônio teve que se explicar justamente por tomar este tipo de atitude. O senador Geraldo Althoff (PFL-SC), relator da CPI, leu cartas enviadas ao conselho deliberativo do clube por Hércules Figueiredo Santana, membro do conselho fiscal do Vasco, a Antônio. Nessas cartas, Hércules cobrava a convocação do conselho para discutir as contas do clube em 1997, os atos praticados pela diretoria e o contrato firmado com a Vasco da Gama Licenciamentos. O conselho demorava a prestar essas informações. Antônio justificou o erro alegando que era comum no clube o descumprimento dos prazos para convocações de reuniões destinadas a analisar o tema.
Para análise dos senadores, Antônio tem até 48 horas para fornecer cópia das atas de todas as reuniões realizadas pelo conselho deliberativo durante a sua gestão. Althoff questionou a atitude de Antônio da Costa, enquanto presidente do conselho deliberativo, de não recomendar ao conselho fiscal a indicação de um substituto ao presidente do colegiado entre 1998 e 1999, Silvestre Teixeira Filho, sempre ausente nas reuniões do grupo. O depoente disse desconhecer a ausência de Silvestre Teixeira nas reuniões do conselho fiscal, a quem, na sua opinião, caberia indicar um substituto ao presidente faltoso.
Antônio é sócio do Vasco há 40 anos, tendo ocupado a presidência do conselho deliberativo por nove anos. Ele disse ter conhecido Eurico quando freqüentava o Clube Ginástico Português, mas negou qualquer vínculo comercial ou financeiro com o atual presidente do Vasco.