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Veganos não são contra os indígenas por eles comerem carne

Os povos originários são exemplos importantíssimos para os tempos atuais, eles têm muito a nos ensinar.

9 ago 2023 - 14h00
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Indígena caçando
Indígena caçando
Foto: CanvaPro

Os povos indígenas em sua maioria têm o hábito de caçar e pescar, até mesmo animais considerados fofos, como é o caso dos macacos. Por outro lado, o veganismo é um movimento de libertação animal, que luta para que todos os seres sejam livres. De acordo com essas informações, nós veganos deveríamos ser contra os indígenas por conta de seus hábitos, estilo de vida e tradição alimentar.

Entretanto, é de uma ignorância sem tamanho colocar os indígenas no mesmo barco de um consumo global, oriundo da produção pecuária e agroindustrial. O sistema capitalista de exploração animal opera por meio de outra lógica. 

A pesca e caça dos povos indígenas não interfere no ecossistema e não cria, e mata animais em larga escala de forma sistêmica, o que é completamente diferente da lógica capitalista industrial.

Sempre que formos analisar a relação entre o ser humano e outros animais, precisamos colocar na balança uma série de questões, como sobrevivência, escala, necessidade, estilo de vida, economia, acessibilidade, entre outros.

Enquanto os indígenas estão inseridos numa cultura mais natural, que envolve atividades como pesca e caça em escala completamente reduzida, visando a subsistência. Aqui do outro lado, nós, na nossa economia capitalista, lidamos com os animais como produtos, bilhões deles são criados como objetos, exploramos, matamos e comercializamos como se fossem coisas e não seres sencientes.

Com isso, geramos valor, fazemos propagandas, estimulamos o consumo e botamos preço nesses animais. Dentro da nossa cultura esses seres são condicionados ao sofrimento por puro capricho, prazer e lucro.

O ato de se alimentar com produtos de origem animal tem outra conotação na nossa cultura, hoje em dia é mais hábito baseado em prazer do que necessidade. O que difere completamente de povos que lidam com os animais de forma natural, visando a sobrevivência da sua comunidade.

Então, nós veganos, somos completamente a favor dos indígenas. Além disso, lutamos para preservar toda sua diversidade cultural, linguística, religiosa, seus territórios e estilo de vida.

Tem um argumento muito usado por pessoas politizadas que consomem produtos de origem animal da agroindústria e estão inseridas nos centros urbanos, que é mencionar como os povos indígenas e populações rurais vivem, para dar sustentabilidade ao consumo de animais.

É um argumento que não faz o menor sentido, pois se você é urbano e se alimenta de produtos oriundos dessa indústria, você faz parte de outra lógica, e contribui para que bilhões de animais sejam criados para morrer.

O debate do veganismo precisa ser contextualizado e diversas questões precisam ser consideradas. Lutar pela exploração animal criando inimigos e defendendo um estilo de vida que não seja aplicável para outras populações não é benéfico à causa. Os indígenas têm outra relação com a terra, com os animais e outra tradição alimentar. 

Além de compreendermos o estilo de vida dos indígenas, o veganismo tem como argumento a defesa dos territórios indígenas. Nós veganos nos opomos ao consumo de carne principalmente por conta dos animais. Mas os efeitos positivos da redução e abolição do consumo de carne são diversos.

Por exemplo, o principal inimigo dos indígenas e até mesmo dos quilombolas, são os latifundiários e mega-fazendeiros que ocupam áreas quilométricas para produzir soja, milho e criar gado.

A soja e o milho vão virar ração para o gado, e no fim o gado vai virar carne para exportar e uma quantia é destinada ao consumo doméstico. E toda essa lógica agropecuária é responsável pela grande devastação do território indígena. Então, lutar pelo fim do consumo da carne e produtos de origem animal da nossa dieta, é uma forma direta para defender as terras indígenas. Portanto, o veganismo além de não ser contra os indígenas, luta em prol dos povos originários.

Se liga:

E se tiver algum vegano defendendo que todos os humanos devem virar vegano, ignorando qualquer contexto, e que os indígenas são cruéis por matarem animais, essa pessoa está completamente fora da realidade, seu ativismo é completamente sem sabedoria, e não ajuda em absolutamente nada, muito pelo contrário.

Se você ler em qualquer lugar que veganos são contra indígenas por eles se alimentarem de caça, tenha certeza que é uma afirmação falsa e maldosa.

Vegano Periférico Leonardo e Eduardo dos Santos são irmãos gêmeos, nascidos e criados na periferia de Campinas, interior de São Paulo. São midiativistas da Vegano Periférico, um movimento e coletivo que começou como uma conta do Instagram em outubro de 2017. Atuam pelos direitos humanos e direitos animais por meio da luta inclusiva e acessível, e nos seus canais de comunicação abordam temas como autonomia alimentar, reforma agrária, justiça social e meio ambiente.
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