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Vila fantasma é atração turística na Amazônia

As ruínas ficam em Iranduba, a 30 km de Manaus [...]

9 mai 2024 - 08h24
(atualizado às 19h19)
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Tal qual Fordlândia, no vizinho Pará, um pedaço da história da Amazônia segue abandonada e sendo tratada com desprezo.

Na margem direita do Rio Negro, a 30 quilômetros de Manaus (AM), a Vila de Paricatuba continua atraindo turistas que por, conta própria, visitam as ruínas do que foi um antigo leprosário, no município de Iranduba.

A construção, erguida no final do século XIX para hospedar imigrantes italianos, durante o Ciclo da Borracha, já foi também casa de detenção, Liceu de Artes e Ofícios e hospital para portadores de hanseníase.

De acordo com o Instituto Durango Duarte, o Leprosário Belisário Penna tinha capacidade para trezentos enfermos e funcionou como área de isolamento, entre 1931 e o início da década de 1960, quando os pacientes foram transferidos para a Colônia Antônio Aleixo, em Manaus.

Secretaria de Cultura do Amazonas/Reprodução
Secretaria de Cultura do Amazonas/Reprodução
Foto: Viagem em Pauta

Mas nem a Lei nº 4.260, de 2015, que declarou o local como Patrimônio Histórico Cultural Imaterial do Estado do Amazonas, conseguiu garantir um melhor uso para o local, atualmente, tomado pela floresta que cobra o que lhe foi tirado.

Com alto potencial para o turismo histórico e de experiência, daqueles que outros países tão bem conseguiram transformar em produto turístico, a Vila de Paricatuba parece longe de voltar ser o que um dia foi um imponente exemplar arquitetônico, com pisos de pinho de riga, paredes com azulejos portugueses e janelas coloniais.

Construção da antiga hospedaria de imigrantes, em Paricatuba
Construção da antiga hospedaria de imigrantes, em Paricatuba
Foto: Instituto Durango Duarte / Viagem em Pauta

De acordo com relatos encontrados nas redes sociais, turistas contam sobre a dificuldade não só para chegar ao local, mas também de encontrar pessoas que possam guiar visitantes.

E o que o visitante vê hoje, além de ruínas, parece fruto das alucinações causadas pelo paricá, que emprestou seu nome para a vila, em referência ao rapé feito com sua casca e usado em rituais xamânicos.

Ruínas multiuso

Em algumas épocas do ano, a Vila de Paricatuba ganha uma demão de esperança e abriga eventos que têm as ruínas como cenário.

Em 2022, o projeto Natal nos Municípios iluminou as Ruínas de Paricatuba para receber apresentações musicais e teatrais para a comunidade local.

"É um local emblemático e por isso resolvemos fazer o evento aqui, contemplando as pessoas de Iranduba e também da Vila [de Paricatuba], pois elas merecem ver uma apresentação como essa", declarou, na época, Davi Nunes, maestro e diretor do Liceu de Artes e Ofícios Claudio Santoro.

No ano anterior, o local foi inspiração para o espetáculo Bolero - Nas Ruínas de Paricatuba, criado pelo Corpo de Dança do Amazonas (CDA) com o objetivo de ocupar espaços públicos com a dança. Concebido para as ruínas de Paricatuba, a apresentação acabou virando uma live transmitida no palco do Teatro Amazonas, devido às restrições da pandemia de covid.

Corpo de Dança do Amazonas, em Paricatuba
Corpo de Dança do Amazonas, em Paricatuba
Foto: Secretaria de Cultura do Amazonas/Reprodução / Viagem em Pauta

Fordlândia: outra vila fantasma

Localizada no município de Aveiro, no Pará, Fordlândia foi um dos maiores fracassos da história da montadora Ford, no Brasil.

O proprietário Henry Ford, que em 1927 investiu pesado na criação de uma cidade operária no estado, pôde até ter domado máquinas e homens com seu bem sucedido sistema de produção industrial. Mas na maior floresta tropical do mundo, o buraco da seringueira é bem mais embaixo.

Altas temperaturas, doenças tropicais e solo inadequado foram as primeiras barreiras na intenção de produzir o próprio látex para suas fábricas nos Estados Unidos.

Neste texto publicado no Viagem em Pauta, você conhece os 5 erros da Ford na Amazônia.

Fordlândia
Fordlândia
Foto: Wikimedia Commons / Viagem em Pauta
Viagem em Pauta
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