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'Testes da coronavac são positivos e voluntários não apresentaram reações adversas', diz Doria

Testes da vacina, que é uma parceria do Butantã com a chinesa Sinovac Biotech, acontecem desde o dia 21 de julho e contam com a participação de nove mil voluntários

9 set 2020 - 13h38
(atualizado às 14h11)
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O governador João Doria (PSDB) afirmou em entrevista coletiva nesta quarta-feira, 9, que os testes em fase três da vacina coronavac, uma parceria do Instituto Butantã com a chinesa Sinovac Biotech, são positivos e que os voluntários não apresentaram ainda reações adversas. "Nos testes que fizemos desde 21 de julho, há quase 50 dias, não registramos reação adversa significativa nos nove mil voluntários. Os prognósticos são promissores e em breve teremos a vacina coronavac para imunizar os brasileiros de São Paulo e de todo o país", afirmou Doria.

Na coletiva, Doria lamentou a suspensão dos estudos da vacina de Oxford com a AstraZeneca, após suspeita de reação adversa grave em um dos voluntários participantes no Reino Unido. "Lamento a interrupção dos testes de Oxford e pessoalmente torço para que tudo corra bem. Nossa corrida não é para saber qual vacina chegará primeiro, mas é uma corrida pela vida. Todas as vacinas que foram boas, testadas e aprovadas devem ser colocadas para a imunização da população. Não importa que seja inglesa, russa ou de outro país. O que importa é que seja testada e aprovada pela Anvisa", afirmou.

O presidente do Instituto Butantã, Dimas Covas, afirmou que a vacina em parceria com a Sinovac tem uma tecnologia diferente da de Oxford. A coronavac é feita com o vírus inativado. Segundo ele, a interrupção do estudo de Oxford não interfere no que é feito com a coronavac. "Isso não interfere no nosso estudo clínico, que é uma vacina diferente", disse.

De acordo com Covas, mais de 4 mil voluntários já tomaram a primeira dose da coronavac. E já há voluntários que tomaram a segunda dose. Até o final de setembro, todos terão tomado as duas doses da vacina. Em 15 de outubro, haverá a análise de eficácia. "Se for demonstrada essa eficácia, a vacina poderá ser registrada na Anvisa. Em dezembro, o Butantã terá 46 milhões de doses para o Ministério da Saúde, que poderá iniciar o programa de imunização", disse Covas.

Caberá ao ministério, de acordo com Covas, decidir como será o calendário e quais serão os grupos prioritários para a vacinação. "Temos condições de fornecer até maio do ano que vem até 100 milhões de doses", disse. "Sinceramente, gostaria que as outras vacinas também se desenvolvessem rapidamente."

Doria afirmou também que somente uma vacina não será capaz de imunizar todos os brasileiros. "Se o Ministério oferecer recursos para que o Butantã aumente a capacidade, o Butantã o fará. Havendo disposição e posição republicana de saúde para os brasileiros, a coronavac poderá suprir o atendimento a milhões de brasileiros que precisam ser vacinados. E mais de uma vacina será necessária no Brasil", disse.

No final de agosto, o governo de São Paulo pediu pelo menos R$ 1,9 bilhão do Ministério da Saúde para ampliar a previsão de entrega da vacina coronavac no próximo ano, de 60 milhões para 120 milhões de doses. Sobre esse pedido ao governo federal, Doria disse que o ministro interino, Eduardo Pazuello, "está sendo correto" e que não haveria motivos para uma negativa. "Nossa solicitação foi formalizada e temos a expectativa de que haja resposta positiva", disse Doria. "Não estamos numa corrida política ou ideológica, mas uma corrida pela vida. E aqui estamos muito avançados", afirmou.

Testes da coronavac

A coronavac é uma das vacinas contra covid-19 em fase de testes em humanos, e essa etapa acontece também aqui no Brasil. Os testes acontecem desde o dia 21 de julho e começaram no Hospital das Clínicas e depois foram expandidos para outros 11 centros de pesquisa. Nove mil voluntários, somente profissionais de saúde entre 18 e 60 anos, participam do estudo. Entre os voluntários recrutados, metade recebe duas doses do imunizante num intervalo de 14 dias e a outra metade recebe duas doses de placebo.

Vacina Coronavac é uma parceria do Instituto Butantã com a chinesa Sinovac e está em fase de testes em humanos no Brasil
Vacina Coronavac é uma parceria do Instituto Butantã com a chinesa Sinovac e está em fase de testes em humanos no Brasil
Foto: Divulgação / Governo do Estado de SP / Estadão

As fases 1 e 2 de ensaios clínicos foram realizadas com cerca de 700 voluntários na China com bons resultados preliminares, de acordo com o governo paulista. O modelo experimental aplicado em macacos apresentou resultados expressivos em termos de resposta imune contra o coronavírus.

Ainda de acordo com Covas, os testes feitos em 421 voluntários com mais de 60 anos mostraram 98% de indução de anticorpos com dose intermediária. E de 99% com dose elevada. Doria já havia celebrado esse resultado no Twitter, afirmando que a taxa de eficiência da coronavac é maior do que a de vacinas para outras doenças. Ele citou no post que que a vacina da gripe tem eficiência de 50% a 60% e que estava otimista com os testes em fase 3 da coronavac.

Assim que forem comprovadas a eficácia e a segurança nesta última fase de estudos clínicos, a vacina deve seguir, de acordo com Doria, para registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A Sinovac e o Butantã vão firmar acordo de transferência de tecnologia para produção do imunizante.

Estadão
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