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Anvisa alerta para risco no uso de Ozempic e Wegovy antes de procedimentos com anestesia

Semaglutida retarda o esvaziamento do estômago, o que pode aumentar a chance de o paciente aspirar alimentos ou líquidos

16 set 2024 - 20h05
(atualizado em 28/9/2024 às 07h36)
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A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu um alerta nesta segunda-feira, 16, sobre o risco no uso de medicamentos agonistas de GLP-1, empregados no tratamento de diabetes e obesidade, em pacientes submetidos a procedimentos com anestesia ou sedação profunda.

O alerta engloba os seguintes remédios: semaglutida (Ozempic, Rybelsus, Wegovy), liraglutida (Saxenda, Victoza), liraglutida + insulina degludeca (Xultophy), lixisenatida (Soliqua), tirzepatida (Mounjaro) e dulaglutida (Trulicity).

Ozempic é um dos diferentes agonistas do GLP-1 listados no alerta da Anvisa
Ozempic é um dos diferentes agonistas do GLP-1 listados no alerta da Anvisa
Foto: Tiago Queiroz/Estadão / Estadão

Segundo a agência, como parte de sua ação farmacológica, os agonistas de GLP-1 retardam o esvaziamento gástrico, o que pode aumentar o risco de aspiração e pneumonia por aspiração — quando alimentos ou líquidos são acidentalmente inalados para as vias aéreas em vez de permanecerem no estômago.

A Anvisa afirma que as análises realizadas por autoridades internacionais não estabelecem uma associação causal entre esses remédios e a aspiração. No entanto, como a ação de retardamento do esvaziamento gástrico é conhecida e há casos publicados na literatura, a agência entende que os profissionais de saúde e os pacientes devem ser informados.

Nesse sentido, o órgão solicitou às farmacêuticas que incluam em bula o risco de aspiração em procedimentos com anestesia geral ou sedação profunda.

Além disso, a Anvisa recomenda aos profissionais de saúde que questionem os pacientes que serão submetidos a cirurgias com anestesia ou sedação profunda acerca do uso desses medicamentos e adotem medidas para garantir a ausência de conteúdo gástrico residual.

Os pacientes, por sua vez, devem fornecer tal informação aos profissionais de saúde, caso tenham uma cirurgia ou exame com anestesia planejado.

Quando interromper o tratamento?

Os riscos de broncoaspiração já eram apontados em um documento da Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA) de julho de 2023.

Na época, a entidade listou pesquisas com pacientes submetidos a exames como esofagogastroduodenoscopia e colonoscopia, que indicavam maior risco da presença de resíduos gástricos e sintomas digestivos em pacientes em uso de semaglutida, liraglutida ou dulaglutida.

O texto também menciona um consenso baseado nas orientações da Sociedade Americana de Anestesiologia, chamando atenção para uma associação entre a presença de sintomas gastrointestinais no dia do procedimento (náuseas, vômitos, indigestão e distensão abdominal) com conteúdo gástrico residual aumentado. Nesses casos, diz a SBA, os procedimentos eletivos foram adiados.

Por fim, a entidade destaca as orientações da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) sobre os agonistas de GLP-1 no contexto pré-operatório, decidindo por seguir os mesmos padrões. Desde então, a posição da SBA é a de suspender a semaglutida oral e subcutânea 21 dias antes do procedimento.

"Na hipótese de suspensão da medicação, o médico assistente deve ser comunicado e realizar o ajuste do tratamento, incluindo outras classes, caso necessário, evitando a hiperglicemia, que também é maléfica neste período", orienta.

Estadão
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