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'Avós no rolê': Elas querem curtir os netos e não cuidar deles direto

Filhos se frustram porque precisam de ajuda, mas suas mães querem viajar e ter uma vida social agitada; confira vídeo em que psicanalista discute como a questão aparece no consultório

27 out 2024 - 03h10
(atualizado às 07h51)
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Dizem que é preciso uma aldeia inteira para educar uma criança. O ditado africano faz refletir sobre como é necessária energia para a tarefa de criar os pequenos. Nas cidades urbanas atuais, porém, a missão recai, muitas vezes, sobre as avós, especialmente quando os pais estão trabalhando e a criança está doente, sem poder ir à escola, por exemplo. Quando os filhos querem sair, também pedem para as avós ficarem com as crianças.

A avó Maria de Lourdes Coselli de Escobar, em Alberobello, na Itália
A avó Maria de Lourdes Coselli de Escobar, em Alberobello, na Itália
Foto: Fernanda Guedes/Divulgação / Estadão

"Eu agora quero aproveitar, porque gosto de viajar, gosto de sair; então, acho que estou no meu momento de viver a vida. Daqui a pouco, pode ser que eu já não consiga fazer várias coisas", conclui.

No divã

A psicanalista Maristela Carvalho, que tem experiência atendendo avós, reflete: "Quando a pessoa se torna idosa, ela vai perdendo as atividades que tinha e que completavam o seu dia. Passa a ter um pouco mais de tempo livre. Acaba assumindo a função de cuidar dos netos e deixa de lado a possibilidade de aproveitar essa nova fase".

"Por um lado, ela pensa que tem bastante tempo e pode ajudar a família, porém, já foi mãe e exerceu o papel de cuidar, educar e formar. A parte de avó deveria ser mais voltada para poder curtir, passear e não ter a responsabilidade de ensinar o neto sobre as coisas do cotidiano", completa ela, que é formada em Psicologia pela Université Lumière Lyon II, na França.

"Seria importante passar algum tempo com a criança e, em outros momentos, dedicar-se às novas atividades e aos prazeres que se adquirem aos poucos neste momento da vida", resume.

Na opinião da psicanalista, os avôs precisam aprender a pôr limites quando a própria rotina é muito alterada pela demanda da família. Ao mesmo tempo, pondera, "os idosos também estão se descobrindo nesse lugar; não sabem direito do que gostam; qual é o novo interesse e com quem vão se relacionar... Fica esse hiato e, por conveniência da situação, não por maldade, os filhos pedem ajuda, mas acaba dando errado."

Confira abaixo o vídeo com a especialista, formada também pelo Centro de Estudos Psicanalíticos de São Paulo:

Estadão
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