Modelo indígena é recordista de desfiles no SPFW: "Gratidão"
Descendente de índios Tupis, a moodelo Dandara Queiroz, da Way Model, de 24 anos, foi recordista de desfiles da última edição do SPFW, que terminou sábado (4). Apresentou-se em 10 desfiles: Led, Boldstrap, Rocio Canvas, Santa Resistência, Ponto Firme, Ateliê Mão de Mãe, Martha Medeiros, Isaac Silva, Silverio e Neriage.
Na Santa Resistência, que faz parte do projeto Sankofa, abriu o desfile representando a índia guerreira Catarina Paraguaçu. A marca homenageou três mulheres de três raças diferentes que atuaram para a Independência do Brasil. Além dela, a negra Maria Filipa e a branca Maria Quitéria.
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Ao abrir o desfile, Dandara deu um grito que ecoou na sala e emocionou a todos. E sobre ele, a jovem revelou, em entrevista exclusiva ao "Elas no Tapete Vermelho": "Me inspirei em várias guerreiras filhas de tupã: Yara, Jurema, também Ita Mirī que é a cacique da tribo que me acolheu. Somos todas filhas dele. O meu grito foi um grito de guerra tupi-guarani. Foi pra mostrar a força do meu povo, a força feminina. Não é à toa que me chamo Dandara: princesa guerreira mulher de Zumbi dos Palmares, outra mulher que foi referência de força."
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"É uma responsabilidade que sinto por representar meu povo, minha origem, a cultura, e ser referência para tantas pessoas com sonhos semelhantes", afirmou. E disse que ter conquistado o recorde a faz ver o quanto o mundo da moda evoluiu e deu a oportunidade para todos se verem representados. "A diversidade reinando é lindo de se ver."
Dandara acredita que o Brasil sai na frente no aspecto de incluir diversas raças em seus desfiles. "Sou muito grata pelo fato de um evento tão grandioso como o SPFW incluir a diversidade tão intensamente, pois creio que assim será como um espelho para todo mercado da moda ter como referência. Acredito que ainda falta a expansão do que aconteceu nessa semana. O Brasil já está sendo referência nisso, mas no mundo ainda há muito o que mudar", afirmou. Para resumir todo esse momento, ela elegeu uma palavra: "Gratidão".
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A modelo nasceu em Araçatuba (SP) e foi criada em Três Lagoas (MS). Já atuou na Alemanha, trabalhou para marcas como Animale, Havaianas, Aeropostale, Água de Coco, Cia Marítima e Lenny Niemeyer, entre diversas outras, além de editoriais para Vogue, Elle e L'Officiel. Modelo há pouco mais de um ano, dedica-se nas horas vagas à realização de pinturas indígenas, poemas e composições, além da prática de Muay Thai.
Formada em Arquitetura e Urbanismo, já foi corretora de seguros e vendedora de geladinhos. Adepta do vegetarianismo, dedica-se a ações em prol de animais abandonados e da preservação do meio-ambiente.
Segunda colocada
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A segunda colocada foi Pamela Cunha (JOY Management), que computou 9 desfiles. Estrela de grifes como À La Garçonne, Neriage e Misci, a mineira de 17 anos viu sua vida mudar após ser descoberta pelas redes sociais. Em 2019, ficou em terceiro lugar no The Look of The Year, seleção de modelos que revelou nomes como Gisele Bündchen.
Homens
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Dentre os meninos, Fabricio Santana (Another Agency), foi o grande recordista. Nascido em Videira, Santa Catarina, o modelo de 27 anos totalizou 8 desfiles, incluindo Lino Villaventura e Walério Araújo.
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Outro destaque foi Mustafar (WAY Model), segundo colocado na categoria masculina, com 7 desfiles. O modelo angolano, de 21 anos, deixou a cidade de Namibe e veio para o Brasil cursar Arquitetura e Urbanismo, mas encontrou novas oportunidades e despontou na moda.
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Mustafar - cujo nome de batismo é Bráulio Tchípia - já havia desfilado em outras edições da SPFW, além de ter posado para marcas como Osklen, João Pimenta e Umbro, e editoriais para GQ e Made in Brazil. "Era algo que eu realmente sonhava! Quando apareceu a oportunidade, abracei com todas as forças", afirmou.