Outro clima foi ditado na apresentação de Victor Dzenk, que aconteceu nesta terça-feira (6), no Rio de Janeiro. Na verdade, o desfile da grife foi desmembrado em varias mini-sessões, com looks que "surgem na hora". Assim que o Terra chegou ao showroom de Victor, montado dentro do espaço do Fashion Business no Fashion Mall, a estilista da marca Babi Bovareto começou a escolher as peças, que estavam colocadas nas araras do ambiente, para montar um mini-desfile, com cinco modelos.
Embaladas ao som dos anos 70 e com Victor Dzenk sentado no chão, em uma almofada que leva a estampa de sua coleção, cinco modelos subiram na pequena passarela de sete metros e apresentaram um resumo da coleção de inverno da marca. A primeira modelo apareceu com uma calca justa de vinil combinada com uma regata comprida e estampada e um cinto colocado na região do ossinho do quadril. As sandálias, de tiras e envernizadas apareceram em todos os looks.
A calça com a estampa mãe da linha - superciliaria e com globos de discoteca - deu o ar da graça na segunda modelo. A peça foi combinada com uma camisa de cinto lateral e a meia repleta de cores foi coordenada com a sandália. O turbante foi o destaque dos outros dois próximos looks. No primeiro, apareceu preto e com glitter combinado com um kaftan fluido de Python de duas cores. A luva curta e recortada na mão direita arrematou o visual. No segundo, o turbante surgiu de paetês dourados. O kaftan Muller também foi a aposta, mas desta vez com luvas mais longas de couro.
O outro look foi o já famoso peplum preto, mas combinado com uma saia de paetês mega coloridos, além de uma jaqueta de mesma cor e estampa, mas sem brilho. A meia arrastão no joelho arrematou o look. As Frenéticas e o movimento do Dancin' Days foram perfeitamente expressados nas famosas estampas da grife, que destacaram também os desenhos de teclados de piano, famoso no figurino das Frenéticas.
"A estética foi inspirada na decoração da época, com papel de parede, com o disco", disse a estilista ao Terra assim que as modelos saíram da passarela. "A coleção segue com um shape variado, com muitas capas, que elas usavam bastante", acrescentou. "Quando criamos uma coleção, dividimos em famílias, assim como elas estão divididas nas araras. Para escolher as combinações do desfile misturamos um pouco de cada para representar tudo", disse, acrescentando que, se os figurinos forem desmembrados, podem ser tranquilamente usados no dia a dia.
Passeando pelas araras de Victor, não faltam cores e estampas, claro, mas o pretinho básico também ganha destaque, além de peças monocromáticas como verde, azul, roxo, rosa e nude. O outro desfile seguiu a linha e aconteceu minutos depois, para mais um grupo seleto de pessoas e no clima tranquilo, gostoso, descontraído, sem preocupação com fila A, famosos ou qualquer outra coisa. O foco era literalmente a coleção e, claro, as clientes de Victor.
Victor Dzenk resolveu inovar e reuniu poucos convidados e clientes em seu showroom montado dentro do Espaço do Fashion Business, no Rio de Janeiro
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Sem economizar simpatia e com boca cheia ao falar de sua marca, ele recebeu o Terra em uma conversa descontraída no sofá colorido com suas estampas, colocado em frente à passarela de, no máximo, sete metros, na sua "discoteca" particular, que segue a inspiração para o inverno 2013
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Desta vez, seus desfiles foram repartidos em pequenas apresentações durante a tarde com looks diferentes "mostrando o que dá vontade na hora", como ele mesmo disse. "Temos esse sistema de mega desfile ou médio desfile, mas eu preferi fazer um desfile indoor
Foto: Daniel Ramalho / Terra
É um desfile voltado para a minha cliente e você pode ver pelo tamanho da passarela", explicou ao Terra. "É uma apresentação comercial e para acrescentar ao que é o pulmão da minha empresa, que são as vendas", disse
Foto: Daniel Ramalho / Terra
O espaço íntimo, com paredes e chão pretos, além de outra parede estampada com globos e pianos, contava com um DJ com música disco e mesinhas onde as clientes escolhiam as peças, tudo isso regado a champanhe. Dzenk, que na última edição do Fashion Rio fez um mega desfile na favela da Rocinha, prometeu um outro "show" na próxima edição do Minas Trend Preview, no encerramento. "Vai ser um desfile-jantar no Café de la Music. As clientes vão estar sentadas nas mesas, aí vai ter a entrada e o prato principal é a coleção. Depois continua o jantar. A sobremesa vem depois, é surpresa", brincou
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Durante sua carreira, já foram cerca de 22 desfiles entre Fashion Rio e Fashion Business. "A gente vai apurando esse olhar do desfile e tendo nem tanta ansiedade de estar nesse processo que você é obrigado, às vezes, a entrar
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Estou nesse momento de querer viver coisas novas", disse. Mas, mesmo assim, existe uma diferença do "prazer" entre fazer um mega desfile e algo mais íntimo. "O mega desfile faz massagem no ego, o desfile íntimo faz massagem no meu bolso. É bom para o caixa da empresa", brincou
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Segundo Victor, antes de planejar o desfile dentro do stand, as clientes foram consultadas. "O retorno já esta sendo muito bom. Estamos bem focados na venda"
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Sobre suas apresentações exóticas, ele disse que "quer proporcionar um pouco mais do que o vaivém das modelos e associar esse momento ou com um show ou com uma experiência nova", comentou. Especificamente nesta edição, a apresentação do estilista está interativa. As clientes que chegam ao local podem escolher peças e pedir para as modelos disponíveis experimentarem
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Ao todo são 150 clientes agendadas para visitarem o espaço. No Fashion Business, a grife vende cerca de 10 mil peças. "Por incrível que pareça, no meu inverno, eu sempre bato o número de peças do verão, graças a Deus", disse
Foto: Daniel Ramalho / Terra
A coleção nasceu do movimento disco, de uma homenagem a Frenéticas e Dancing Days e foi desenvolvida durante seis meses. "Como o DNA da marca é a estamparia, foi feito um estudo das estampas da época das frenéticas. Elas usavam muitas cobras, então trouxemos a python clássica e colorida. Também temos a estampa em preto e branco, que é linda, e representa os pianos. Os paetizados não poderiam deixar de aparecer, além da estampa-mãe, que são os globos representando a discoteca, outra inspiração nos papéis de parede da época", detalhou
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Além disso, a coleção também é representada na arquitetura e decoração, em parceria com a Líder, desenvolvendo sofás, almofadas e cadeiras que, inclusive decoram o ambiente
Foto: Daniel Ramalho / Terra
"Eu trabalho nas minhas lojas ao lado dos arquitetos. Não faço mais nada hoje que não seja a quatro mãos dentro do projeto. Minha casa no Rio, por exemplo, eu fiz ela toda", contou. Essa parceria começou desde quando sua primeira loja foi aberta, há exatos dois anos
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Para o inverno, a aposta da grife são as superfícies laminadas. "São umas lycras que parecem couro, até mesmo porque meu tema pede esse tipo de base. Além disso, os comprimentos super curtos e os paetizados estampados, lisos e texturizados", disse. A coleção de Dzenk é sempre muito colorida e, segundo ele, isso favorece a mudança de uma estação para a outra
Foto: Daniel Ramalho / Terra
"É um inverno sem medo de cor. Eu sempre gosto de trabalhar com uma cartela muito ampla. É um inverno tropical, não é muito minha cara trabalhar com cores sóbrias", detalhou
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Além do mercado, essa mudança de calendário influenciou a vida pessoal de Dzenk. "Consigo ver uma coisa bem imediata, o Réveillon. Eu vou ficar 15 dias fora, em Búzios. A gente está abrindo uma loja em fevereiro, que é dentro de um clube pé na areia, em um projeto bem Saint Tropez. Mas quero curtir a cidade", disse. "A gente nunca teve um Natal ou um Ano Novo sem estresse. Tínhamos que estar com tudo pronto para um desfile que já acontecia no dia 8 ou 10 de janeiro", acrescentou
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Além disso, o requisito produção e entrega vai ser melhor. Segundo ele, todos terão mais tempo para isso. "Era tudo muito corrido. Esse ano, em especifico, foi meio cruel. Fizemos inverno, e verão e inverno de novo. Mas ano que vem está tudo normal, é adaptação", disse. "Toda mudança é complicada de absorver. Quando a engrenagem desse relógio se ajustar, vai sair tudo muito bem", acrescentou