A medula óssea é o líquido que temos dentro dos nossos ossos e que produz substâncias fundamentais para o organismo: as hemáceas, os glóbulos brancos e as plaquetas. O transplante de medula óssea, relacionado geralmente à leucemia, é também necessário em algumas outras doenças, como a anemia aplástica e os tumores sólidos.A leucemia é um tipo de câncer que afeta o funcionamento dos glóbulos brancos, agentes mais importantes no nosso sistema de defesa, que atuam também contra infecções. Há quatro tipos de leucemia, divididos em dois modelos, e o transplante não é recomendado em todos os casos, sendo que, em alguns, o tratamento com quimioterapia e radioterapia pode solucionar o problema.
Os dois modelos de leucemia são as agudas e as crônicas. As agudas, de evolução rápida, têm como sintomas hemorragias, manchas na pele, anemias, febres, enfraquecimento e aparecimento de nódulos. Estas são diagnosticadas, normalmente, entre as três primeiras semanas e os três primeiros meses de evolução da doença. Já as crônicas desenvolvem os sintomas mais lentamente e, por isso, muitas vezes o paciente demora muitos meses para descobrir que está com a doença.
O médico Cristian Barbosa, do Centro de Transplantes de Medula Óssea do Hospital Universitário de Santa Maria, afirma que muitas pessoas procuram os médicos porque sentem fraquezas, apresentam palidez ou anemia, e é comum que que se confunda isso com doenças menos graves. "Alguns pensam que é apenas um estresse, que vai passar logo, quando um simples exame de sangue poderia indicar a leucemia", afirma.
As leucemias agudas têm mais probabilidade de serem curadas através da quimioterapia. Este é o tipo mais comum entre as crianças e, por isso, segundo Barbosa, de 60% a 80% dos casos de leucemias infantis são curáveis com quimioterapia, não sendo necessário o transplante.
Já em adultos, a mais freqüente é a crônica, cujo controle através da quimioterapia é mais difícil. Os transplantes são recomendados, geralmente, nos casos de leucemia mielóide crônica, tipo mais comum entre os adultos.
O transplante pode ser feito com as células da medula óssea do doador e também com as células do cordão umbilical, retiradas no momento do nascimento.
Quando a leucemia é diagnosticada em uma mulher grávida, geralmente é recomendado o aborto. Se ela já está no sétimo ou oitavo mês de gravidez, entretanto, é feito o parto, e a mãe começa o tratamento. O aborto é recomendado porque a pessoa com leucemia fica anêmica e tem fortes sangramentos, o que acarretaria uma gravidez de alto risco tanto para a mãe quanto para o bebê. O tratamento quimioterápico prejudicaria a formação do feto, além de aumentar os riscos de aborto natural.
Segundo a Estimativa de Incidência e Mortalidade por Câncer no Brasil para o ano 2000, organizada pelo Minisério da Saúde, foram diagnosticados 3 mil casos de leucemia em mulheres, e 3.826 casos de leucemia em homens no País no ano passado. Desses, morreram da doença 62% das mulheres e 60% dos homens.
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Barbara Nickel/Redação Terra
