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Transição Energética, em clima de mudança!

No setor elétrico, a transição energética vem ganhando força e se tornou uma das formas de minimizar a emissão de Gases de Efeito Estufa (GEEs).

31 out 2022 - 10h56
(atualizado às 14h01)
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A preocupação com as mudanças climáticas é crescente em todo o globo e junto com ela novos mecanismos de mitigação são desenvolvidos nas mais diversas áreas para tentar frear ou reduzir os efeitos do aquecimento global. No setor elétrico, a transição energética vem ganhando força e se tornou uma das formas de minimizar a  emissão de Gases de Efeito Estufa (GEEs). Mas antes de adentrarmos mais a fundo nesse assunto, vocês sabem o que significa "matriz energética"?

A matriz energética representa o conjunto de fontes de energia (renováveis e não renováveis) que atendem uma dada população, seja ela pertencente a uma cidade, estado ou país. Globalmente, a matriz energética é, em sua maioria, formada a partir de fontes não renováveis (petróleo, carvão e gás natural), enquanto um pequeno percentual advém, por exemplo, da hidráulica, solar e eólica (renováveis). Segundo dados da Agência Internacional de Energia, 75% da matriz energética global é constituída por fontes que contribuem para a emissão de GEEs e, consequentemente, potencializam o aquecimento global. Apesar disso, a matriz energética brasileira se destaca positivamente no percentual de fontes renováveis, que corresponde a quase metade de toda a matriz. (cerca de 44%, segundo o Balanço Energético Nacional - BEN). 

A matriz elétrica brasileira é uma das mais limpas do mundo, isso porque mais de 80% da produção de energia elétrica do país advém de fontes renováveis. Sendo assim, a solução para um futuro mais sustentável também se dá através da substituição de sistemas de produção/consumo de energia não renováveis para fontes de energia limpa, caracterizando, portanto, o processo de transição energética.

O que é transição energética?

É uma mudança de paradigma que inclui não apenas a geração de energia, mas também o consumo e reaproveitamento da mesma. O conceito baseia-se na migração de fontes de energia poluentes - como combustíveis fósseis - para fontes de energia renováveis, como hidro, vento, sol e biomassa.

O foco da transição energética estende-se ao meio ambiente, gestão de resíduos, eficiência energética, digitalização e outros meios necessários para atingir o objetivo comum de redução das emissões de GEE e suas consequentes influências nas mudanças climáticas. Entretanto, este movimento apresenta alguns desafios, entre eles, os 4D's da Transição Energética: descarbonização, descentralização, digitalização e democratização. 

Alinhado a estes desafios, surgem termos como: meta Net-zero, TCFD, carbono neutro, carbon free e outros que visam a total redução da emissão de poluentes até meados de 2050. Para atingimento de tais objetivos, essas são pautas que vêm se tornando cada vez mais protagonistas no setor, tendo destaque em eventos como Brazil Wind Power, COP27 e demais.

Entenda melhor os desafios da transição energética  

Sem dúvida, fica claro que os benefícios da transição energética vão além da mitigação dos efeitos das mudanças climáticas. No entanto, essa transição ocorre de forma lenta e gradual sobretudo devido aos desafios sociais, econômicos, ambientais e de infraestrutura enfrentados pelo setor elétrico. Dentre estes, os maiores são: 1) atender a demanda energética de toda a população e 2) assegurar que as fontes renováveis sejam mais baratas que os recursos energéticos finitos. 

A entrada das energias renováveis no mercado torna-se ainda mais complicada devido à dificuldade em atender a demanda de forma eficaz como as demais fontes, resultando em uma desvantagem em relação ao uso de combustíveis fósseis, que não dependem de variáveis meteorológicas. 

Contudo, os níveis de geração dos parques eólico e solar, por exemplo, apresentam grandes flutuações a depender das condições atmosféricas no local de instalação. Em dias nublados, a geração solar se restringe entre 10 e 25% da sua capacidade de geração, além do calor e umidade que também afetam seu potencial de produção. Já para a geração eólica offshore, as tempestades severas que ocorrem sobre os oceanos podem causar sérios danos às turbinas além da corrosão da infraestrutura provocada pela salinidade da água. A energia hidráulica também está refém das condições atmosféricas, devido à sua dependência com o regime de chuvas. 

A construção de uma usina solar possui um custo inicial por volta de 4 a 5 milhões de reais/MW, enquanto em uma termelétrica, esse valor cai para 600 mil reais/MW. Além da implantação, a escolha adequada do local de construção também é um grande desafio a ser considerado. Mesmo com uma base de dados sólida, é necessário levar em conta o efeito das mudanças climáticas na implementação de tecnologias renováveis tendo em vista o impacto direto nos recursos hídricos e no aumento da frequência e intensidade de eventos extremos. Estudos recentes já verificaram o efeito das mudanças nos padrões de precipitação nas vazões de importantes usinas hidrelétricas do país, o que nos aciona um alerta frente aos desafios climáticos que surgem no processo de expansão e transição energética.

Como as empresas de energia estão lidando com esse movimento? 

Ainda que existam esses desafios, a transição energética é necessária. Muitas empresas do setor de energia divulgam anualmente em seus relatórios de sustentabilidade  o que elas estão fazendo para de fato realizarem essa transição. Para dar um exemplo, a EDP - Energias do Brasil divulgou em seu último relatório de sustentabilidade anual (2021), que possui como meta ser 100% verde até 2030 e, ainda, investir R$ 3 bilhões em energia solar até 2025, aumentando em 1 GW a capacidade de energia instalada. Neste aspecto, alguns grandes passos já estão sendo dados, como por exemplo, em 2021 a EDP já tinha 70% do seu portfólio de geração de energia sendo renovável. Além disso, a empresa já começou a atualizar sua frota de caminhões para serem 100% elétricos. Outro grande exemplo é a empresa CPFL Energia, no qual já possui aproximadamente 96% de sua geração de energia sendo limpa e, ainda, possui como política desde 2010 o investimento apenas em fontes renováveis de geração. 

Qual a agenda climática global ainda para essa década acerca deste tema? 

Em vista de discutir a agenda global de transição energética, a COP27 - a maior e mais importante conferência do clima do planeta - ocorrerá no mês de novembro no Egito e possui um dia específico para tratar sobre as temáticas de energia. No dia 15 de novembro, os governos devem apresentar o que já está sendo feito e o planejamento futuro de suas ações para atingir uma economia de baixo carbono. 

Neste aspecto, o Brasil deve ser um dos protagonistas em termos de energia verde, especialmente por já possuir uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo e ainda pelo seu potencial de geração em termos de energia eólica offshore e hidrogênio verde.

REFERÊNCIAS:

AUTORES:

Anna Carolina Bazzanela - Graduanda em Meteorologia pela UFRJ

Lara Marques 

Rafael Benassi

Luciano Ritter

Pedro Regoto

Vitor Hassan

Climatempo
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