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Viviane Batidão celebra melhor fase do pop amazônico e confessa: ‘Não quero que seja modinha’  Foto: Divulgação/Tereza Maciel

Rainha do tecnomelody, Viviane Batidão celebra a melhor fase do pop amazônico com a COP30: 'Não quero que seja modinha'

Embaixadora cultural da COP30, a cantora de tecnomelody celebrou a atenção do mundo para o evento na Amazônia

Imagem: Divulgação/Tereza Maciel
  • Catarina Carvalho, do Rio de Janeiro Catarina Carvalho, do Rio de Janeiro
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8 nov 2025 - 04h59
Viviane Batidão celebra melhor fase do pop amazônico e confessa: ‘Não quero que seja modinha’
Viviane Batidão celebra melhor fase do pop amazônico e confessa: ‘Não quero que seja modinha’
Foto: Divulgação/Tereza Maciel

Um sistema de som potente, luzes piscando, volume no máximo e gente pronta para curtir. Nada disso pode faltar numa boa aparelhagem, festa que virou símbolo cultural do Pará. Entre as batidas que embalam as noites paraenses, o reinado é dela: Viviane Batidão. Rainha do tecnomelody, a cantora com duas décadas de carreira celebra o auge do pop amazônico, em um momento em que todas as atenções se voltam para o Norte.

  • Esta reportagem integra a série de reportagens Filhas do Pará, que conta as histórias de grandes artistas paraenses (Gaby Amarantos e Zaynara), que exaltam a força da região. 

O hype paraense é real e não poderia ter vindo em melhor hora. Pelo menos é o que garante a artista. Com uma trajetória longa no tecnomelody, Viviane só lançou seu primeiro álbum neste ano, o É Sal. O debut coincide com o ano da COP30 em Belém, que receberá autoridades de todas as partes do mundo para discutir sobre as mudanças climáticas. 

Mais do que um evento político, a cantora acredita que a COP mexeu com o orgulho paraense. A programação de véspera é a prova disso. No mesmo palco em forma de vitória-régia do Amazônia Live, onde se apresentou a inacessível Mariah Carey, também estiveram artistas da terra, como Dona Onete, Gaby Amarantos e Zaynara

O primeiro Global Citizen Festival na América Latina também ocorreu em Belém, graças à Conferência. Esse, aliás, foi um dia inesquecível na carreira de Viviane, que cantou a inédita Só Pra Tu, ao lado de Anitta: “Um momento gigante da nossa cultura e da nossa história”, afirma.  

[VÍDEO]

Um país chamado Pará

"Eu sou de um país que se chama Pará". Foi assim que o poeta Ruy Barata respondeu ao tentar mensurar o caldeirão cultural onde nasceu e se formou como escritor. Quem também usa essa frase para explicar a carreira artística é Viviane Batidão. 

Viviane Batidão celebra melhor fase do pop amazônico e confessa: ‘Não quero que seja modinha’
Viviane Batidão celebra melhor fase do pop amazônico e confessa: ‘Não quero que seja modinha’
Foto: Divulgação/Alle Peixoto

Se hoje carrega o título de rainha do tecnomelody, ela explica que é porque se alimentou das referências ao seu redor desde o início da carreira.

"Eu não optei por ser cantora de melody, eu me tornei. Minhas referências sempre foram de artistas e música paraenses. Na periferia, no povão mesmo, pouco se ouvia essas referências do Sudeste. O que chegava para a gente forte eram canções caribenhas, latinas… E também já tínhamos o brega", lembra. 

A escolha artística pareceu fácil para Viviane. Aos 15 anos, quando decidiu cantar profissionalmente, ela optou por um repertório que passeava pelo merengue, cumbia, lambada e brega, claro. Até que, em 2007, com uma ajudinha do destino, gravou um tecnomelody e nunca mais parou. 

Olhando para trás, Viviane reconhece que encontrou dificuldades para furar a bolha nortista ao representar um ritmo carregado de identidade. Até mesmo seu nome artístico anuncia sua música. 'Batidão' é como uma assinatura dos cantores de tecnomelody, assim como os artistas de funk usam o 'MC'. 

"Nós tivemos a Joelma, que furou a bolha, mas foi somente a Joelma. Tivemos a Fafá, mas foi também somente a Fafá. Do nosso segmento do tecnomelody, poucas conseguiram. Agora, estamos nesse momento com mais mulheres se unindo e promovendo isso”, celebrou. Mesmo assim, Viviane garante que a dificuldade em sair do Pará e chegar no eixo Rio-SP não é um drama. 

“A gente tem esse universo muito próprio de movimentar a nossa música aqui. Já que não entramos em outros eixos, fazemos coisas bem diferentes para cá. É como se a gente dissesse: ‘Nós somos de um país chamado Pará’”, argumenta. 

E dentro desse 'país musical', as aparelhagens são fundamentais. "Bandas de brega, tecnobrega, tecnomelody... Todas têm as aparelhagens, que são as nossas rádios, quem distribui as nossas músicas. Então é difícil furar essa bolha. Está sendo um trabalho de formiguinha, em equipe", completa. 

'Não quero que seja modinha'

Viviane Batidão celebra melhor fase do pop amazônico e confessa: ‘Não quero que seja modinha’
Viviane Batidão celebra melhor fase do pop amazônico e confessa: ‘Não quero que seja modinha’
Foto: Divulgação/Alle Peixoto

O pop amazônico mostrou que sabe aproveitar as oportunidades e vive sua melhor fase, segundo Viviane. Houve um tempo em que os cantores de tecnomelody sequer faziam shows apenas com músicas de seu repertório. Hoje, o espetáculo autoral é realidade.

“Tivemos um período em que pensavam que o que é bom só vem de fora. Para poder fazer um show de qualidade e sermos validados como artista, precisávamos colocar o forró, o sertanejo, o arrocha, o pop e fazer uma misturada. Agora, a gente consegue fazer shows autorais. Subo num palco e levo um repertório só meu”, explica. 

“O brega é o que toca na periferia, o que faz a felicidade de um povo pobre, trabalhador, e as pessoas estão se orgulhando disso. De que adianta a gente estar aqui lutando, investindo, chorando, passando por cima de tantas coisas para defender uma cultura para o Brasil, se o povo daqui não defende? Precisava começar por aqui”, emenda.

Nesse sentido, a COP30 na capital paraense foi uma escolha acertada para retomar esse sentimento de orgulho e pertencimento da comunidade. 

“É como se a gente estivesse conquistando novos espaços, depois de tanto tempo sendo excluído e não valorizado. Agora, a gente leva nossa bandeira com orgulho e isso está acontecendo não só na música, mas também na culinária, no jeito de se vestir, nas joias artesanais da floresta… Antes não se via isso. Hoje, a gente tem orgulho de falar o nosso ‘égua’, de chiar. Estamos num momento glorioso, magnífico”, destaca.

Se antes os eventos importantes do Brasil ocorriam apenas em São Paulo ou no Rio de Janeiro, hoje, Belém também passa a integrar a rota de grandes programações mundiais. Sobre as polêmicas e críticas envolvendo a escolha, Viviane acredita ser um mero detalhe em meio a tanto saldo positivo. 

“Sofremos muito ‘hate’ de gente de fora falando mal da nossa terra, nos invisibilizando, querendo tirar a capacidade que nós temos. Mas estamos provando que somos capazes e a COP 30 vai ser um sucesso. Quem chega aqui fica encantado! O maior legado é esse: mostrar a capacidade que o Pará tem, cultural e ambiental”, argumenta.  

Com os dedos cruzados, a rainha do tecnomelody espera que quando a COP chegar ao fim, no dia 21 de novembro, o interesse pela cultura paraense permaneça vivo. 

“É só o começo. Nós, artistas, estamos agarrando essa oportunidade com unhas e dentes”, garante. Enquanto aproveita os frutos do hype, Viviane torce para a maré boa não passar. “Não quero que seja modinha. Quero que fique. Que o Brasil se apaixone pela cultura que tem, como aconteceu nos anos 1990 com a Bahia e o axé”, opina. 

Música inédita com Anitta foi cantada no Pará

A COP30 ainda nem começou, mas a programação de véspera já entregou momentos e encontros memoráveis. Seja Chris Martin caminhando tranquilamente pelo Jurunas, Mariah Carey no rio Guamá ou a Anitta apresentando uma música nova em tecnomelody com Viviane Batidão. Os momentos já marcaram o povo paraense. 

Parte do line-up do Global Citizen Festival, a cantora revela que já era fã da ‘Girl From Rio’ quando recebeu o convite para gravar uma faixa para o novo álbum dos Ensaios da Anitta, ainda sem data de lançamento. 

Viviane Batidão e Anitta apresentam 'Só Pra Tu'
Viviane Batidão e Anitta apresentam 'Só Pra Tu'
Foto: Reprodução/Instagram/@vivianebatidaoficial

“É um amor de muitos anos. Acompanho a carreira dela e tenho muito orgulho de ser fã. Quando ela veio a Belém, meus fãs fizeram campanha para eu abrir o show dela. Mas o convite surgiu mesmo com os Ensaios da Anitta deste ano, em São Luís, no Maranhão, que sempre me acolheu muito”, detalha. 

Ao chegar para a participação, Viviane conta que até arriscou levar um presente para Anitta, que foi gentil ao receber. Após a interação, a paraense confessa que se sentiu mais à vontade para tentar um novo contato. 

“No outro dia, falei com o Paulo Pimenta, da assessoria da Anitta, e pedi para agradecer a ela. Ele perguntou a ela se podia me passar o número, e ela liberou. Mandei mensagem e ela respondeu quase na hora! Fiquei apaixonada”, conta. 

Mais segura, Viviane resolveu arriscar: “Mandei outra mensagem dizendo: ‘o não eu tenho, mas eu vou correr atrás do sim. Se eu tiver uma oportunidade de fazer uma música com você, estou aqui à disposição’.” A poderosa topou a proposta sem titubear, mas a gravação mesmo ainda demorou a sair. 

A paraense lembra que chegou a enviar sugestões para Anitta e até pediu para o seu produtor musical dar um toque de tecnomelody em uma demo enviada pela carioca. “Misturamos o que ela pediu com a nossa sonoridade e saiu ‘Só pra tu’”, diz. 

A faixa foi apresentada em primeira mão durante a apresentação de Anitta no Global Citizen e já ganhou o público, que aposta no hit ‘chiclete’, de refrão divertido e com direito a trocadilho. 

Veja a apresentação

Fonte: Portal Terra
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