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Em feira de eletrônicos, marcas exibem tecnologia 'anti-covid'

Máscaras, purificadores e esterilizadores dividiram espaço na CES com robôs, gadgets e TVs de tela ultrafina

17 jan 2021 - 13h06
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A edição de 2021 da CES (Consumer Eletronics Show), maior feira de eletrônicos dos EUA, foi impactada pela covid-19. Acostumado a mostrar robôs, TVs ultrafinas e toda sorte de traquitana, o evento, que aconteceu totalmente online entre 11 a 14 de janeiro, incorporou máscaras futuristas e os mais variados tipos de purificadores e esterilizadores. Longe do glamour de Las Vegas, nos Estados Unidos, a "clean tech" (produtos tecnológicos de limpeza) teve destaque.

A Razer, por exemplo, anunciou uma máscara equipada com ventilador para regular o fluxo de ar, filtros e até um sistema de microfone e amplificador para melhorar a comunicação abafada pela proteção. O item é recarregável e promete filtrar "pelo menos 95% do ar", explicou a empresa. Já a LG lançou uma máscara que, segundo a empresa, é capaz de filtrar até 99,95% dos germes, vírus e bactérias do ar. A empresa também anunciou uma linha de geladeiras, a InstaView, que atende ao comando de voz para abrir a porta e esteriliza a água diretamente do filtro, por meio de luz ultravioleta.

A tecnologia, inclusive, foi bastante explorada pelos participantes da CES. A empresa chinesa de robótica UBTech lançou robôs que fazem a desinfecção do coronavírus — com 99,9% de eficácia, segundo a empresa — e de outras doenças por meio da luz ultravioleta e a Targus, de mochilas e acessórios, apostou em uma luminária que usa o mesmo recurso para esterilizar objetos. Tudo para agregar aos hábitos gerados no último ano.

A tendência não surpreendeu. Segundo Daniel Franulovic, diretor de Ecossistema de Inovação da Accenture Technology, a área da saúde já estava em pauta, mas um maior número de startups se voltou para a questão imediata nesta edição.

"A covid teve um impacto bastante relevante e a gente esperava ver como esses dispositivos responderiam a essas novas demandas e mudanças comportamentais", afirma Franulovic ao Estadão.

Nada de novo no front

Mas para Renato Franzin, professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), o fenômeno da clean tech tem maior efeito prático do que inovador. Segundo ele, os dispositivos estão adaptando tecnologias que já existiam, normalizando o que antes era considerado "neurótico".

"Há alguns anos existem as caixinhas com luz ultravioleta para esterilizar celular, por exemplo. Mas eram vistas como algo exagerado. Hoje, no nosso dia a dia é uma necessidade, que entrou na nossa rotina depois da covid. Isso traz um olhar comportamental, não é como se essa tecnologia fosse inventada para a doença".

O alerta para as medidas de distanciamento também apareceram — nada que já não estivesse recebendo investimentos antes da pandemia. A Alarm.com, por exemplo, apresentou uma campainha acionada sem as mãos. Já a Kohler adicionou na edição deste ano um vaso sanitário com sensor na descarga. Esse tipo de tecnologia pode incluir câmeras e sensores que identificam o movimento da mão ou do corpo para atender comandos simples.

Toda a empolgação com os produtos, porém, deve ser observada com calma: a maioria deles ainda não tem previsão de chegada ou sequer lançamento no Brasil. O grande volume de itens de saúde na CES reforça que a tecnologia está a serviço do combate ao vírus, mas que a boa e velha máscara no rosto e álcool gel na mão ainda não estão prontos para sair de cena.

*É estagiária, sob supervisão do editor Bruno Romani

Estadão
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