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Os problemas da safra agrícola em 2024 e seus desafios ao longo do ano

12 abr 2024 - 22h49
(atualizado às 23h06)
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Foto: Reprodução

O ano de 2024 trouxe uma série de desafios para o setor agrícola brasileiro. Desde mudanças climáticas a questões logísticas e jurídicas, agricultores enfrentam um cenário complexo que impacta significativamente suas operações. Mas, há oportunidades para reverter o cenário, sobretudo, a gestão eficiente e uso de tecnologias tanto para aumentar a produtividade quanto a rentabilidade

Como aponta relatório do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os efeitos do fenômeno climático El Niño se fizeram sentir no prognóstico das safras, principalmente, das regiões Sul, Norte e Centro-Oeste. Se, por um lado, houve excesso de chuvas em estados, como Rio Grande do Sul, as duas outras regiões sofreram com a escassez e a seca.

Só para ilustrar,  o atraso de 45 dias no regime de chuvas no início do período de plantio afetou produtores de grãos. Consequentemente, foi necessário recorrer ao replantio e novos desafios: as sementes enfrentaram dificuldades de germinação devido à falta de umidade. Algo que, inicialmente, pode-se rever com a titulação, cuja aplicabilidade aumenta a fertilidade do solo e a produção.

Mas, como uma espécie de efeito dominó, a quebra de safra afeta logística de armazenamento e escoamento eficientes, derrubando as margens de rentabilidade. Considerando a posição do Brasil entre os 10 maiores produtores agrícolas mundiais, vale analisar o panorama da agricultura, abrangendo desafios e, por que não (?), oportunidades.

Condições climáticas

Segundo levantamento do IBGE, a safra de cereais deve chegar a 303,4 toneladas em 2024, considerando oleaginosas, leguminosas e cereais. Parece muito (e é), mas o resultado é 3,8% inferior ao ano passado, equivalente a 12 milhões de toneladas a menos que a safra anterior. A redução, a princípio, reflete os problemas climáticos ocorridos ao longo de 2023.

Por exemplo, seca e calor nas regiões Norte e Centro-Oeste, ao mesmo tempo em que o Rio Grande do Sul sofreu com inundações. Consequentemente, houve queda na produção de culturas nestes estados, como mostram os números a seguir. A mais afetada pelos efeitos do fenômeno El Niño foi a soja, com decréscimo de 1% em relação ao ano passado, apesar do aumento de área plantada.

As alterações climáticas reduziram o potencial produtivo da leguminosa em boa parte das regiões produtoras, com isso, houve uma queda de 2,7% na quantidade produzida em relação ao último prognóstico. O mesmo ocorreu com o milho, cuja estimativa de produção beirava os 118 milhões de toneladas.

Embora apresente alta de 0,7% em relação a dezembro, a média total foi de queda de 10,2% em relação ao ano passado. Somado a isso, houve também a redução de quase 5% da área plantada, tanto de primeira quanto de segunda safra.

Uma alternativa viável neste sentido é a aplicação de tecnologias, como agricultura de precisão, automação e investimento na titulação do solo. A técnica determina, com precisão, os níveis de nutrientes essenciais no solo, como potássio, nitrogênio e fósforo. Isso se dá pelo monitoramento da saúde, bem como pela identificação de áreas com maior deficiência.

Assim, é possível desenvolver planos de fertilização mais adequados. Com isso, não só aumenta a produtividade, como também reduz custos e melhora a qualidade do solo.

Mas, há boas perspectivas

Na contramão das demais culturas, o algodão foi o único produto a atingir um recorde de produção. Primeiramente, as estimativas indicam uma safra projetada em 8,2 milhões de toneladas, ou seja, um acréscimo de 9,4% em relação ao terceiro prognóstico. Já em comparação com 2023, as análises iniciais indicaram crescimento de 5,8% na produção, além de maior área plantada (8,5%).

Vale lembrar que este é o segundo ano consecutivo em que o algodão atinge recorde de produção, pois em 2023, chegou a  7,7 milhões de toneladas. Muito disso vem da baixa rentabilidade dos preços do milho de segunda safra. Isso direcionou os investimentos para o algodão. Ademais, pela primeira vez em anos, houve um aumento de 3,1% na área plantada de arroz.

Essa ampliação, a princípio, se deve aos preços favoráveis do cereal. Por fim, as estimativas para a produção de café no Brasil apontam para um total de 3,5 milhões de toneladas, o equivalente a 59,1 milhões de sacas de 60 kg. Isso representa um acréscimo de 3,7% em relação a 2023, considerando as espécies do café arábica e canéfora.

Em detalhes, o primeiro deve somar 2,5 milhões de toneladas, registrando um aumento de 3,9% em relação ao ano passado. Já para o café canéfora, estima-se uma produção de 1,1 milhão de toneladas. Sendo assim, apresenta safra 3,4% maior que no ano passado.

Análises regionais

Em um panorama que abrange as cinco regiões do Brasil, apenas duas têm estimativa de alta nas safras agrícolas.

  • Sul: apesar do crescimento significativo de 12,5% nas estimativas de produção, apresentou queda de 2,6% na variação mensal.
  • Norte: ainda que modesto, também registra um aumento de 0,4% nas estimativas de produção nacional. Da mesma forma, a variação mensal tem alta de 3,4%.
  • Centro-Oeste: queda tanto na variação anual ( -11,6%) quanto mensal ( -0,6%).
  • Sudeste: apesar da estabilidade na variação mensal, apresenta queda de -5,7% nas estimativas anuais de produção nacional.
  • Nordeste: a região registra declínio de 1,6% na variação, assim como estimativa negativa de produção anual de 5,8%.

Do ponto de vista dos estados, o Mato Grosso lidera como o maior produtor nacional de grãos, mantendo a expressiva participação de 27,6%. Em segundo lugar vem o Paraná, com 14% da produção total. Em seguida, Rio Grande do Sul (13,3%), Goiás (10,2%), Mato Grosso do Sul (8,8%) e Minas Gerais (5,9%). Juntos, esses estados representam 79,8% do total produzido.

Desafios jurídicos e de gestão

Além das adversidades relacionadas às mudanças climáticas, a safra agrícola deve, ainda, sofrer impactos relativos à gestão. Um deles está na redução no valor das commodities, o que se abate diretamente na rentabilidade dos agricultores. Essa compressão na margem dos lucros se deve ao ajuste dos valores das commodities que, durante a pandemia, tiveram alta.

Como consequência, há diminuição da receita, enquanto os custos permanecem elevados. Logo, para gerir tais questões financeiras, vale aplicar estratégias como proteção de preços e gestão eficiente de custos. Somada a isso, existem incertezas jurídicas quanto a embates políticos que esbarram no segundo setor.

Por fim, as questões logísticas diretamente relacionadas à quebra de safra. Inicialmente, havia a expectativa de produção recorde o que, como vimos, não ocorreu em todas as culturas. Diante disso, há dificuldade no escoamento e armazenamento eficaz da produção. Ou seja, mais fatores que influenciam na margem de lucro do produtor.

Como se vê, os desafios são muitos e o cenário não é dos melhores, sobretudo porque as alterações climáticas devem persistir. No entanto, há medidas que podem garantir a estabilidade e crescimento sustentável. Deste modo, proteger uma das principais economias do país.

Fonte: Redação Terra
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