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Mundo

Apesar de ONGs, Itália convive com 'barcos fantasmas'

Pequenas embarcações de migrantes chegam quase todos os dias

30 jun 2019 - 14h11
(atualizado às 14h50)
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Enquanto o governo italiano comprava uma briga política para tentar impedir o desembarque de 53 migrantes resgatados pelo navio da ONG alemã Sea Watch, mais de 100 deslocados internacionais conseguiram chegar ao país usando "barcos fantasmas" e sem chamar atenção das autoridades.

"Barcos fantasmas" são usados para levar migrantes até a Itália
"Barcos fantasmas" são usados para levar migrantes até a Itália
Foto: ANSA / Ansa - Brasil

Durante toda a última semana, o caso Sea Watch dominou a pauta do governo e do noticiário, por representar a batalha do ministro do Interior e vice-premier Matteo Salvini contra as ONGs que atuam no Mediterrâneo.

Mas o volume de pessoas salvas pelas entidades humanitárias é muito menor do que o de migrantes que conseguem chegar à Itália por conta própria. Apenas neste domingo (30), uma pequena embarcação com 17 tunisianos atracou em Lampedusa sem ser impedida pelas autoridades - a ilha italiana fica a somente 100 quilômetros do país africano.

Esse contingente se soma aos cerca de 170 migrantes que fizeram a travessia em "barcos fantasmas" na semana passada, mais do que o triplo do número de pessoas resgatadas pela Sea Watch em 12 de junho, apesar da política de "portos fechados" do governo.

Não existem dados oficiais sobre esse tipo de viagem, mas, desde o começo de junho, pelo menos 375 pessoas chegaram à Itália usando barcos de pequenas dimensões ou botes infláveis, sem contar com a ajuda de ONGs ou de navios oficiais.

Os destinos costumam ser regiões como Sicília e Calábria, no sul da Itália, e os barcos não partem apenas do norte da África, mas também da Turquia, com o envolvimento de coiotes do leste europeu.

Migrantes e refugiados pagam milhares de dólares para subir em um desses barcos e, muitas vezes, são abandonados à deriva pelos traficantes de seres humanos. Desde o início do ano, ao menos 2,6 mil migrantes forçados desembarcaram na Itália, queda de 84,3% em relação ao mesmo período de 2018. Esse número, fornecido pelo Ministério do Interior, contempla todos os tipos de viagem.

Além dos "barcos fantasmas", 55 pessoas foram salvas neste domingo, nas proximidades de Lampedusa, pelo navio da ONG espanhola ProActiva Open Arms. O grupo foi transferido para uma embarcação da Guarda de Finanças da Itália, que o levará para terra firme.

Ansa - Brasil   
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