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Medalhista olímpica deixa o Irã e critica regime

14 jan 2020 - 15h50
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Atleta Kimia Alizadeh, bronze nas Olimpíadas do Rio, diz que esportistas são usados pela ditadura iraniana para propaganda política e denuncia opressão às mulheres. Enquanto decide seu futuro, ela treina na Holanda.A única medalhista olímpica feminina do Irã treina atualmente na cidade Eindhoven, na Holanda, após ter desertado seu país há várias semanas, afirmou a emissora holandesa NOS nesta segunda-feira (13/01).

Kimia Alizadeh é a única medalhista olímpica feminina do Irã
Kimia Alizadeh é a única medalhista olímpica feminina do Irã
Foto: DW / Deutsche Welle

A atleta do taekwondo Kimia Alizadeh conquistou a medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro, onde competiu com a cabeça coberta pelo véu islâmico aos 18 anos de idade.

Ela afirmou em redes sociais que deixou o país porque não queria mais ser usada pelas autoridades como ferramenta de propaganda do regime iraniano.

Alizadeh anunciou que deixou permanentemente seu país e criticou o que chamou de "hipocrisia" do sistema político do Irã que, segundo afirmou, humilha os atletas enquanto os utilizam para fins políticos.

"Devo começar com olá, adeus ou condolências?", escreveu no Instagram, enquanto seu país de origem sofria os abalos da derrubada acidental de um avião de passageiros ucraniano em Teerã que, matou as 176 pessoas a bordo.

"Ninguém me convidou para vir à Europa e não recebi nenhuma proposta tentadora. Mas, aceito a dor e as dificuldades de estar longe de casa porque não quis mais tomar parte nas hipocrisias, mentiras, injustiças e bajulações", escreveu a atleta no Instagram. Ela disse que não quer saber de nada mais do que "taekwondo, segurança e uma vida feliz e saudável".

"Sou uma das milhões de mulheres oprimidas no Irã, que eles manipulam há muitos anos", afirmou. "Vestia o que me mandavam e repetia o que me ordenavam. Cada frase que mandavam dizer eu repetia", escreveu.

Alizadeh diz que as autoridades iranianas atribuíam seu sucesso ao gerenciamento que faziam sobre sua carreira e ao fato de ela usar o véu islâmico, obrigatório para mulheres no Irã.

O treinador de Alizadeh, Mimoun El Boujjoufi, disse que ela se aproximou dele há cerca de um mês. "Ela treina conosco desde o dia 18 de dezembro", afirmou. Ele disse que a atleta chegou à Holanda com um visto, acompanhada de seu marido.

"Ela estava em férias na Europa, mas decidiu junto com seu parceiro, que não voltaria mais para o Irã", disse o treinador. "É claro que é bem-vinda aqui. Conhecemos suas qualidades. Ela é uma grande adição ao taekwondo da Holanda."

Boujjoufi diz que a atleta é mundialmente famosa entre os conhecedores do esporte. "É uma grande motivação para nosso grupo. Ela se sente bem aqui", afirmou.

Alizadeh não pretende competir pelo Irã nos Jogos Olímpicos de Tóquio e busca outro país para representar. O treinador diz que se ela quiser competir pela Holanda, terá de pedir asilo no país, o que, segundo ele, seria um "procedimento longo e complicado".

"Primeiro, ela quer garantir seu sustento antes de pensar no que fazer a seguir", disse Boujjoufi. Por hora, ela treina diariamente no Clube de Taekwondo de Eindhoven e evita a atenção da imprensa.

"Ela abandonou tudo e deixou para trás sua família no Irã. A situação é muito difícil para ela", observou. "Mas, ela é profissional", disse o treinador, elogiando sua dedicação ao esporte. "É muito determinada."

Ainda não está claro se Alizadeh foi contatada pelas autoridades da Holanda sobre um possível pedido de asilo. O Ministério holandês do Exterior não quis comentar o caso.

RC/rtr/afp

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