4Mitos de Angra

Aconteça o que acontecer, o material radioativo usado em usinas termonucleares como Angra não explode como bombas atômicas. José Manuel Diaz Francisco, coordenador de Comunicação e Segurança da Eletronuclear, explica que as armas de poderio letal utilizadas em Hiroshima e Nagasaki em 1945 possuem material enriquecido a 90%. O combustível das usinas é, no máximo, enriquecido a 5%, e o calor gerado dele não resulta na fusão nuclear devastadora da bomba, podendo ser facilmente controlado nos reatores. O pior que pode ocorrer em usinas é vazamento de material radioativo devido ao superaquecimento ou a explosões de outros materiais.

Foi isso que ocorreu nos mais graves acidentes nucleares já registrados na história, como o de Chernobyl, na antiga União Soviética e atual território da Ucrânia, em 1986. Pelo menos 50 pessoas morreram devido à exposição direta à radiação, a maioria trabalhadores da usina ou bombeiros que atuaram no resgate das vítimas após a explosão do reator 4, ocasionado pelo superaquecimento do grafite utilizado no processo de resfriamento. De acordo com Leonam dos Santos Guimarães, representante da Eletronuclear, é impossível comparar as usinas de Angra e Chernobyl, pois o sistema de geração de energia nuclear brasileiro é completamente diferente do soviético, já aposentado.

Algo mais próximo da realidade brasileira ocorreu em Three Mile End, nos Estados Unidos, em 1979. Uma série de falhas dos operadores da usina diante de um equipamento danificado ocasionou o superaquecimento do reator e fez derreter a primeira barreira de contenção, permitindo o vazamento de material altamente radioativo. Apesar da evacuação preventiva da cidade, não foi registrado nenhum ferimento grave em consequência do acidente. Os reatores PWR das usinas de Angra são do mesmo tipo e, de acordo com a Eletronuclear, já "passaram por medidas preventivas que impedem as falhas humanas e de equipamento causadoras do acidente".

foto: Felipe de Souza/Futura Press