3Segurança em Angra

Para prevenir falhas, as usinas estão programadas para responder a qualquer situação sem o auxílio humano. Se há falta de energia externa, por exemplo, os reatores são desativados e entram em modo de resfriamento. Foi o que ocorreu em 2009, quando um blecaute deixou dez Estados brasileiros sem luz: Angra parou automaticamente de alimentar a rede elétrica e passou a se autossuprir, ativando o sistema de resfriamento alimentado por geradores de segurança a diesel.

As abóbadas de 70 cm de espessura de concreto reforçado de Angra 1 e Angra 2 prometem resistir até mesmo a acidentes aéreos. A sala de controle é blindada por um esquema de segurança projetado inclusive contra ataques terroristas. Para entrar nas usinas, o visitante precisa ser identificado e ter a visita aprovada previamente, ter seus equipamentos autorizados e registrados, passar por detector de metais e detector de radiação. "Recebemos muitas pessoas que visitam outras usinas. Caso o visitante tenha sido contaminado em outro lugar, será detectado logo na entrada", afirma o técnico de operação Marcos Santoro.

Além do prédio de concreto, os reatores são envoltos por um cilindro de aço de 5 cm de espessura. Ninguém tem acesso ao local, a menos que seja necessário. Os funcionários que ingressam no prédio do reator vestem roupas especiais com um medidor de radioatividade para registrar a carga que recebem. Ao saírem, passam por uma câmara que acusa se foram expostos a cargas excessivas. Se isso ocorrer, a saída não é permitida até que passem por uma descontaminação.

Uma vez a cada 14 meses, os reatores são desligados para a troca de combustíveis. Os funcionários retiram os tubos cilíndricos de metal que guardam o urânio enriquecido e os depositam em uma piscina, onde permanecerão por décadas após a desativação das usinas, até que o material radioativo não represente mais perigo. Novos tubos cilíndricos são colocados, e a usina volta a operar.

foto: Felipe de Souza/Futura Press