Na reunião de Porto Alegre (Brasil), concebida como antítese do Fórum Econômico de Nova York, índios mexicanos, equatorianos, brasileiros e canadenses anunciaram que tentarão definir uma aliança de povos indígenas para exigir as patentes dos remédios que seus antecessores criaram há "mais de 10 mil anos".

O mexicano Aldo González, do Congresso Nacional Indígena de seu país, disse que a falta de reconhecimento das etnias como povos autônomos dentro de cada país permite que os governos concedam licenças de exploração em suas terras.

Essas licenças, segundo González, favorecem agora os grandes laboratórios e empresas, que buscam as plantas com as quais os índios elaboram seus remédios naturais.

"Primeiro chegam os antropólogos que querem conhecer nossa cultura e costumes, perguntando como preparamos nossos medicamentos, e depois aparecem as indústrias na busca de nossas plantas e com permissões de exploração", disse o mexicano.

Ele disse que o passo seguinte é o registro de determinado medicamento, que após ter sido usado durante milênios pelos índios, passa de um dia para outro a ser "propriedade" de algum grande laboratório.

Segundo González, "nas terras indígenas são guardadas muitas das matérias-primas que a globalização precisa para produzir suas riquezas".

O líder indígena mexicano sustentou que as leis internacionais sobre patentes se converteram nos modernos instrumentos de "saque" e "livre comércio alheio".

No Fórum Social Mundial, que começou na quinta-feira passada e termina na próxima terça-feira, participam 60 mil ativistas do movimento contra esta globalização desigual, que em Porto Alegre discutem sobre os mais delicados assuntos da realidade mundial sob o lema "um mundo melhor é possível".

EFE

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