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Índio não quer modelo de países que mataram suas tribos

Sexta, 01 de fevereiro de 2002, 21h26


O índio sul-mato-grossense Guilherme Fonseca é da aldeia dos Guato, que há sete anos recuperou suas terras na planície pantaneira. Fonseca está no 2º Fórum Social Mundial (FSM) para denunciar as políticas de compensação que buscam indenizar as famílias indígenas depois "de tirar duas terras". O representante da aldeia Uberaba Ilha Inçúa nasceu na cidade e agora tenta aprender a língua e a cultura dos antepassados. No Fórum, Fonseca só não quer que pessoas de outros países que "mataram todos os seus índios" ensinem como a tribo tem de agir para se preservar.

Terra - O que os indígenas brasileiros esperam do Fórum Social Mundial?
Guilherme da Fonseca
- Esperamos que realmente se consiga definir medidas práticas para a situação indígena. Não acreditamos que só discutir medidas compensatórias resolve. Vão continuar destruindo para depois pagar lá na frente. Nosso grito é contra o etnocídio e a matança dos povos e da cultura.

Terra - Qual a situação da tribo dos Guato no Mato Grosso do Sul?
Fonseca
- Estamos há sete anos reconstruindo uma aldeia, de onde fomos expulsos por 40 anos. Ela se chama aldeia Uberaba Ilha Inçúa, a 38 horas de viagem rio acima de Corumbá, na fronteira com a Bolívia, na Bacia do Paraguai.

Terra - Quantos índios ainda restam da formação original dos Guato?
Fonseca
- Temos catalogadas 500 pessoas, apenas 130 estão na aldeia e, destes, 20 falam a língua original, que é alvo da nossa maior luta. Queremos que a língua seja transmitida aos mais jovens.

Terra - Do que viviam e como sobrevivem, hoje?
Fonseca
- Sobreviviam da caça e pesca e do controle do parque ecológico, hoje conhecido como grande planície pantaneira, que lendariamente já foi registrado como o grande mar de charaés. Na região, habitaram os guaicuru, paiagós e os guato. Somos os remanescentes mais fortes.

Terra - Como será a discussão entre os mais de 250 índios que estarão no FSM?
Fonseca
- Não aceitaremos uma pauta definida se ela não vier ao encontro do que precisamos. Pior do que a expulsão das nossas terras é a autodiscriminação dos filhos dos guato que nascem na cidade com todo um padrão. Não acreditamos que o Fórum poderá nos impor um modelo de outros lugares para assumirmos como qualidade de vida.

Terra - Que padrão você acha que poderá ser colocado aqui?
Fonseca
- A chamada tecnicidade e até o avanço do mundo globalizado. Na hora de avaliar quem pode ditar regras, têm de ver quem mais preservou os índios. Países que mataram seus indígenas dificilmente vão poder ajudar um país que ainda continua a exterminar suas tribos.

Patrícia Comunello/Redação Terra

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