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Ecologistas propõem boicote a produtos fabricados nos EUA

Quarta, 30 de janeiro de 2002, 12h29


Durante o Fórum Preparatório à Rio+10, que termina hoje em Porto Alegre, foi lançado um manifesto com a proposta de boicotar diversos produtos fabricados por empresas norte-americanas.

A idéia do Núcleo de Ecojornalistas do Rio Grande do Sul (NEJ/RS), apoiada por várias entidades ambientalistas gaúchas, conforme o presidente do NEJ/RS, Juarez Tosi, é pressionar os EUA para mudar sua postura em relação ao Protocolo de Kyoto, que traz medidas contra o aquecimento global.

O manifesto está sendo apoiado por entidades como a Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan), Núcleo Amigos da Terra (NAT), Cooperativa Ecológica Coolméia, Pangea, Grupo Ecológico Sentinela dos Pampas, Amigos da Terra, Sea Shepherd, União Protetora do Ambiente Natural (Upan) e outras. Novas adesões de entidades nacionais e internacionais são esperadas durante o Fórum Social Mundial, que começa amanhã.

Leia abaixo a íntegra do Manifesto:

SALVE A VIDA NO PLANETA!
BOICOTE A PRODUTOS MADE IN USA

Uma ameaça paira sobre o mundo: o aquecimento global, causado pela emissão de poluentes pelos países ricos, está ampliando o chamado efeito estufa. Como resultado disto, já são visíveis as mudanças climáticas que vêm ocorrendo ao redor do planeta, com efeitos ainda pequenos perto de verdadeiras catástrofes que poderão advir se não forem tomadas providências imediatas e eficazes contra o uso irracional de recursos naturais,especialmente dos combustíveis fósseis.

No entanto, os países industrializados pouco têm feito para ajudar, e os Estados Unidos sequer aceitam assinar o Protocolo de Kyoto, que consideramos uma proposta modesta ante o problema.
Desde meados do século XIX, com a Revolução Industrial, acontecem emissões em grande escala na atmosfera de gases oriundos da queima de combustíveis fósseis. Em 1903, o químico sueco e Prêmio Nobel Svant August Arrhenius já dizia que a acumulação de dióxido de carbono na atmosfera provocaria o aquecimento global. Mas só em 1995 a ciência reconheceu oficialmente que o Homem interfere no clima.
Neste mesmo ano, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), grupo de cientistas estabelecido pela ONU, afirmou que "o balanço das evidências sugere que existe a influência do Homem sobre o clima global". O mesmo IPCC informa que se as emissões continuarem a crescer no ritmo atual, as concentrações de gases do efeito estufa podem dobrar por volta de 2080.
Tempestades, inundações, secas, maremotos, erosão das costas marítimas, desertificação, degelo das calotas polares, avanço das águas salgadas sobre as águas superficiais, morte das florestas, inundações das ilhas e dos países com terras mais baixas e o alastramento de doenças endêmicas como a malária e a dengue são cenários prováveis. Prevê-se, ainda, sérios problemas para a agricultura, milhões de refugiados ambientais e a morte de outros milhões de pessoas ao redor do mundo.
Desgraçadamente, como sempre, os povos mais pobres e mais desassistidos serão os mais afetados. Alguns destes efeitos já são parcialmente sentidos, como recordes de temperaturas, crescimento acentuado na freqüência e intensidade de chuvas em certas regiões, ondas de calor em outras, fogo nas florestas, inundações repentinas, furacões e tempestades tropicais. Mesmo invernos rigorosos como nunca se viu resultam do aquecimento global.
Os países industrializados são os principais responsáveis por tudo isto, com sua matriz energética centrada basicamente no petróleo, gás e carvão, e padrões de consumo que levam rapidamente ao esgotamento das possibilidades de absorção de seus rejeitos pelo meio ambiente. À frente deles, estão os Estados Unidos, país que sozinho é responsável por um terço das emissões mundiais de poluentes causadores do aquecimento global, e que dá as costas ao mundo em nome do crescimento econômico sem limites. Seu presidente, George W. Bush, recusa-se a assinar o Protocolo de Kyoto, uma tentativa concreta de enfrentar o efeito estufa. Sua posição é uma afronta à humanidade e um desrespeito ao ambiente mundial. Mais: sua disposição já manifestada de liberar a exploração de petróleo no Alaska e nas reservas florestais dos Estados Unidos é a demonstração eloqüente de que nem em relação ao seu próprio território existe qualquer preocupação com o equilíbrio ambiental. Tal arrogância não tem limites.
Além de ignorar o Protocolo de Kyoto, e assim levar outros países a fazerem o mesmo, os Estados Unidos ameaçam romper o Tratado de Mísseis Balísticos, que surgiu para impedir uma hecatombe nuclear; nos Bálcãs, no Iraque e no Afeganistão seus aviões lançam bombas com urânio que matam civis e semeiam o câncer; sua indústria bélica fomenta guerras por toda a parte e consome recursos que seriam suficientes para resolver grandes problemas do mundo como a doença e a fome; e suas multinacionais tentam impor o consumo de alimentos transgênicos nos demais países do globo.
Os EUA, por meio de sua influência assimétrica em instituições financeiras internacionais, como o Banco Mundial, têm grande responsabilidade na aprovação de projetos que agravam o aquecimento global e perpetuam a dependências das sociedades aos combustíveis fósseis como é o caso das novas explorações de petróleo, plantas termelétricas, gasodutos e oleodutos e dos megaprojetos de transporte rodoviário.
Por outro lado, boicotam o desenvolvimentos de certos setores, como o do aço, nos demais países, para proteger sua economia. Ainda, através de suas agências oficiais de crédito à exportação, os EUA e outros países industrializados transferem tecnologias obsoletas e indústrias poluentes que não os servem mais, aumentando assim a dívida externa dos países em desenvolvimento e, ao mesmo tempo, agravando a dívida ecológica que aguarda reconhecimento.
A postura de Mr. Bush e de seu governo é uma afronta à humanidade. Algo precisa ser feito, ninguém nem país nenhum tem o direito de pôr em risco a Terra que é de todos; ninguém pode ameaçar esta dádiva única no universo que é a vida.
Este manifesto é um apelo para uma reação pacífica, sem fronteiras e imediata. Já que os motivos para tanto desprezo pela natureza e pelo ser humano são econômicos, vamos reagir deixando de consumir produtos "made in USA".
O Fórum Social Mundial 2002 é o momento apropriado para que ONGs e instituições comprometidas com um novo mundo adotem esta bandeira. O boicote econômico é a oportunidade para que todas as pessoas de boa vontade, em qualquer lugar do mundo, participem de forma ativa desta luta contra a prepotência e a favor da vida. Só será possível uma sociedade planetária justa, solidária e em paz num planeta ambientalmente equilibrado.
Cidadãos e cidadãs do mundo, digam não a quem ameaça a vida na Terra!
Porto Alegre, janeiro de 2002
Assinam este documento:
Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan), Porto Alegre; Núcleo Amigos da Terra (NAT), Porto Alegre; Núcleo de Ecojornalistas do Rio Grande do Sul (NEJ/RS); Cooperativa Ecológica Coolméia, Porto Alegre; Pangea (RS); Grupo Ecológico Sentinela dos Pampas, Amigos da Terra Passo Fundo (RS); Sea Shepherd (RS); União Protetora do Ambiente Natural (Upan), São Leopoldo (RS); Movimento Roessler para Defesa Ambiental, Novo Hamburgo (RS); Centro de Estudos Ambientais (CEA), Pelotas (RS); Associação Ecológica Canela (Assecan), Canela (RS).

É sugerida uma lista com produtos "made in USA" que podem ser boicotados: Automóveis (Chevrolet, Ford, por exemplo); America OnLine (AOL) e
International Business Machines (IBM); viagens à Disney; Mcdonalds; revendas de combustíveis (Esso, Texaco, por exemplo); calçados (Nike, Reebok, por exemplo); Coca-Cola e Pepsi-Cola; cigarros; alimentos com transgênicos (batatas Pringles, por exemplo); companhias aéreas (American Airlines etc).

Redação Terra

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